Capítulo 20 - Quando menos se espera

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Vicky procurou por Mary fora do clube até encontrá-la sentada em um banco debaixo do sol fraco de prévia de primavera, tentando esquentar as mãos esfregando-as uma nas outras.

- Algo errado, Mary?

Ela levantou o rosto e sorriu para a amiga, de um jeito triste que não era comum dela. Vicky, preocupada, se sentou ao seu lado, dizendo:

- E aquela animação toda de antes? A Mary Ann Weed que eu conheço não desiste de provar a inocência de alguém, ainda mais se for a dela mesma!

- Eu não desisti.

- Então o que aconteceu?

- Sabe, Vicky... Eu realmente gostei do Ryan Hainault.

- Eu sei muito bem disso, sou sua testemunha.

- Até recentemente, eu achava que nunca iria pensar tanto em outro garoto como pensava nele... Mas... hoje, quando eu vi Doumajyd e Sarah juntos... Eu sei que eles estavam tentando descobrir a verdade também, mas... De certa forma, eu me senti mal. Não pela Sarah estar ajudando Doumajyd ao invés de me apoiar, mas... Eu não pude evitar de me sentir magoada por ele estar com outra garota, depois de tudo o que ele disse para mim...

Vicky riu e passou a olhar o movimento da rua, enquanto falava:

- Eu acho que pessoas determinadas demoram mais do que as outras para perceber seus próprios sentimentos.

- Sentimentos?... Meus sentimentos?! – Mary entendeu o que a amiga estava falando. – De jeito nenhum! Por ele?! Eu nunca iria... Que droga, Vicky, eu só... É que ele... Ah, esquece!

Vicky riu alto enquanto Mary, constrangida, ficava vermelha até as orelhas. Mas no mesmo instante uma coruja de Hogwarts pousou majestosamente na frente delas e deixou cair um pergaminho. Sem perder tempo, e se aproveitando para fugir da situação, Mary o pegou e o desenrolou o mais rápido que seus dedos gelados permitiam.

- É da Sarah! – O rosto dela se iluminava conforme ia lendo. – Ela diz que Doumajyd esta disposto a fazer as pazes comigo e esquecer tudo!... Eu preciso voltar para Hogwarts, Vicky! Avisa o Nissenson para mim?

- Mary, espera!

Mas já era tarde. Antes mesmo de a coruja voltar a levantar vôo, Mary já corria desembalada pelas ruas de Hogsmeade.

***

MacGilleain, totalmente contrariado, ajudava a professora Karoline a limpar a estufa, enquanto ela tagarelava alegremente:

- Humanos são seres terríveis, não? Uns traem os outros... Um homem que eu uma vez amei era conhecido por ter duas faces. De dia ele era um trabalhador sério e honesto, mas a noite era um abusado. Uma vez esbarrei com ele em um bar. Estava bêbado e fazendo absurdos que eu não tenho coragem nem de mencionar.

- Mas isso é normal hoje em dia – comentou MacGilleain levantando as cadeiras e as colocando em cima da mesa. – Pessoas que fingem ser o que não são.

- Pode ser, mas não é nada bom para quem confia nessas pessoas... Aquele homem me enganou completamente! E eu era uma garota tão ingênua!

O dragão a encarou franzindo a testa, como se tentasse imaginar como a professora um dia poderia ter sido ingênua. Mas, no mesmo instante ela se atrapalhou em guardar alguns potes de doces no armário e vários deles caíram no chão, praticamente fazendo a limpeza voltar ao zero.

- Aaaaah, não! – Exclamou a professora desesperada, olhando o estrago de doces nas suas vestes.

- Calma – ele apressou-se em ajudá-la, tirando do seu bolso um lenço.

Entre Doces e DragõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora