Capítulo 5 - Gabriela

18.9K 1K 88
                                    

GABRIELA

Felizmente voltamos sem problemas. Nossos irmãos não estavam em parte alguma e nem viram que entramos juntos. Com um olhar cúmplice, nos despedimos na sala e o fitei cheia de amor, meu estômago se contorcendo ao vê-lo tão lindo, lembrando tudo que fizemos, como me tornou sua mulher. Resisti ao desejo de ficar mais perto dele e subi as escadas, cada parte do meu corpo dolorida, consciente de que foi tocado.

Minhas partes íntimas então, estavam realmente doloridas. Entrei em meu quarto e fui direto encher a banheira com água morna, sorrindo, mais feliz do que já estivera um dia. Despi-me e entrei na banheira gemendo, colocando meu cabelo para fora da borda e fechando os olhos, ansiosa para recordar tudo.

A vergonha que passei no cinema, a confusão toda que Joaquim e Tininha causaram, tudo isso foi esquecido diante do que veio depois. Do toque e do beijo apaixonado de Joaquim, dele tirando a roupa na minha frente dentro do carro, tão decidido a me ter que fiquei sem ação. Como me prendeu e me fez dele, entrou em meu corpo, tão esfomeado que nem teve tempo de tirar minha roupa.

Estremeci, com o coração disparado. Era aquilo que eu mais amava nele, sua impetuosidade, sua essência dura e livre, de bicho, de tomar o que queria, de ser até bruto. Era natural da terra, dos instintos, dos impulsos mais íntimos e vorazes. Eu nunca ia querer domesticá-lo. Ao contrário, queria sim ser domada por ele, cada polegada minha se submeter aos seus estímulos e suas exigências de macho puro. Já estava perdida, entregue, cedida ao amor e à paixão que despertava em mim.

Fechei os olhos, deixando a água me banhar, mas sendo inútil diante do meu corpo que se incendiava com as lembranças. Tudo o que fizemos nas madrugadas naqueles quatro anos pareceram pequeno diante dessa nova realidade, de ser dele por inteiro, sem medidas, sem controle. Tínhamos ultrapassado um limite, não tinha mais volta.

Sob a água morna, acariciei meu ventre, lembrei de Joaquim gozando dentro de mim. Podia estar sendo louca e errada, mas rezei para ter ficado grávida. Mesmo tendo só vinte anos, eu o queria por toda a vida. E um bebê nos uniria para sempre, obrigaria nossos irmãos a aceitarem o que tínhamos. Não senti culpa por isso. Ao contrário, pedi para que fosse realidade.

Muitas meninas na minha idade queriam namorar, se divertir, estudar, trabalhar. Eu era muito mais simples. Eu queria viver sempre naquela fazenda que era meu lar, o lugar que eu mais amava no mundo. Queria ler um livro sentada debaixo de uma árvore e criar meus filhos correndo pelo campo. Queria cavalgar ao lado de Joaquim e casar com ele, dormir em seus braços toda noite, amar e ser amada sem limites. Seria pecado desejar o que para muitos seria pouco, mas que para mim era tudo?

Não, não era pecado. Amar como eu amava nunca seria errado. E isso as outras pessoas teriam que entender. Eu me fortalecia e esperava que logo pudéssemos contar tudo. Pois tanto quanto Joaquim, tinha medo da reação deles, tinha medo de decepcioná-los e criar uma tragédia. Mas com o tempo, conseguiríamos, juntos, firmes em nosso propósito.

Lavei meu corpo dolorido, mas bem amado. Estremeci, sorri, desejei, arquejei. Mas por fim saí do banho, me enxuguei e me enfiei em um roupão. Voltei ao quarto e sentei na beira da cama, só então me preocupando com Felipe. Coitado, o deixei sozinho lá, na certa apreensivo por minha causa. Nem ao menos lembrei dele.

Peguei minha bolsa ao lado e a abri, buscando meu celular para ver se ele tinha me ligado. Era uma bolsa pequena, lá dentro só minha carteira, um pente, um batom e o celular. Fiquei surpresa quando vi um papel branco, dobrado. Franzi o cenho, sem lembrar de tê-lo colocado ali.

Deixei a bolsa na cama e peguei o papel, desdobrando-o. Era uma folha de papel ofício, mas no meio dela apenas uma frase impressa, sem assinatura, sem nada. Eu a li e senti o coração disparar conforme minha mente registrava as palavras:

Série Segredos - LIVRO 1 : PROIBIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora