Capítulo 4

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No dia seguinte veio um homem. Pela conversa com os mais velhos parecia ser alguém da família que morava na vila próxima. Trazia mantimentos. Realmente, aquelas pessoas não podiam sair da casa do pântano. Hykaru só não entendia ainda porquê. Deitou-se novamente e ficou lembrando dos acontecimentos da madrugada. Damra, tinha ido até seu quarto.

O jovem dragão não conseguia dormir quando viu a porta se abrir. Fingiu de olhos fechados, mas percebeu que foi o rapaz que entrou. Ele tinha a pele mais clara que a irmã. Cabelos castanhos claros compridos. Suas feições eram bem delicadas. Tanto que quando chegou naquela casa acreditou que eram duas meninas.

Damra deitou-se do lado de Hykaru e começou a chorar. O coração do mais velho ficou apertado no peito e não resistindo abraçou o mais novo. Beijando seus ombros e acariciando seus cabelos. O dragão pegou o queixo do mestiço e ergueu seu rosto. Por um breve momento os olhos vermelhos se perderam nos olhos castanhos amarelados que pareciam ouro derretido. Com um impulso o pequeno espaço entre os lábios foi vencido num beijo que mostrava todo o desespero do menino, o sal das lágrimas misturado com a doçura dos lábios, da língua, da saliva. O beijo ficava mais profundo, mais urgente. Tocando o rosto do menino, afastou o rosto interrompendo o momento de intimidade.

- Damra, eu não estou mais sob os efeitos de sua poção. Já faz mais de 24 horas que estou lúcido. Minhas memórias estão voltando.

O outro arregalou os olhos e desatou num choro convulsivo. Abraçando mais forte o menino que soluçava em seus braços.

- Sua irmã deve entrar no cio em dois dias. Sinto o cheiro dela mudando. E se pra tirar vocês daqui eu tenho que marca-la eu o farei. – disse o jovem de cabelos prateados acalmando o companheiro que parou de chorar e olhou com espanto. – Eu ainda não sei exatamente o que acontece nessa casa. Só sei que nem eu nem vocês merecem esse tipo de prisão. Não sei se o que sinto é amor, desespero ou reação ao cio de um ômega. Mas, quero vocês ao meu lado em minha jornada para o norte.

- Hy-chan, eu te amo! – Com essa frase, Damra voltou a beijar o dragão prateado. Eram beijos e mordidas. As mãos acariciando o corpo um do outro. Os gemidos aumentavam, a respiração ficava ofegante. Enola, foi chegando devagar. Subiu na cama e primeiro beijou o irmão. Depois beijou Hykaru, que começou a desnuda-la e beijar seus pequenos seios.

A cor da pele morena de Enola em contraste com a do irmão era lindo. Ela era linda!! Seus olhos castanhos avermelhados, pareciam rubis brilhando na noite.

- Ah! Meus pequenos! – dizia e distribuía beijos e mordidinhas nos dois.

Quando os dois irmãos dormiam saciados e cansados, Hykaru pensava em como iria levar os dois dali. O ferimento em sua perna ainda não estava totalmente curado, mas sentia que conseguiria correr se fosse preciso, e já devia ter passado uma semana desde que fora atingido. Logo o cansaço o venceu e adormeceu. Pela fresta da porta pequenos olhos observavam a cena dos três dormindo abraçados e um brilho de ódio desprendia daquele olhar.

**

Takai estava sentado no alto de um morro afastado da cidade. Na verdade, dava para ver os telhados dali. Era um lugar calmo. Tinha fugido para ali. Precisava pensar. Estava muito confuso. Ele viu uma figura aproximando-se correndo. Kai sentou ao seu lado com um baque. Respirava ofegante por causa da corrida.

- Então, era aqui que estava se escondendo? – Tinha um ar jovial e estava sempre sorrindo. Kai era uma criança num corpo de adolescente. – Eu não entendo por que está tão encafifado. - O menino deitou apoiando a cabeça nas pernas do monge. – Somos todos uma família, não é? É normal termos sentimentos uns pelos outros. Percebi que esses sentimentos mudam. Você quer ser papai também. Eu sinto isso pelo cheiro, eu acho – disse o pequeno coçando a cabeça. – Mas, você não consegue. Então, por que não pede ajuda para o papai Ryusei?

Equinócio de Outono [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora