-Agente Handrick, essa decisão não é sua, e acredito que a Morgan saiba muito bem se cuidar. - murmura Miller.

-E se algo acontecer? Como vamos saber? - questiona ele.

-Não saberemos, a menos que ela dê um jeito.

-Então vamos contar com a famosa "criatividade"? - debocha Noah.

-Ideia melhor?

-Precisamos fazer com que ele confie em você, Natasha. - diz Jack.

-Acho que a minha palavra não bastaria. - digo. - Ainda mais depois desse telefone, ele claramente percebeu o meu tom.

-O que ele pedir, você vai fazer. Precisamos estar por perto  e saber de tudo o que ele planeja.  - diz Miller.

-Se tudo der errado, sua influência sobre as pessoas vai garantir que pelo menos algumas não morram. - acrescenta Jack.

-Tem certeza disso? - sussurra Alfie.

-Sim. - respondo no mesmo tom.

-Só me promete que não vai correr riscos desnecessários, e muito menos sozinha.

-Nós já falamos sobre isso...

-Me prometa, Natasha.

-Esta bem... prometo. -digo, levantando da cadeira. - Antes de sair, vou colocar uma roupa mais confortável.

      Saio da cozinha, ainda ouvindo os murmúrios de cada um, preocupados com o que poderia acontecer. Mas a realidade é que nenhum deles poderiam fazer mais nada, pelo menos não agora.
        Troco meu shorts por uma calça legging negra, e permaneço com a camisa xadrez de Alfie que me apropriei e que  com a ajuda de Diana, customizei.  Ouço batidas na porta, e enquanto calçava minhas botas, dei permissão para entrar.

-Olha só quem apareceu? - brinco, vendo a expressão triste no rosto de Simon.

-Vim me despedir.

-Não é como se eu fosse morrer, Simon.

-Não quis dizer isso.

-Fica tranquilo, sei disso... como você está?

-Bem.

    Reviro os olhos.

-Tenho cara de trouxa, Simon?

      Pela primeira vez desde que chegou à aquele cômodo, ele ri e me abraça de lado. Olho para meu relógio de pulso, vendo o quanto estava atrasada. A base era um pouco longe da cidade, portanto, se quissesse chegar no horário, deveria partir imediatamente.

-Tenho que ir.

-Tome cuidado.

-Eu sempre tomo.

-Me faça rir varporzinho. - diz sarcástico.

-Não me chame assim, quatro olhos.

-Eu uso lente de contato.

-Era pra fazer diferença?

-Você não tinha que ir?

-Está me expulsando? - questiono brincalhona.

-Vai logo, ou vai se atrasar.

-Tchau e... Simon...?

-O que?

-Sinceramente... acho que nem tudo foi mentira.

-Ela mesma disse que foi tudo uma farça.

-Eu tenho dom da mentira, lembra? Sei quando alguém mente, ou me esconde alguma coisa.

-Acho que isso não funcionou muito bem com ela.

      Dou de ombros.

-Não uso meus dons contra os meus amigos... bom... pelo menos evito usar... e ela é minha amiga.

-"É"?

-Como já disse, nem tudo foi mentira.

-Ela te incriminou.

-E á odeio por isso. Mas uma parte de mim... ainda gosta dela, entende?

-Sinto a mesma coisa. E você está ficando muito sentimental, Morgan.

-Cala essa boca.  É coisa daquele caipira idiota. - murmuro sem paciência.

-Ele te faz bem.

-Ela também te fazia bem.

(...)

     Reviro os olhos, vendo uma van preta parar logo a minha frente, numa freada brusca. Como de costume, e sem nenhuma delicadeza, sou puxada para dentro pelos brutamontes acefalados de Dylan. Quase que instantaneamente o carro volta a acelerar, me deixando observar o ambiente a minha volta. Toda a turma de Dylan estava lá, apontando suas armas para mim.

-Por que as armas? Não estamos do mesmo lado? - indago, escondendo o sarcasmo.

-Não, você só está nos ajudando. - responde Alex.

-Eu não diria isso.

-O que quer dizer? - indaga Dylan.

-Que estou do lado de vocês.

      Ele ri debochante.

-Estou falando sério.

-E o porquê dessa escolha repentina? - indaga Clara.

-Só quero garantir que aqueles que amo estejam bem. - digo, dando de ombros. - Além disso, vocês podem não fazer o meu estilo, mas prefiro ficar do lado do vencedor.

       Dylan sorri, arrogante. Apesar disso, seus olhos diziam não acreditar em nenhuma palavra minha.

-Onde estou indo? - indago, vendo o carro diminuir a velocidade.

-Não podemos dizer, você logo saberá e antes disso, precisamos te revistar. - murmura Aline.

     As portas são abertas e assim que meus olhos atingem o lado de fora da Van, meu cerebro imediatamente reconhece aquele lugar. Estive ali a muitos anos atrás.

-Vamos! - murmura Lucas, me empurrando com força.

     Faço uma careta e abano a cabeça, tentando esquecer a ideia de mata-lo.
      Passo pelos corredores movimentados, sendo guiada pela turminha do mal até a sala onde esperariamos que o "show" começasse.

-Pensei que o Jornal Storm fosse um programa de fofocas. - murmuro confusa.

-E é, mas também servirá para o que desejamos. - responde Clara.

-Você vai vestir isso. - fala Aline, apontando  o vestido azul estendido no sofá.

-Nunca.

-Colabore. - diz Alex, sem paciência.

-Faz diferença? É só um vestido!

-Você disse que está do nosso lado,  comece a provar colocando o vestido. - intervém Dylan.

     Suspiro frustada.

-Esse vestido é horrível. - sussurro.

-Tem um provador logo ali no canto.

-Mas antes, Clara vai te desarmar. - diz Alex.

-Não estou armada. - digo.

-E nós somos os bonzinhos da história. - ironiza Dylan.

       Reviros os olhos e ergo as mãos, ouvindo o barulho das minhas armas e facas caindo no chão enquanto Clara me revistava.

-Ok, isso é cientificamente impossível! - murmura Lucas.

-São dez facas e seis armas. - conta Clara.

-Onde estava tudo isso? - murmura Aline.

-E depois diz que esta " do nosso lado". - fala Alex.

   Dou de ombros.

-Não é nada pessoal. E só pra constar, cinco das armas são minúsculas.

-







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