11. Os dois lados da moeda.

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    Éramos pequenos, eu, Alisha, e também Derek, a primeira pessoa que gostei, nós tínhamos uma relação de amizade criada por Allie, afinal, como ela era amiga de ambos, ficávamos boa parte do tempo juntos – não que eu não gostasse, mas era estran...

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    Éramos pequenos, eu, Alisha, e também Derek, a primeira pessoa que gostei, nós tínhamos uma relação de amizade criada por Allie, afinal, como ela era amiga de ambos, ficávamos boa parte do tempo juntos – não que eu não gostasse, mas era estranho, eu gostava dele, uma paixão de infância que ficou no passado.
Allie estava reluzente, um pouco irritada pelo susto que teve ao encontrar uma surpresa feita apenas por nós.
Ela fazia doze anos naquele dia e tinha esperanças que logo chegasse aos dezoito. Após cantarmos parabéns – música que ela odeia – e soprar as velinhas, pegamos as fatias de bolo e sentamos na varanda, não tinha muito o que se ver, apenas as luzes da lua sobre a cidade baixa – sua casa ficava num ponto mais alto, como as moradias de pessoas mais ricas.
  O tédio estava ganhando mais força quando Jenna tagarelava sobre novelas. Lembro-me que após comer algumas guloseimas, já cansados de ouvir a voz de Jenna, descemos a rua em alta velocidade, nossos corações disparados, a leve escuridão, para nós era a pura adrenalina. Atravessamos a avenida e demos de cara com a casa mais assustadora que era o cenário de meus pesadelos. Sua madeira velha já era corroída pelos cupins, a estrutura tão desgastada que eu não ficaria surpreso se ela desabasse; Engoli em seco arrependido.
  Semanas antes havíamos feito uma aposta que, se Allie ganhasse um revista da Kisses, iríamos fazer uma visita á casa do mau; infelizmente Sarah não pode comparecer pois estava gripada ou seja, havia escapado.

– Vocês acham que deve morar alguém ainda? – perguntou Derek olhando através do portão enferrujado.

  Olhei de soslaio e vi seus olhos castanhos claro a brilharem na escuridão; ele parecia não temer.

– Talvez, mas se tiver, dizemos um "oi", quem sabe não tomamos um chá com bolachas? – sarcasmo era algo comum em Alisha, sempre foi, mas naquela época era muito pior.

– Acho melhor... hmm... – pigarreio antes de completar a frase, já imaginando a resposta de Allie – Voltarmos para...

– Você não é louco! – exclamou ela em baixa voz, não iria chamar atenção de toda a vizinha. 
– Will deixe de ser covarde, seja menininha.

Derek me olhou de lado, sabia que eu estava certo.

– O que? – perguntei confuso, como ela diria algo assim?

– Eu sou garota e sou mais corajosa que vocês dois juntos. – respondeu ríspida apontando para nós – E se vocês não são dois maricas acho melhor me acompanharem.

Entreolhamos enquanto Allie se abaixava passando entre duas barras de ferro que estavam abertas o suficiente, como se alguém já tivesse tentado fazer o mesmo. Quando Allie já nos esperava do outro lado segurando seu presente, uma lanterna rosa; apressei-me e fui surpreendido com o choque do meu ombro com o dele, sorri por um momento, mas logo voltei ao normal, não era bom sorrir para um garoto naquela época.

– Andem logo – sussurrou Alisha chutando uma pequena pedra.

  Assim, Derek pôs sua mão em meu ombro e guiou-me até que eu estivesse do outro lado, não é uma surpresa que eu tivesse corado. Limpo minha calça que tinha sujando um pouco na terra molhada enquanto Derek passa.

Darkness (Romance gay)Where stories live. Discover now