Agente Morgan 3

Capítulo 22

-Mas sabemos a identidade de Doyle, só precisamos descartar os dias em que ele não foi ao cassino. Assim a busca fica muito menor.

-Muito bem agente, faça isso. - comanda Jack. - Alfie? Traga Doyle até aqui e faça isso de forma discreta.

-Sim senhor.

-O que faz aqui? - questiona Miller, somente então notando a minha presença.

-Trabalho.

-Você não faz mais parte dessa força tarefa.

Retiro o distintivo do bolso e quase enterro na sua cara.

-Esse distintivo diz o contrário.

-Você é do FBI? - Questiona Jack. -Traidora. - brinca.

-Que estranho, ainda tinha esperanças que você voltasse pra OSCU. - diz Diana.

-E eu estou feliz por poder almoçar com alguém legal. O pessoal desse lugar é entediante. - comemora Noah. -Qual é o seu nível?

-Nível?

-Sim, 1, 2, 3 e assim por diante.

-Deve ser 1, é uma iniciante. - murmura Miller.

-Não tenho nível. -digo, franzindo a testa em busca de algum número no distintivo.

-Passa pra cá, deixa eu ver isso. - pede Noah.

Jogo a carteira em sua direção e ele pega no ar, abrindo-a para analisar o conteúdo. De modo espontâneo, ele ri escandaloso e devolve o distintivo. Cruzo os braços, tentando entender o porquê da risada.

-Preciso chamar o manicômio Noah? - indaga Miller, impaciente.

-Ela... -pausa, limpando as lágrimas do canto dos olhos. - É uma agente de Elite.

Miller cruza os braços, franzindo a testa e enrugando os lábios enquanto me encarava de baixo a cima.

-Isso é impossível, ela entrou hoje.

-Aprendi que com ela, nada é impossível. - sussurra Alfie, do meu lado.

Encaro seu rosto, e ele desvia o olhar, aparentemente envergonhado por ter sido ouvido.

-Estamos perdendo tempo. - intervém Jack. Com sua típica impaciência. - Você já deveria estar voltando, o que ainda faz aqui Alfie?

Miller se recompõe e dita devagar.

-Agente Morgan, vá com ele.

-Quem? Eu? Por que duas pessoas? Qual a dificuldade de trazer um prisioneiro?

-Se acha tão fácil, deveria estar á caminho, e não na minha frente.

-Vamos Natasha. -diz Alfie, me puxando pela mão até o elevador.

-Solta a minha mão, e não encoste em mim. "Agente especial Handrick". - digo, puxando meu braço bruscamente.

-Você pode voltar a me chamar de Kansas, se quiser...

-Ah! Claro! Porque agora sou digna, não é? Pensei que odiasse esse apelido.

-Natasha, facilite as coisas.

-Não fui eu quem dificultou.

-Já pedi desculpas.

-Não, você não pediu.

-Ok. Natasha, você me perdoa?

- Não.

-Me perdoaria se deixasse você socar a minha cara?

-Posso fazer isso sem você deixar.

Ele bufa frustrado, saindo do elevador assim que as portas se abriram. Seguimos em silêncio até o carro, e iniciamos o caminho até o presídio.

-Nós éramos amigos... E trai sua amizade... estou feliz porque está aqui Natasha...

Ligo a tela do celular, fingindo fazer algo mais interessante para que ele fechasse a boca e me deixasse em paz, mas nada adiantou.

- Você sabe que...

-Alfie! - interrompo. - Me deixa em paz, só preciso de mais um tempo, ok? Prometo que depois conversamos sobre isso.

Durante todo o percurso, Alfie cumpriu com o que pedi, não disse não nada e manteve sua atenção na pista direto á prisão. Ele parecia incomodado por não poder dar suas explicações, mas não estava nem um pouco disposta a ouvi-las. Pelo menos não naquele momento.
Ele estaciona em frente ao presídio, e pediu para que ficasse no carro enquanto ia atrás de Doyle. Não o culpo, as coisas ficariam mais complicadas se alguém me reconhecesse. Uma câmera pode denunciar o que viemos fazer ali, e por enquanto, o assunto "Doyle" precisa permanecer em segredo.
Cruzo as pernas sobre o painel do carro retiro o celular que vibrava no bolso da minha jaqueta preta.

-Natasha?

-Quem fala?

-É o Jack, vocês estão voltando?

-Fala sério, acabamos de chegar. Aconteceu alguma coisa?

-Simon terminou de filtrar as imagens precisamos dele aqui o quanto antes. Estão a caminho?

-Como disse, acabamos de chegar. O agente Handrick está lá dentro buscando ele.

- Agente Handrick?

-O Alfie.

- Por que está chamando ele assim?

-Porque é assim que ele gosta de ser chamado.

-Vocês não se acertaram?

-Por que deveríamos? Ele é um idiota.

-Idiota que salvou sua vida.

-Como...? - Indago confusa.

- Não seja ingênua Natasha, eu nunca conseguiria assumir o lugar do motorista de um furgão vigiado pelo FBI e CIA sem ajuda. Fico honrado que você atribua o feito totalmente a mim, mas a verdade é que não passaria nem da porta sem a ajuda de Alfie.

-Está dizendo que...

-Está com problema de audição?

-E por que ele não me disse nada?

-Isso você vai ter que perguntar a ele, não a mim.