Capítulo 5 - Eu e elas.

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Olá, queridos! 

O capítulo de hoje está dividido em três partes.

A música de hoje, EFEITOS ( Cristiano Araújo), foi sugestão da querida Eliane Poisl. Adorei! Linda!

Beijos!

CAPÍTULO 5

EU E ELAS

Nunca tinha visto tanta confusão em um cinema como naquela sessão em que segui Gabriela. Usando a peruca negra que eu colocava quando aparecia na cidade e óculos com lentes levemente esverdeadas, sentei logo atrás dela, esperando uma oportunidade. Enquanto sorria e conversava com o seu acompanhante, eu a observava calada, disfarçadamente.

Era estranho estar perto dela depois de tanto tempo. Para falar a verdade, não lembrava de nada do nosso passado, o que eu sabia era o que elas haviam me contado e o que pesquisei. Fitando seus lindos cabelos acobreados, percebendo sua doçura, pensei que teria gostado de conhecê-la melhor. Mas ainda teríamos oportunidade para isso. Era só ela passar para o nosso lado, quanto antes, melhor.

A hora de começar havia chegado. Íamos pôr nosso plano em ação e eu já estava ansiosa, esperando que tudo desse certo. Eu me movia pelo ódio. Ódio alimentado pelo passado, que ouvi ser contado a minha vida inteira, e pelo presente. Por que aqueles desgraçados continuavam fazendo tudo que queriam e saindo impunes.

A prova disso era o sumiço do meu namorado, Flávio. Desde que comecei a me aproximar da favela Sovaco de Cobra, eu o conheci. Nós gostamos um do outro de imediato, embora eu tenha me aproximado dele em busca de ajuda, pois descobri que, junto com o irmão e outros rapazes, roubava o gado dos Falcão. E quem era inimigo deles, era meu amigo.

No entanto, em uma das emboscadas que fizeram de madrugada e que acabou falhando, sem conseguir roubar as cabeças de gado, Flávio foi pego e preso. Ficamos desesperados e, como era seu irmão, Lauro foi lá tentar tirá-lo, já que não tinham provas de nada. Mesmo assim o mantiveram preso para averiguação e no dia seguinte o tinham liberado. Testemunhas viram Flávio saindo da delegacia. Mas depois disso, nenhum sinal dele. Sumiu como fumaça. Para mim e para Lauro estava mais do que claro o que aconteceu: os Falcão o pegaram, na certa o torturaram para saber quem eram os outros ladrões e deram fim nele. Com certeza o tinham matado e enterrado em algum canto.

Chorei por dias, o que só alimentou meu ódio já existente. Principalmente por ele, aquele desgraçado do Theodoro Falcão, o todo poderoso da família. Ele devia ser o mandante, saber de tudo. Não era a primeira vez que bandidos da área sumiam misteriosamente, sem nunca serem encontrados. E o nome dele era sempre mencionado nessas ocasiões. Dele e dos outros.

Eu os evitava. E mesmo na cidade, era sempre cuidadosa. Usava perucas diferentes, chapéu, às vezes óculos. E não aparecia sempre por lá. Só quando era extremamente necessário, como naquele dia no cinema. Tinha me mantido perto dela no Falconetes, no sábado, tentando me aproximar de sua bolsa. Mas foi impossível com ela cercada pelo rapaz e pela moça e com o caçula dos Falcão sem desviar a atenção da mesa dela. Não consegui nem me arrisquei, mas ouvi que combinava cinema no dia seguinte com o rapaz. Vi ali minha oportunidade.

Quase vacilei quando vi de novo Joaquim Falcão no cinema. Mas no final ele e a periguete que o acompanhava acabaram criando tanta confusão que me ajudaram. Quando Gabriela largou a bolsa no banco e partiu para cima dele, todo mundo de pé e gritando, o cinema escuro, enfiei o bilhete na bolsa dela. Estava feito. Agora era só esperar outras oportunidades. Já tínhamos o número do celular dela e seu e-mail. Tudo seria usado em seu devido tempo.

Voltei para minha nova casa na favela Sovaco de Cobra, usando meu carro velho. Mas antes de chegar lá, disquei para um número em meu celular e falei quando ela atendeu:

- Começou.

- Ótimo. – A voz, minha conhecida de toda vida, disse friamente. – Precisamos ficar de olho nela.

- Sim. Vamos aguardar. Depois ligo com mais calma. Estou dirigindo.

- Certo. A aposta foi feita. Cuide-se.

- Pode deixar.

Nos despedimos e desliguei.

Não via a hora de ter de volta o que era nosso. De tirar um pouco o que aqueles Falcão tinham roubado. Algumas coisas e pessoas tinham se perdido para sempre. Flávio também não voltaria mais. No entanto, a vingança aconteceria. E eles pagariam muito caro.

Série Segredos - LIVRO 1 : PROIBIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora