Capítulo 32 - Perdão forçado

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 Não posso acreditar que você esteja levando a Mary tão a sério para expulsar o Ryan! – MacGilleain reclamava em altos brandos na ala especial do D4. – Está ouvindo, Chris?!

- Cala a boca, Adam! – Resmungou o líder dos Dragões, que desde o começo olhava pela janela sem demonstrar reação alguma com as broncas do amigo. – Você é irritante com esses seus sermões!

- Eu estou preocupado! Você nunca foi tão radical antes! – Vermelho de raiva por não ser escutado, o Dragão da Lufa-lufa se afastou, tentando se acalmar.

- Chris – foi a vez de Nissenson tentar algo, – eu sei que o Ryan não agiu da melhor forma com você, mas... – ele largou uma revista aberta na frente do amigo– Entenda os motivos dele.

Doumajyd limita-se a olhar por cima a grande foto da reportagem e a manchete em letras garrafais, então a jogou longe com um mínimo gesto de varinha.

- Acorda, Chris! – Nissenson também já estava em seu limite. – Você sabe que Ryan sempre foi o mais sentimental de todos nós! Isso deve ter arrasado com ele!

Doumajyd permaneceu impassível, sem olhar para nenhum deles.

- Para mim já chega! – Explodiu Nissenson, saindo da ala.

- Pense bem no que está fazendo, Chris! – MacGilleain pediu, antes de sair seguindo o amigo e deixando Doumajyd sozinho.

***

- Depois daquilo, o Kevin não fala mais comigo... – ainda choramingava Vicky, sentada entre as plantas, como se fosse um dos grandes vasos, suspirando ao invés de fazer o seu habitual trabalho na estufa.

- Me desculpe, Vicky, eu não deveria ter aceitado desde o começo – Mary pediu pela milésima vez, varrendo o chão no lugar da amiga. – Doumajyd fez uma coisa horrível e ainda age como se fosse uma vítima de tudo! É inacreditável! – Ela começou a varrer com mais força, como se imaginasse que o chão fosse o dragão. – Ele é um egoísta, idiota e de cabelo estranho!

Vicky deu um sorriso triste olhando a cena:

- Você tem sorte, Mary...

- Sorte?

- Qualquer um deles que você escolher, Dragão Ditador de Cabelo Estranho ou Cavaleiro de Olhos Frios, vai acabar ficando com um cara legal...

Mary parou de varrer e se escorou na vassoura, também desanimada, ciente de que nada do que dissesse curaria a tristeza da amiga.

***

Mary combinara de sair com Hainault em Hogsmeade no domingo, logo após almoço. Para não dar mais motivos para Doumajyd ou o pessoal da escola falar deles, acordaram de se encontrar em uma livraria, o lugar mais difícil de se deparar com alunos de Hogwarts na cidade.

Apesar de não ser necessariamente a primeira vez que Mary ia a um encontro – afinal, o dia na neve e o zoológico contavam –, ela estava animada como nunca esteve com um. Não seria um desastre como os outros, por que agora não era Doumajyd quem ficaria a arrastando pelas ruas, mas estaria com Ryan Hainault. A ocasião pedia uma produção diferenciada. Finalmente ela tirou do seu malão uma saia que sua mãe lhe dera nas férias, para usar em ocasiões especiais. Mary nunca fora muito fã de rosa ou fitas, coisa que sobravam naquela saia, mas era a melhor opção que ela tinha. Também conseguira fazer um penteado legal em seu cabelo com a ajuda da varinha, muito melhor do que o que ganhara na mansão Doumajyd.

Ela olhou satisfeita para o espelho, aprovando o resultado. Porém, logo seus pensamentos felizes caíram por terra quando ela viu o reflexo de seu dormitório. Lá estavam todas as coisas que Doumajyd havia lhe dado e as quais ela não podia fazer nada a respeito.

Tentando não pensar mais nisso, apressou-se em pegar todas as suas coisas para sair de uma vez, e na afobação algo rolou pelo chão e voltou para ela logo em seguida. A esfera de Doumajyd não saia mais de seu bolso, e não aceitava ser deixada para trás, como se estivesse zangada por ter sido extraviada uma vez. Em uma última tentativa, Mary a jogou dentro de uma gaveta, a fechando logo em seguida com o encantamento de tranca mais forte que conhecia. A gaveta ainda estremeceu por um tempo, com o esforço da esfera em fugir, mas logo ela desistiu e parou.

Satisfeita por ter conseguido derrotar a esfera insistente, Mary saiu contente para o seu encontro.

Porém, ao pisar fora da sua sala comunal, deu de frente com um Doumajyd sinistro, escorado em uma estátua e parecendo estar ali havia horas, esperando pela saída dela.

- Aonde você vai toda arrumada?! – Ele exigiu saber, praticamente rosnando.

- Não é da sua conta!

E ela foi para passar por ele, mas o dragão fechou o seu caminho.

- Me deixa! – Mary exigiu, tentando o empurrar com toda a sua força, e ele permaneceu imóvel. – Vou sair com o Ryan! Satisfeito?! Agora me deixa passar!

Pela surpresa momentânea que ele teve com a resposta, ela conseguiu passar. Mas, antes de ter o mesmo sucesso em sair correndo, ele agarrou seu braço, quase a fazendo cair de costas no chão.

- O que está fazendo, Idiota?! Me solta!

- Se você pedir desculpas agora, eu a perdôo!

- Está delirando?! – Ela se debateu tentando escapar. – Não tenho que pedir desculpas!

- Estou dizendo que darei uma última chance para você, Weed! Desista do Ryan!

- Por que eu deveria ouvir você?!

- Você deve sempre me ouvir!

Aquilo fora demais para Mary que o chutou na canela, fazendo com ele a largasse:

- ESTOU CHEIA DE TER QUE ATENDER AOS SEUS PEDIDOS EGOÍSTAS! – E fugiu correndo ainda gritando. – VOCÊ NÃO MANDA EM MIM, IDIOTA!

Doumajyd permaneceu no mesmo lugar, segurando a canela dolorida.

- Por que você não entende? – Ele resmungou, com uma careta de dor, e saiu furioso por outro corredor, mancando.

Nenhum dos dois percebera apresença de Sarah Swan escondida atrás de uma tapeçaria, divertindo-se com todaa cena.    

Entre Doces e DragõesWhere stories live. Discover now