Capítulo 2 - Gabriela

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GABRIELA

Minha vontade era a de socar Joaquim. Homens! Ridículos! Todos eles. Mas principalmente aquele ao meu lado.

Estava furiosa. Morta de ciúmes e de raiva, doida para gritar umas boas verdades na cara dele. Aquele show de Tininha tinha sido o fim da picada. Totalmente sexual e pornográfico, deixando bem claro o que os dois costumavam fazer. Minha vontade era de nunca, mas nunca mesmo, sentir mais o que eu sentia. Mas como controlar sentimentos tão fortes e antigos?

Quando Felipe se aproximou, indaguei a mim mesma por que não sentia aquela loucura toda por ele e por outros rapazes? Eu tinha que seguir minha vida, como Joaquim fazia com a dele. Parar de fazer meu mundo girar em torno de alguém que deveria ser só meu irmão. O problema era que não era somente meu irmão. Era muito mais. Por isso todo meu desespero.

Ainda estava dominada demais pelas emoções para pensar com clareza, mas sentia um ódio mortal dele naquele momento, imaginando-o fazendo um monte de coisas com Tininha enquanto eu me remoía de saudades dele. Safado! Era isso que queria? Pois teria. Se podia levar sua vida adiante, como se eu pouco fizesse parte dela, eu faria o mesmo.

Segui com ele até o estacionamento e vi os rapazes da fazenda encostados em uma velha caminhonete. Olhei em volta, buscando o 4x4 de Joaquim ali, mas não estava em parte alguma. Franzi o cenho. Dado indagou surpreso:

- Gabriela vai com a gente?

- Vai. – Joaquim disse decidido. Os outros se entreolharam. Na mesma hora virei para olhá-lo acusadoramente:

- Só tem esse carro para todo mundo? Aonde eu vou? Em cima do teto?

- Daremos um jeito. – Resmungou.

- Jeito? – Eu nem tentava disfarçar a irritação toda e a raiva que purgava de dentro de mim. – Não me deixou pagar uma carona com Felipe para ir apertada nesse carro cheio de homens?

Os outros estavam quietos, nos olhando sem graça.

- Está comigo. Sou seu irmão. Deve ir para casa ...

- Isso é piada! – Eu o interrompi, rindo sem vontade. Já ia sair, voltar para o Bar, mas ele agarrou meu braço com força.

Bastava aquilo, um toque, para que meu corpo todo reagisse. Tinha tanto tempo que não encostava em mim! Mesmo em meio à raiva, lembrei das tantas vezes que me abraçou e foi carinhoso no passado e fiquei angustiada, cheia de saudade de um tempo que não podia voltar. O desejo entre nós tinha destruído quase toda a amizade anterior, ainda mais daquele jeito, quando lutava tanto contra mim.

- Me solta! – Tentei puxar o braço, mas agarrou firme e abriu a porta de trás com um safanão, dizendo puto:

- Você vai comigo e acabou, nem que tenha que te amarrar!

- Para com isso, Quim!

- Para você!

Os outros olhavam impressionados o que deviam achar ser uma briga de irmãos. Rubinho gaguejou:

- Cara, mas como ela vai?

Não havia jeito e olhei para Joaquim, enfrentando-o, parando de tentar me soltar. E vendo que nem ele sabia como me enfiaria naquele carro, tive uma ideia. Não fiz pensando em seduzi-lo, pois estava furiosa demais com ele para isso. Mas para provocá-lo, deixá-lo em uma situação desconfortável. Sorri e disse mansamente:

- Só há um jeito. Vou no colo do meu irmão.

Vi seus olhos amarelados como de um gato ficarem alertas, fixos. Não reagiu, imóvel. Tertúlio concordou, dando a volta no carro e indo se sentar logo no carona na frente:

Série Segredos - LIVRO 1 : PROIBIDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora