Capítulo 12 - O Máscara de Tigre

20 0 2
                                    

- Por quê? – Mary Ann avançou cautelosamente e até onde Doumajyd estava.

Ou por ela ter se aproximado devagar, ou por ele estar com tanto frio que não tinha tempo para reparar em outras coisas, o dragão não a notou até que Mary falou:

- Oi...

- WEED! – Ele se sobressaltou ao vê-la e correu até ela, praticamente rugindo seu nome.

Assustada com o movimento brusco dele, ela se encolheu, achando que ele estaria com tanta raiva que seria capaz de espancá-la ali mesmo. Mas o que ela sentiu foi um abraço apertado e uma voz tremida sussurrando perto da sua orelha:

- Frio...

Mary abriu os olhos e se viu sendo abraçada por um Doumajyd gelado até as pontas dos cabelos rebeldes e ficou totalmente sem reação. Porém, isso foi apenas momentâneo. Logo ela se deu conta de que aquilo ia contra todos os seus padrões de realidade e se livrou dos braços dele gritando indignada:

- Pa-pare com isso!... O que pensa que está fazendo?!

Ele também parecia ter se dado conta do que tinha feito e tentou disfarçar, procurando aquecer as mãos esfregando uma na outra:

- Bom, ainda bem que não houve nada com você.

- Algo comigo?

- Fiquei preocupado! – Ele exclamou, demonstrando todo o seu aborrecimento por estar há quatro horas parado no mesmo lugar, esperando, com o extra da neve que começara a cai. – Achei que talvez tivesse sofrido um acidente ou algo assim!

- Achou? – Perguntou ela em um sussurro, retomando todo o seu pensamento que fora cortado com a visão dele na praça.

Então ele estava mesmo esperando por ela? Não era mais uma que o D4 estava aprontando, ele realmente tinha falado sério?

- E posso saber o motivo de você estar tão atrasada?! – Doumajyd questionou, erguendo mais o casaco para cobrir o pescoço. – Se você não me der uma boa razão, vou te matar!

- Eu não disse que viria! – Ela defendeu-se da ameaça.

O dragão ficou desconcertado por um momento com a resposta, como se nunca tivesse passado pela cabeça dele tal possibilidade, e então disse, mais sem graça do que nervoso:

- Mas você veio, não veio?

- Mas isso porque eu-

- Será que sou tão irresistível assim? – Cortou ele, em um tom desdenhoso.

Revoltada ao ponto de nem conseguir dar uma resposta mal educada para aquilo, Mary deu meia volta e saiu de perto dele. Iria voltar para loja e passar um final de tarde se divertindo com Vicky e tentando ao máximo esquecer que existia um Doumajyd no mundo. Ela ainda o ouviu chamar por ela e a ameaçando caso não voltasse imediatamente:

- WEED! SE VOCÊ NÃO AAAATCHIIMM!

Mary olhou para trás e o viu espirrar mais três vezes. Tonto e desorientado com a força dos espirros, ele foi obrigado a se apoiar na estátua, visivelmente tremendo mais ainda.

Então uma vozinha no fundo da cabeça de Mary lhe disse que ela era em parte culpada por aquilo, que deveria ter esclarecido as coisas no dia anterior ou que, no mínimo, deveria ter vindo conferir se ele realmente estava ali mais cedo, antes da neve gelada começar a cair. Então, com raiva de si mesma por estar sendo boa com alguém que não merecia isso dela, voltou até ele e disse:

- Como se considera um bruxo prestes a se formar na maior escola de magia a bruxaria do mundo se nem ao menos sabe um feitiço para aquecer as roupas e mantê-las protegidas contra a neve?

Entre Doces e DragõesWhere stories live. Discover now