33 - Conhecendo o Mundo Paralelo: a organização Ko-Ketsu

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Andamos muito pela cidade, e por onde passávamos, muitas pessoas faziam uma reverência ao meu pai, que respondia sempre com um sorriso simpático. Eu não estava acostumado com aquilo, mas me sentia mais protegido. Parecia que todos daquela cidade eram protetores nosso. E, de certo modo, eram.

Eu percebi que realmente não existiam carros em Firen. Nem motos ou caminhões, apenas bicicletas. Ainda assim era raro eu ver alguém usando uma. As pessoas gostavam de andar, estava na cara. Caminhavam lentamente pelas ruas estreitas e vielas de Firen, todas em um clima muito bom e animado. Até que, finalmente, encontramos uma coisa não muito boa.

A poucos metros à nossa frente, um homem robusto – postado ao lado de uma melancia esmagada no chão - ameaçava um rapaz magro que, provavelmente, vendia frutas, uma vez que ele estava atrás de uma barraca cheia de bananas, maçãs, uvas e melancias, em uma das ruas de cascalho. Muitas pessoas observavam a confusão, com medo e sem fazer nada. O homem forte o puxou pela blusa agressivamente, seu corpo inclinado acima da barraca, dizendo, em um tom selvagem:

- Quero meu dinheiro de volta!

- Não foi culpa minha ter caído, já que foi o senhor quem derrubou - o comerciante defendia-se calmamente, embora estivesse nitidamente assustado.

- Isso não importa! Eu paguei e quero a mercadoria!

- Mas senhor...

- "Mas" nada! - interrompeu-o o valentão.

O pobre homem ficou imóvel, seus olhos trêmulos e inquietos, até que o outro o largou. Este esperava que o comerciante lhe desse outra melancia ou o seu dinheiro, mas nada aconteceu.

De repente, o grandalhão derrubou a barraca de frutas do comerciante para frente e avançou contra ele, sem se importar em esmagar, com os pés, algumas maçãs; e deu-lhe um soco na cara, assim o derrubando no chão. O magro murmurou de dor, com a mão sobre a bochecha, e quando ia levar outro soco, meu pai já estava à sua frente, bloqueando o ataque do homem agressivo.

- Acho melhor parar - disse Tony, calmo e ameaçador; o comerciante ficou visivelmente aliviado, enquanto sentava-se perante as frutas no chão, a barraca caída à sua frente.

O valentão olhou para o meu pai, tentando disfarçar o medo, aparentemente o reconhecendo.

- Senhor Kido, m-me desculpe, acontece que...

Antes que ele pudesse terminar de falar, dois policiais já seguravam seu outro braço, o algemando com o braço que meu pai apertava.

- Acho que não é pra mim que você deve explicações - disse meu pai, ainda tranquilo. Fiquei impressionado com o seu modo de agir. Não digo sua velocidade, mas sim a sua atitude, calma e serena.

Os policiais - que tinham seu fardamento completamente preto - conduziram o sujeito até uma simples viatura do outro lado da rua - o primeiro carro que eu havia visto - e o colocou no camburão, levando-o para, provavelmente, a delegacia.

- Muito obrigado, senhor - disse o bom homem ao Tony, ainda assustado.

- Não tem de quê - sorriu meu pai, virando-se e o ajudando a levantar a barraca de madeira. Outras pessoas que estavam por perto também ajudaram o comerciante a colocar as frutas de volta no lugar, enquanto meu pai vinha até mim, como se nada tivesse acontecido.

- Vamos?


Depois de andar bastante pelas ruas estreitas preenchidas por pessoas, finalmente chegamos em uma zona da cidade onde havia edifícios de três ou quatro andares, rodeados por belas árvores bem cuidadas, que deixavam o bairro com um ar de tranquilidade. Entre os prédios, um se destacava. E foi até ele que caminhamos.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora