Os quinze anos de Janet Cooper

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A agitação acaba com a ultima música animada antes de vir as mais clássicas para a valsa de debutante. Os convidados vão abrindo espaço na pista de dança aos poucos. Uma melodia com violoncelos começa a tocar, e o foco de todos muda para o palco a espera da debutante. O sorriso da senhora Cooper desaparece quando sua filha não entra na parte combinada da música. Ela troca olhares com alguns seguranças e eles entendem perfeitamente. Eles sobem ao palco sem chamar a atenção, mas não demora muito para que olhares e conversas sobre o que acontecia rolasse entre os convidados. A música para e os seguranças começam a bater na porta do camarim de Janet. Todos ficam em um total silencio assustados e preocupados. Os passos de um dos seguranças correndo pelo palco foi alto o suficiente para todos se aproximarem mais. O homem mostrava um rosto de preocupação e medo, e isso fica contagiante quando ele grita:

- Chamem a polícia! Janet Cooper esta morta!

alguns gritam, outros desmaiam, mas todos ouvem com clareza. Senhor Cooper, assim que ouve o que aconteceu, sai imediatamente do salão despercebido. Sua esposa, desacreditada, sobe no palco as pressas para ver com seus próprios olhos. Se ela soubesse o que a esperava, ela nunca teria feito isso. A dor da perda de um filho é a mesma até para senhora Cooper, conhecida pela sua frieza e classe. O seu rosto congela por um momento ao ver aquela cena e se afasta desesperadamente. Todo o salão calado, so consegue ouvir os gritos dela. O grito da perda, o grito inútil que não vai mudar o acontecimento. A filha dela vai continuar morta. Parece que quanto mais ela gritava, mais ela caia na realidade, e mais distante ficava a chance de ela ver sua filha viva novamente. Esses gritos ficariam nas cabeças de todos por um grande período de tempo, pois quem olhava para senhora Cooper, se não soubesse o que aconteceu, a chamaria de louca. É isso o que a maioria das mães viram para a sociedade quando perdem um filho. Todos sentem dó, mas ninguém sente o que ela sente.

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Domingo, pela manhã, o xerife descia do carro da polícia com o seu café em mãos. Um policial que já estava no salão se aproxima ja dizendo:

- Bom dia xerife.

- Bom dia, o que vocês tem até agora?- diz xerife Baker dando uma golada no seu café.

- O senhor não vai acreditar! É uma cena de crime intensa, jamais vista por aqui! Para alguns polícias foi até difícil de ficar lá, não tem um clima agradável!

- Esses homens são fracotes, eu já vi de tudo, nada mais me abala- Baker disse caminhando em direção do camarim.

O xerife levava o copo descartável até sua boca quando as portas se abriam. Ele não foi capaz nem de colocar o café na boca antes de escapar de sua mão e esparramar por todo chão. O cheiro era de embrulhar o estomago, a sensação que ele tinha era de que o seu sangue havia parado de percorrer seu corpo. Por um momento, ele travou. Era uma cena difícil de se presenciar, até mesmo para quem ja viu de tudo.

Precisa tirar muitas fotos para conseguir conquistar alguém de que aquilo era verdade. Se você contasse a um estranho, ele nunca acreditaria. Era como se Janet estivesse pronta para sua festa. Ela estava com o vestido rosa todo ajustado em seu corpo, o cabelo dela que batia um pouco mais abaixo do ombro, estava encaracolado nas pontas, ela estava magnifica! Seu corpo estava em pé com os braços erguidos em direção a porta como uma recepção. Era como uma cena de um boneco ventríloquo, ela estava amarrada com cordas presas ao teto do camarim. Suas mãos estavam cobertas de sangue, como se ela mesmo tivesse feito tudo aquilo, mas em seu vestido, não existia sequer uma gota de sangue. Uma coisa que ninguém tinha visto antes quando ela estava viva era o seu nítido rosto de medo. Era deduzível que uma das ultimas coisas que ela disse foi um alto pedido de socorro, mas ninguém foi capaz de ouvi-la pela musica que soava no salão naquela noite. Não era o fato de ela parecer viva que assustava, quando se olhava para as paredes, você encontrava sangue por toda parte, formando uma obra abstrata. Não era um assassino qualquer, era um artista.

Após alguns segundos, o xerife volta a ficar consciente e pede para alguém limpar o café que ele mesmo derrubou. ele se aproxima lentamente do cadáver, não deixando passar nenhum detalhe. Baker olha para o chão e percebe um pouco de vomito no canto de uma parede.

- O que é isso?- diz ele apontando.

- Foi um dos nosso policiais senhor.

O xerife solta o ar que guardava, pois respirar ali não era algo agradável de se fazer.

- Então mandem limpar!

- Xerife, não fique tão bravo, isso é realmente assustador- diz uma voz feminina que vinha da porta.

O xerife vira em direção da voz e solta um sorriso forçado de canto.

- Eloisa carvalho! Não me lembro de solicitar sua presença aqui nesta manhã!

Eloisa vem se aproximando do xerife, enquanto prendia um coque firme em seus cabelos negros.

- Como sempre muito educado. Você sabe que precisa de mim aqui, e acho que você não é capaz de lidar com isso, desde a tragédia do ano passado.

A raiva percorre com velocidade todo o corpo do xerife Baker. Ano passado sua filha da mesma idade havia sido encontrada morta no Lago Dourado. Foi um acontecimento terrível que chocou toda cidade. Pela cidade ser pequena, nunca havia acontecido um assassinato de uma adolescente.

- Como a senhora ousa?- diz o xerife tentando se controlar no máximo

- Sem discussões, temos muito o que fazer- interrompeu um dos policiais.

Eloisa e Baker trocam olhares, faminto por discussões, como crianças.

- O que temos até agora?- falou Eloisa.

- Bem, tudo o que sabemos é que a ultima pessoa que a visitou foi a mãe.

O xerife já caminhava para mais perto da porta, pois ali era insuportável de ficar por muito tempo.

- Não vamos perder tempo camaradas, tirem fotos de tudo e levem o corpo para o legista, tudo o que sabemos agora é que estamos lidando com um tipo de assassino perfeccionista. Chamem o pessoal do laboratório para colher o sangue. Temos que ver mesmo se é da vitima.

Após dizer tudo, o xerife sai com pressa da sala indo em direção da saída do salão. Ele senta sobre os degraus da escada e olha atentamente para o que tinha em sua mão. Sem ninguém perceber, ele havia retirado o colar do pescoço de Janet. Um colar que como pingente tinha uma chave, mas o que chamou a atenção dele é que sua filha andava com o mesmo antes de morrer. Ele olha para os lados e guarda o colar em seu bolso. Ele pegou aquilo escondido, e ele achava que ela e sua filha poderiam ter morrido pelo mesmo assassino. O xerife sabia que se contasse para os outros eles ririam da cara dele, mas ou ele esta muito certo, ou ele esta completamente maluco.

As sete chaves de Dusky MountWhere stories live. Discover now