No caminho pra escola

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O gatinho começou a caminhar do meu lado, era uma boa companhia, não podia falar, mas podia me ouvir.

— Você me parece família, sabia? – e realmente parecia que o conhecia de outra vida. Ele caminhava como se fosse o dono do mundo, cheio de si, talvez todos os gatos fossem assim tão confiantes.

— Estou com medo de enlouquecer, gatinho. – falei e olhei pra ele, ele parecia não se importar. – E meu irmão está doente. – ele olhou pra mim nesse momento e olhou para trás, achei aquela atitude estranha principalmente porque por um segundo a expressão do gato pareceu preocupada. Mas provavelmente era apenas minha imaginação, ele apenas saiu correndo como se algo o tivesse assustado e desapareceu.

— Ei garota dos olhos de botões. – olhei pro lugar de onde vinha aquela voz.

Jack estava encostado em um carro preto, ele estava de óculos escuro e com os braços cruzados, e o sorriso de lado como sempre. Como sempre ele aparecia de repente.

— O que você quer, cara de esqueleto? – decidi que aquele seria seu apelido oficial. E tinha quase certeza que já tinha ouvido alguém me chamar de "olhos de botões".

— Só quero oferecer uma carona. Vamos, entra no carro. – ele falou aquilo e já foi logo entrando no carro. Eu não entraria naquele carro com aquele garoto nem que o mundo estivesse pegando fogo.

— Você ao menos tem idade para dirigir? E de quem diabos é esse carro? – indaguei sem sair do lugar.

— Primeiro: Eu faço o que quiser. Segundo: Esse carro é meu. Pode entrar sem medo, vamos direto pra escola. – ele sorriu, dessa vez o sorriso dele era divertido.

Pensei um pouco antes de decidir entrar no carro, seria bom chegar lá com alguém que já conhecia todo mundo, mas talvez não fosse tão bom assim ser uma pessoa que parecia ser odiado por todos, mas de qualquer forma só o fato dele não se dá com minha prima Rowena então já poderia considerar a ideia de ser amigo daquele garoto estranho. Mas também pensei nas vizinhas Amanda's que parecia não confiar no Jack, mas quem confiaria em qualquer pessoa que fosse? Todos aqui pareciam ser cautelosos, então eu deveria fazer o mesmo, mas decidi aceitar a carona. Isso não iria matar ninguém.

— Certo, mas não venha com gracinhas que não tenho paciência pra isso. – falei e entrei no carro, coloquei o cinto de segurança, não sabia o quanto esse cara de esqueleto sabia dirigir.

Ele saiu e então me segurei, parecia que estava querendo me impressionar ou algo assim, estava veloz, mas por sorte ou sei lá, tudo parecia tão deserto, talvez fosse pelo tempo nublado e aparência de tempestade.

— Eu colocaria uma música mas a escola fica bem perto, não é nem um tempo de uma música completa. – ele falou e deu um sorrisão pra mim. – Tá gostando?

— O que? – falei irritada. – Só quero chegar viva.
— Não se preocupe boneca, você vai chegar bem viva e ainda com a bola toda por chegar comigo. – ele nunca pareceu tão convencido e aquilo me irritou.

— Pelo que sei ninguém nem gosta de você. – falei demonstrando minha irritação por ele se achar demais.

— Aqueles bobocas são uns retardados sem noção. – ele me olhou rapidamente e então voltou o olhar pra pista. – Principalmente seu queridinho garoto fantasma.

— Rudy? – até mencionar o nome dele agora parecia estranho, parecia cada vez mais distante.

— Ele é o maior panaca de todos, não passa de um pau mandado da Monstrarella. – finalmente chegamos a escola, ele estacionou o carro e tirou os óculos escuro. – Se você me der uma chance vai conhecer pessoas legais de verdade.

— O que você quer dizer? – perguntei ainda confusa e com medo de sair do carro pra enfrentar aquela nova realidade.

— O que eu quero dizer é que: Você tem que andar com alguém da qual a Dra Elza não pode manipular, principalmente nessa escola. – ele apontou com a cabeça pra escola e viu meu olhar de confusão. – A Dra Elza é muitas coisas nessa cidade, é o mundo dela, ela também é diretora dessa escola. O que estou querendo dizer é que muitos dos seus amigos são uns avoados agora, mas uma pequena parte não é, e eu faço parte dessa pequena parte, sou o líder na realidade.

Definitivamente não estava entendendo nada do que ele estava falando, nem onde queria chegar, a forma como ele falava era como se todos estivessem dentro de uma grande conspiração onde a Dra Elza era o monstro escondido. Aquela parte sobre ela ser um monstro não poderia negar, ela me assustava, algo nela e agora saber que ela era a diretora da escola me fez ficar com um pouco mais de medo.

Respirei fundo e olhei nos olhos negros que pareciam abismos me encarando, por mais que achasse Jack um grande babaca, algo nele parecia absurdamente irresistível.

— Okay, cara de esqueleto, aceito ser sua amiga. – as palavras quase não saíram.

— Fantástico! – ele falou e saiu do carro, sai junto com ele e paramos lado a lado. — Agora porque você não muda esse apelido tosco e passa a me chamar de, sei lá, "meu namorado lindo e gostoso"?

— Vai sonhando.

Ele sorriu e jogou o braço por cima dos meus ombros, dei um chega pra lá nele que se afastou sorrindo com a brincadeira.

— Você nunca vai ser meu namorado. – falei e comecei a andar deixando ele pra trás.

— Veremos. – ele gritou, olhei pra trás e ele estava sorrindo, então resmunguei "babaca" e segui pra dentro da escola tentando disfarçar o medo do que estava me esperando. 

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