Respirar-te

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E, de repente conseguia respirar. Conseguia fechar os olhos e ser embalada pela noite. Conseguia viver.
De repente, apareceste, e tudo mudou. Um som não era um som, era uma melodia. Uma luz não era uma luz, era uma estrela. Eu não era eu... eu era feliz.
Como um sopro de vida, deixaste-me respirar-te. Invadiste o meu corpo, tornaste-te parte de mim. Não, de vida não, de morte. Tu foste um cigarro divinamente doloroso. Um prazer que não existe sem a eventual dor. Viciei-me estupidamente. Ingénua, acreditava que te poderia largar a qualquer momento. Acreditava que amar-te era simples. Travava o ar do meu cigarro sem esforço, e deixava-me os meus pulmões respirarem toxinas saborosamente amargas.
Mas o que fazer? As tuas mentiras alimentavam-me. Os teus sorriso iludiam-me. Tu, tu não me trazias felicidade, achei que sim durante muito tempo, contudo agora compreendo que apenas retiravas efemeramente a dor.
Como poderia eu perceber naquela altura? Como poderia alguém perceber? Só eu e tu sabemos. Falamos a nossa linguagem. Uma linguagem arcaica, secreta, incompreensível, muda... na qual letras, palavras, frase e sons não representam nada. Comunicamos através de olhares, toques, sorrisos e distâncias...
Porque é que eu estou a escrever isto? Tu saíste da minha vida. Tu corrompeste tudo o que eu amava. Tu mutilaste aquilo que eras. E quantos erros e humilhações eu perdoei? Quantos vezes negligenciei tudo aquilo que eu acreditava de modo a permanecer contigo? E tu? Tu nem te dignaste a continuar a ser aquele por quem eu estava a ficar. Tornaste-te frio, amavas-me quando me magoavas, odiavas-me quando me fazias feliz. Agora, tu não estás cá. Tu não és tu.
Eu estou apaixonada por uma memória. Tu tornaste-te numa mentira. Tu deixaste ser meu.

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⏰ Last updated: Feb 23, 2018 ⏰

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Sweet Lies Help Me BreathWhere stories live. Discover now