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— Era uma vez um lindo rapaz alto, de cabelos cor de cobre e olhos prateados que gostava de uma princesa.
— Espera! Você acabou de descrever o papai. — Helena, uma menina esperta de oito anos de idade, indagou a sua mãe.
As duas estavam debaixo de um grosso edredom próximo a hora de dormir. Como de costume, Helena ouvia uma historinha para embalar seus sonhos. Quase sempre sobre príncipes e princesas.
— Ah... Nem percebi. Então vamos chamá-lo de Jack. — A mãe sorriu e começou a descrever a tal princesa. — A princesa era alta, morena com longos cabelos cacheados.
— Como a senhora! — Helena disse empolgada. — Vamos chamá-la de Rebeca.
— Vamos. — Rebeca sorriu da empolgação da filha.
Tudo começou em uma festa de casamento. Jack e a princesa Rebeca já se conheciam há alguns anos, mas o pontapé inicial foi naquele evento. Os noivos, Benjamim e Camila esbanjavam amor e ternura, contagiando todos os presentes. Talvez por isso, Rebeca sentia-se tão melancólica. Ela também queria um amor como o deles, queria alguém que a amasse para sempre. Um suspiro longo lhe escapou só em pensar ter um Benjamim em sua vida algum dia.
— Cobiçar o noivo da prima é pecado, sabia? — Jack sussurrou em seu ouvido fazendo-a pular de susto.
— Não estou cobiçando, só desejando a mesma felicidade — confessou.
— Para mim dá no mesmo.
Jack e Rebeca viviam se alfinetando. O rapaz era um garanhão que levava uma vida dissoluta e longe dos princípios bíblicos. Rebeca também já tinha sido como ele, mas há três anos estava firme nos caminhos do Senhor. Tinha feito um propósito com Deus de nunca mais se envolver com alguém que não seguisse a mesma fé que ela. Tinha feito isso antes e o resultado foi desastroso. Agora ela era outra pessoa; como seu querido amigo Ben dizia, agora ela era uma maçã do topo. O homem que estivesse disposto a conquistá-la teria que escalar até onde ela estava. Não aceitaria qualquer coisa, pois esperava o melhor de Deus para sua vida.
— Acho que você deveria olhar mais atentamente ao seu redor. Talvez o homem dos seus sonhos esteja a apenas um passo. — Jack a fitou profundamente. Rebeca sentiu seu coração palpitar um pouco mais forte que de costume. Ele sempre lhe causara certos sentimentos que ela não queria sentir. Jack não era o homem que ela queria para si. Estava longe disso. Mas pelo jeito, seu coração não sabia.
— Quem? Você? — Rebeca sorriu e olhou ao redor, procurando por alguém mais, a um passo dela.
— Sim. Por que não? — Ele questionou sério, ainda com os olhos prateados fixos nela.
— Por que eu sei que você não está a fim de pagar o preço. Ou está? — Rebeca o fitou de volta. Jack permaneceu calado. — Foi o que eu pensei. — Ela saiu, deixando-o estático em seu lugar. Não soube explicar o sentimento de decepção que tomou conta dela naquele momento. Lá no fundo, ela queria que ele estivesse disposto a mudar por ela. Se fosse outra época ela não ligaria, mas agora era diferente.
