Capítulo 4: O Baile dos Taylor

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"Ela aprendeu
que o verdadeiro amor
é a liberdade de ser quem ela é."

— Zack Magiezi


Coloquei um sorriso no rosto e não deixei ninguém mais perceber que eu estava em crise. Isabelle estava ao meu lado na cozinha e de vez em quando me olhava como se estivesse conferindo se eu estava bem. Havíamos acabado nossa parte na preparação da comida e agora dobrávamos os guardanapos de pano em perfeitos triângulos, estávamos sentadas na pequena mesa de madeira perto da porta que dava para os fundos.
A cozinheira terminava de assar o frango e o regava com um caldo feito de vinho e laranja, o aroma que preenchia o ambiente era maravilhoso. — O cheiro está delicioso Esther! — Isabelle falou com um sorriso no rosto.
— Está mesmo — concordei, a fazendo sorrir e agradecer a nós duas nos trazendo um pouco de biscoitos de amêndoas amanteigados. Comemos felizes e logo voltamos a nossa árdua tarefa de organizar todos os guardanapos. Eram de linho com um bordado que deveria ficar no meio do triângulo escrito "Taylor". Estávamos na última pilha quando a porta da cozinha de abriu de supetão, fazendo um barulho alto ao bater contra a parede.
Grace entrou rapidamente e pegou algumas bandejas que estavam com mini tortas de creme e morangos. — Animadas com a noite de hoje meninas? — perguntou com um sorriso enorme no rosto. Todos estavam em um clima muito leve e agradável, desejei que fosse assim todos os dias. — Acho que podemos... — Isabelle arregalou os olhos e fez um sinal discreto para que ela se calasse. Não entendi o motivo e imediatamente franzi as sobrancelhas.
— O que? O que vocês estão armando? — Perguntei curiosa.
— Você só saberá mais tarde, não conte a ela! — Isabelle levantou pegando as bandejas da mão de Grace e as levando até o salão.
— Não é justo — resmunguei — detesto surpresas!
— Bem, a Srta. Thompson quer te torturar então — ela sorriu — vamos me de esses guardanapos!
Na mesma hora a porta da cozinha se abriu novamente, todas nós desviamos o olhar quando vimos que se tratava de Charles. Ele vestia um colete preto com detalhes em dourado e uma blusa elegante por baixo, tudo coberto por um casaco longo também preto, seu cabelo loiro estava perfeitamente penteado para trás e um sorriso sem graça surgiu em seu rosto.
— Desculpem incomodar, quebraram uma taça no salão, será que poderiam ajudar?
— Claro Charlie, não se incomode vá curtir a festa! — Grace sorriu e me encarou imediatamente — Srta. White vá limpar o vidro por favor.
Assenti com a cabeça, pegando a vassoura que estava guardada na despensa e indo em direção ao salão, mas Chales não me deu licença quando eu pedi. — Preciso pedir desculpas por como Charlotte falou com você mais cedo, não gosto desse tipo de comportamento, já conversei com ela. — fiquei o encarando por alguns segundos, tentando descobrir aonde estavam as palavras, aonde estava o ar, eu congelei. — Me desculpe Helene, gosto de conversar com você, você não tem medo de falar o que pensa, espero que continue sendo minha amiga.
— Claro, está tudo bem, não se incomode — ele abriu um sorriso gentil e colocou sua máscara enquanto voltava para a festa. Assim que ele virou o corredor vi que Isabelle estava logo atrás me encarando com uma expressão de euforia.
— O que foi isso? — ela perguntou falando pausadamente, abrindo um sorriso divertido.
— O que? Ele se desculpou por Charlotte e eu aceitei. — expliquei como se não tivesse significado nada.

— Você está planejando alguma coisa, eu posso sentir. — Ela ergueu uma sobrancelha e eu escondi a empolgação que fervia dentro de mim e me dava uma imensa vontade de rir.
— Não estou! — menti.
— Posso ver esse sorriso no seu rosto Helene! — Isabelle apontou o dedo em minha direção — Não quero que se meta em nenhuma encrenca, acredita em mim, por experiência própria é melhor você não entrar em um bombardeio porque quando quiser sair vai ser tarde demais!
Parei de sorrir assim que vi seus olhos marejarem, pensei em perguntar se ela tinha alguma coisa que quisesse me contar, mas talvez fosse melhor deixar para uma outra hora.
— Tudo bem Belle, não farei nada. — A abracei rapidamente e segui meu caminho em direção ao salão.
O problema era que mesmo que eu tentasse evitar, meus pensamentos tinham vida própria, como se eu não tivesse o direito de controlá-los. Isabelle tinha razão e eu sabia muito bem disso, conhecia meu lugar e conhecia como a sociedade funcionava, uma vez que me acusassem de algo eu não conseguiria uma segunda chance. Porque eu não era ninguém.

Amor e Outras GuerrasWhere stories live. Discover now