CAPÍTULO UM | Safira

14.8K 946 155
                                    

-Mamãe, Mamãe!

Ana Laura corria, enquanto me chamava com o telefone na mão.

-O que foi?

Me aproximo dela.

-Que alvoroço é esse, menina?

Perguntei me ajoelhando a sua frente.

-A vovó disse que é para atender. Ela está ocupada.

Disse me dando o telefone e saindo correndo, logo em seguida.

-Ana Laura, Filha! Cuidado!

Grito à vendo correr feito louca. Me levanto.

Essa menina ainda se machuca com essas correrias...

Penso.

Olho para o Telefone em minha mão e me pergunto quem seria à essa hora.

-Alô?

Escuto ao fundo várias pessoas falando ao mesmo tempo.-Alô, quem é?

-Alô, é a filha de... Leandro Martins?

-Sim. Sou eu mesma. Quem está falando? Porquê a pergunta?

-Desculpe. Sou valquiria e, seu pai acaba de sofrer um acidente de carro. Tem muita gente aqui e não se preocupe. Já chamamos uma ambulância...

-Mas como? Onde foi?

Corro para meu quarto e pego uma mala. Jogo várias roupas dentro enquanto escuto a mulher falar.

-Senhora, eu aconselho que venha até o hospital. Depois com mais calma contamos o que aconteceu detalhadamente. A senhora mora aqui perto?

-Não. Eu moro no Brasil...

-Então pegue o primeiro avião para cá. Iremos aguardar a senhora.

-Ok!

A ligação é encerrada, logo em seguida. Me sento na cama e ponho às mãos na cabeça.
Como isso foi acontecer, meu Deus?
Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu não posso perder meu pai. Ele não.

Um tempo depois, quando estou mais calma saio do quarto e vou até a floricultura da minha mãe que era bem na frente de casa.

-Mãe?

A procuro com os olhos e logo à encontro.-Mamãe!-Corro e a abraço.

-O que houve? Foi o telefonema? É algo ruim?

-Ah, mãe!

Encaro seu rosto preocupado, e volto a chorar.

-O papai. Ele...

-Ele oque? O que aconteceu com o Leandro?

-Ele sofreu um acidente e...

-Não, Não. O Leandro não.

-Uma mulher. Foi uma mulher que acabou de ligar. Estão me esperando lá, em Nova York.

-Mas como? Como e porquê?

As lágrimas rolam pelo seu rosto. Eu não gostava de vê-la assim. A abraço mais uma vez.

-Eu vou com você.

-Não, mãe. E Laura? Eu não posso levar ela.

Olho para Laura que brincava com as flores entretida e logo meu pensamento vai até o Rodrigo.

Não. Eu não queria voltar para Nova York. Não queria voltar para um lugar onde sofri tanto.
E eu sei que é egoísta da minha parte mas eu não quero nunca que o Rodrigo saiba da existência da filha.
Ana Laura é minha filha e nunca que vou deixar ou permitir que ela sofra como eu sofri. Nunca!

-Querida, já faz três anos. Por uma parte até entendo você em não querer que o Rodrigo saiba da Laura, mas mesmo assim ele é o pai e tem o direito de saber dela. Uma hora ou outra ele vai descobrir e acredite, vai ser muito pior.

Volto a olhar para minha pequena e o choro vem com força. Minha mãe tinha razão.
E além do mais, eu como ninguém sabia como era ruim achar que não tinha um pai.
Laura, logo logo iria sentir falta de uma figura paterna e não quero que ela sofra. É tão pequena e inofensiva.

-Mas mãe...

-Nem mais, nem menos, minha filha. Nós três vamos para Nova York e se Rodrigo tiver que saber da filha, ele irá saber.

E assim foi. Na manhã seguinte embarcamos todas juntas para Nova York e a idéia de reencontrar Rodrigo não me saia da cabeça.

Horas mais tarde chegamos à Nova York e como já era tarde da noite, fomos para a nossa casa daqui.
E assim que chegamos, lembranças me invadiram com força.

Da última vez que eu estive aqui eu estava desesperada e o que mais queria era ir embora, e o motivo era muito doloroso.
Sem que eu percebesse uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

-Mamãe, você tá cholando?

Perguntou minha pequena, passando seu dedinho em minha bochecha. Sorrio de leve.

-Tô, meu amor

Beijo sua cabecinha.

-Não chola mamãe, assim eu cholo também.

Disse com os olhos cheios de lágrimas.

-Oh meu bebê!

Com ela já em meus braços, A levo para meu quarto e a deito na cama. Laura logo dormiu.

Naquela mesma noite imagens de mim e Rodrigo me fizeram lembrar do nosso amor.
Depois daquele beijo eu não sabia se o amor que ele dizia sentir era verdadeiro. Bom, se não fosse verdadeiro preferiria fingir que era. Pelo menos assim, não doía tanto.

Eu não queria que doesse...

Um Novo Recomeço-Uma Força Do Destino-Continuação De Resgatando para Amar Where stories live. Discover now