Capítulo 7: Todo Mundo Tem Segredos

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— O que? — Perguntei, me levantando e o encarando com os olhos arregalados. Estava completamente espantada com a sua proposta. — Como?

— Ainda não sei, mas vou pensar em algo. — Charles colocou os cabelos loiros para trás, abrindo um sorriso amigável. — Vou à Londres esse final de semana, acho que posso usar alguns contatos para ver se consigo alguma informação.

— Charles, eu... — Não conseguia me conter, um misto de esperança e empolgação crescia dentro de mim, talvez eu tivesse uma chance de me redimir, talvez eu fosse vê-las outra vez. Larguei o material que estava segurando, fazendo um estrondo assim que bateram contra o chão. — Não sei como agradecer!

— Preciso que me passe todas as informações que tiver delas, nome completo, idade, características físicas. Tudo. — Seu olhar era sério e determinado, e eu, em contraponto, parecia uma criança que havia acabado de receber a melhor notícia do mundo.

— Isso é maravilhoso! — O agradeci uma última vez, sem conseguir tirar a expressão de felicidade do rosto. Me virei para pegar meus materiais antes que me chamassem atenção, ainda restava uma boa parte do piso a ser limpa, só que agora minha mente estava em outro lugar. Em Abigail e Emma. E no momento em que estaríamos todas reunidas.

— Helene, — Charles me chamou uma última vez — prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance. — E eu acreditava plenamente em suas palavras.



Já era noite, o céu escuro e nublado não nos deixava uma estrela a mostra sequer, uma brisa quente deixava o clima abafado e pensei que iria chover em breve. Eu e Isabelle estávamos na cozinha acabando os preparativos para o jantar, enquanto cortava um pedaço de aipo com um sorriso bobo no rosto, Belle lavava os cogumelos selvagens e me encarava desconfiada.

Não conseguia parar de pensar na proposta de Charles, na esperança que se acumulava dentro de mim e fazia minha barriga formigar. Nada parecia estragar minha felicidade naquele momento, poderia limpar o chão trezentas vezes, cortar mil legumes, eu ainda manteria um sorriso no rosto, porque pela primeira vez em tempos eu tinha esperança.

— É impressão minha ou esses legumes a estão deixando muito feliz? — Isabelle Brincou, me fazendo erguer o rosto e sair de meus devaneios.

— Muito engraçada — forcei uma risada irônica — só estou em um bom dia.

— Sem nenhum motivo? Só... Está feliz? — Ela ergueu uma sobrancelha, deixando os cogumelos na minha frente para que eu pudesse cortá-los. Parecia desconfiada, mas eu ainda não queria contar a ninguém, minha mãe sempre havia me ensinado que só devemos contar boas notícias depois que elas se concretizam.

Também não é como se Isabelle Thompson compartilhasse todos os seus segredos, éramos muito unidas, mas todo mundo esconde algo. E ela com certeza escondia. Acontecia de repente, "preciso buscar mais açúcar" ou "tem uma vassoura melhor lá embaixo" ela dizia antes de desaparecer por horas. Esperava que algum dia sua confiança em mim fosse o bastante para conversar abertamente, ou até mesmo me pedir ajuda.

— Bem, sim. —Respondi, enquanto terminava de cortar os cogumelos. — Estou feliz e ponto.

— Ora, deixe a menina aproveitar o bom humor Srta. Thompson. — Esther se intrometeu em minha defesa, enquanto a entreguei os legumes cortados.

— Tudo bem, Helene White. Você também tem seus segredos, eu entendo. — Isabelle levantou as mãos em rendimento enquanto soltava uma risada. — Agora se não se importam, Grace me pediu para encontrá-la quando acabasse por aqui, com licença. — Saiu apressada pela porta da cozinha, enquanto desamarrava seu avental. Algo dentro de mim dizia que talvez ela fosse demorar um pouco para voltar.

Amor e Outras GuerrasWhere stories live. Discover now