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A maldição já estava escrita...
As duas nasceram...
O destino se concretiza.
Irmãs pelo sangue...
Inimigas graças ao destino.
O bem e o mal, o que há em comum?
* FAMÍLIA *...
Não sou como as outras jovens do vilarejo. Não estou à espera de um príncipe encantado, muito menos um destino mágico. Mas também não espero viver uma vida como uma mera camponesa qualquer. Podem me ver como uma filha dando o seu melhor para ajudar os pais ou se vierem a preferir uma garota mestiça em busca de seus ideais. Sim, tenho meus sonhos. E claro, que quero um dia construir uma família, só desejo manter a minha liberdade e poder conhecer novos rostos além das fronteiras do vilarejo.
Foram-se dezessete anos de minha vida e pelo que eu saiba nunca saí de New Paradise, a não ser para caçar aos arredores da floresta. De acordo com o que diz a lenda, nosso vilarejo surgiu logo após o banimento dos Waheelas, por isso o nome. Sei que foi a forma que muitas pessoas encontraram para não submeter-se aos reis e recomeçar suas vidas, mas para mim isso não significa viver sem conhecer o mundo.
Levo minha vida curtindo o que posso e amando a minha família. Digamos que aqui em New Paradise não possuímos muitos recursos, construímos nossas casas com parede de pedras e telhados de madeira forrado com palhas. E é claro, sempre ajudamos uns aos outros com o que podemos.
Me considero uma garota normal, de cabelos e olhos castanhos, a única coisa mais estranha é que possuo uma "cópia", por assim dizer, andando pelo vilarejo. Bianka, por mais que parecêssemos muito, somos totalmente diferente. Mesmo sendo alguns minutos mais nova ela demonstra ser uma pessoa com muito mais maturidade do que eu. Que procuro levar uma vida com uma pitada à mais de positividade. Ela é literalmente o oposto de mim, mas nos damos bem, afinal ela é minha irmã, não poderia ser diferente.
Saímos para caçar todas as tardes. Meu instrumento de caça é um majestoso arco de prata pura e flechas com pontas também do mesmo, possui vários ornamentos ao decorrer de sua haste e três lindos cristais azul-marinho em cada uma de suas pontas. E o mais incrível é que demonstrei um certo talento em manuseá-lo desde pequena.
Bianka utiliza uma espada, que sempre soube maneja-la mesmo antes que a ensinassem. Sua espada é perfeita. Sua lâmina é de prata, mas tem uma tonalidade de chumbo inacreditável. O guarda-mão em formato de cruz é revestido de um couro preto muito macio. E o que a deixa ainda mais digna do talento de minha irmã é por ser extremamente leve e eficaz em um só corte.
Ambas as ferramentas foram feitas por Raymond Nenrinspell, ou melhor Ray, um excelente ferreiro e um grande amigo da família. Sempre deixava a marca de um "R" em seus melhores trabalhos. Procuramos ajudá-lo, visto que sua esposa e filha havia falecido. Ray não dava muitos detalhes sobre esse assunto. Apenas que sua filha, Mollie teria a mesma idade que mim e minha irmã. Então não insistíamos muito.
Chegando em minha casa avisto meu pai e meus irmãos à preparar a lenha. O inverno já estava chegando e por mais que não nevasse, o frio era rigoroso.
Edward tem vinte e quatro anos, olhos claros e cabelos ondulados loiro escuro. Ele realmente havia herdado tais características do nosso avô, de acordo com que nosso pai sempre nos contou sobre ele. Ao contrário de Edward, Leonard tem a pele morena e olhos castanhos, e sempre mantinha seu cabelo curto. Os dois possuem um físico forte, apesar de Leonard ser quatro anos mais novo ele é bem mais alto. Meu pai, John, os ensinou bem tudo o que sabem.
- Oi - Digo me aproximando.
- Oi filha, chegou cedo hoje - Ele respondeu enquanto o abraçava.
- Scott não demorou muito para voltar. Mamãe esta lá dentro? - Falo mudando de assunto.
- Sim, esta à preparar o jantar.
- Então irei ver se ela esta à precisar de ajuda - Digo entrando em casa.
Minha mãe estava na cozinha, a beira do fogão à lenha, o cheiro esta magnífico.
- Oi mãe - Digo a abraçando - O que esta a preparar? O cheiro esta divino.
- Oi minha filha - Ela diz calmamente com um sorriso no rosto - É um simples guisado de carne e legumes, não precisarei de ajuda.
- Ter certeza, minha mãe?
- Tenho - Ela diz em um tom como se pensasse em algo - Se bem que Bianka foi levar uns pães para Ray e ainda não voltou. Pode ir chamá-la?
- Claro - Digo já saindo de casa.
Digamos que Ray não mora no vilarejo. Sua casa é no meio da floresta. Um tanto afastada de todas as outras.
Entrando na floresta sinto algo estranho. Não compreendo o que estou a sentir. Só tinha uma certeza... Era algo sombrio.
