Café dos infernos!

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– Pensei que você não iria me dar o prazer de sua presença neste dia maravilhoso! Me cumprimentou com seu sorriso encantador.

– Pensei que havia dito algo sobre me dar um tempo?! Respondi no mesmo tom irônico.

– Um garoto espirituoso e de ótimo humor logo pela manhã? Estamos mudados?!

Ele sabia que meu humor era péssimo pela manhã e sempre seria, mas tenho que dar a mão à palmatória, ele sabia ser dissimulado. Porque nós dois estávamos cientes da situação à nossa volta, mas era óbvio que havia apenas uma pessoa naquele momento que realmente deveria se preocupar, no caso, eu.

Sentindo que o clima estava tenso, pois a rapaziada do mau tentava a todo custo ouvir nossa conversa, talvez para saber o nível de intimidade entre a gente, ou se falávamos de dinheiro ou qualquer coisa do gênero. Então, Jack brincou com o clima tenso, dizendo:

– O pessoal aqui está um pouco agitado, ou é impressão minha?

– Pois é! Será que, talvez, não seja porque você não tenha facilitado em nada até aqui, se exibindo deste jeito? Relógio de ouro, celular caro, carro importado do ano, roupa de bacana e pedido refinado no café da manhã? Isto, costuma instigar as imaginações. Respondi educadamente e muito controlado.

– As pessoas costumam exagerar as suas ganâncias! Que delícia, não é mesmo?! Respondeu apontando a entrada da padaria, como não se incomodasse com todos aqueles olhares sobre ele. Na verdade, ele adorava aquilo tudo.

– Não quero que você apareça mais por aqui. Tenho sido intimado por estes seus discípulos involuntários.

– Você chama estes larápios de quinta categoria de meus discípulos? Creio que você tenha esquecido o meu padrão! Sou muito melhor do que isso, apenas me divirto com as ambições mesquinhas e ruidosas destes porcos!!! São como bichinhos na gaiola, cheios de desejos, paixão e dor! Precisa ver seus olhinhos medrosos quando eu os convoco para me satisfazerem! Tão humano!!! E deu uma risada contida.

– Entendo, mas o que eu não compreendo é esta sua fissura por mim! Nunca entendi! Não sou do mau e nem planejo esta loucura para mim.

– Seu potencial me encanta, além de outras coisas, como por exemplo, o fato de sermos amigos! E amigo, para mim, é coisa séria. Disse com um leve sorriso no rosto, quase meigo.

– Já não somos amigos há muito tempo e nem vejo meios de voltarmos a ser. Você arrancou as melhores pessoas da minha vida, assim como quase arrancou as que tenho hoje!

– Confesso que sou assim, um pouco egoísta, faz parte da minha natureza. Fazer o que?

...

Ela dizia ser oito anos mais velha do que eu, mas tinha um jeito tão gracioso e acolhedor... maternal!

Aos poucos eu fui me recuperando e a cada dia que passava ficávamos mais íntimos, amigos e desejosos por nos conhecer melhor. Engraçado como a filha dela, – uma moça linda de rosto e bem-feita de corpo –, uma graça, com aproximadamente dezesseis anos, parecia apenas uma criança querida para mim.

Eu havia sumido com a moto do rapaz, mas como ele vivia mais drogado do que lúcido, creio que nem sequer percebera que eu havia desaparecido de casa há mais de uma semana. Acredito que nem mesmo o Wilson havia percebido a minha ausência.

Mas, havia uma figura que estava desesperada por saber de minha pessoa, alguém que armara todo o circo da minha vida e que não se conformava com meu desaparecimento sem sua autorização... esta figura sinistra era o Jack.

Conflitos - Entre Jack e GodOnde as histórias ganham vida. Descobre agora