two

875 121 234
                                    

Aqui, na entrada da floresta, eu e Baekhyun pegamos nossas coisas, incluindo barracas e nossas mochilas, para adentrarmos o lugar que não permite a entrada de carros, e mesmo se permitisse, seria quase que impossível passar por todas essas árvores sem bater em nenhuma. Principalmente para um motorista bom, como eu. Acho que entenderam a irônia, não?

Junmyeon está, com toda certeza, irado comigo e com Byun. Demoramos dez minutos para arrumar as coisas de Baekhyun, mais vinte minutos no supermercado, quase meia hora no trânsito e duas horas para chegarmos até a área do acampamento. Tenho uma boa justificativa para tudo isso, que resultou em bem mais que duas horas, que no caso, era o tempo que Suho nos deu para chegarmos aqui.

Talvez se Baekhyun tivesse arrumado suas coisas, comprado as frutas necessárias, e o GPS do meu carro estivesse funcionando perfeitamente, teríamos chegado mais cedo. Mas, como ele, e muito menos eu, não sabemos olhar em mapas, meio que a situação ficou complicada. Mas o que importa é que chegamos, não? Atrasados, mas chegamos.

– Channie, tem certeza que é aqui? – Baekhyun perguntou, enquanto passava a mão sobre o tronco escuro de uma das primeiras árvores na entrada da floresta – Me parece escuro demais, você não disse que era claro e cheio de borboletas coloridas?

– Bom, isso é como eu imaginava ser, mas nunca soube como realmente era – dei de ombros ao falar aquilo. Talvez apenas a entrada da floresta seja assim, escura.

Tenho que admitir que este lugar está me dando arrepios. Mas, como um bom amigo, prefiro fingir que está tudo bem, para não deixar Baek com medo. Mesmo que sua expressão não esteja nem um pouco amendrontada como a minha está.

Com as coisas em mãos, começamos a andar em direção a entrada. Baekhyun passou direto me deixando para trás. Observei atentamente a placa que dizia "Bem vindo a Black Forest (floresta negra), pegue seu biscoito da sorte" e obviamente achei aquilo mais do que estranho, que tipo de floresta colorida tem um biscoito da sorte em sua entrada? Acho que é mais prático uma barra de chocolate ou algodão doce, sei lá... tudo menos biscoito japonês. Mas mesmo assim, não hesitei e pegar o biscoito e colocar no bolso de minha calça.

– Hyung! Hyung! – chamei Baekhyun, quase correndo para alcançar seus passos – Você acredita que tinha uma placa escrita "bem vindo a Black Forest! Pegue um biscoito da sorte!"? – falei assim que consegui o alcançar – Sabe o que eu achei estranho?

– Uma floresta na qual você achou ser clara, bonita e cheia de borboletas, chamar floresta negra? – perguntou, sem olhar para mim, com os olhos fixados ao trireiro em nossa frente, como se não se importasse.

– Não, eles darem biscoitos da sorte, em vez de chocolate – respondi – Isso é um absurdo!

Murmurou um "hm", como se realmente não importasse e prosseguiu seus passos para o desconhecido.

– Talvez tenha um proprósito – comentou, fitando seus pés, que estralavam galhos podres e pisavam em folhas mortas sobre o chão.

O observei de cima à baixo. Suas vestes pretas, assim como as minhas, se camuflavam em meio àquele ar preto e sombrio que a floresta dava. As únicas coisas capazes de se destacar naquele lugar, eram nossas peles pálidas e o platinado de seu cabelo.

Quando enfim parei para observar aquele lugar, notei o quão negro ele era. Na medida em que andávamos para mais longe da entrada, mais árvores secas de galhos podres se faziam presente. Corvos voavam de um galho para o outro. O frio aumentava exageradamente. Os poucos raios de sol que tinham no começo, começavam a desaparecer, parecia que o tempo estava fechando. As nuvens cinzas me causava arrepios. Por um momento, achei estar na floresta negra de Harry Potter. Mas aquilo era, nada mais nada menos, do que a realidade. E isso me assustava.

– Baekhyun? – o chamei, um pouco amedrontado.

– Sabia que aquele seu "hyung" não duraria muito – falou ele, sem tirar os olhos do mapa.

Revirei os olhos. A verdade é que chamar Baekhyun de hyung não faz meu estilo. Além de não termos tanta diferença de idade, às vezes suas atitudes o torna mais infantil do que eu. Mas não sei de isso continuará, então acho melhor começar a chamá-lo de hyung. Ou tanto faz.

– Bom... hyung – hesitei um pouco em dizer àquela palavra, mas logo prossegui – Você não acha melhor voltarmos para a cidade? Isso aqui não é colorido e nem tem borboletas.

– Chanyeol, você tem certeza de que esse é o mapa certo? – perguntou ele, com uma certa incerteza.

Estendeu suas mãozinhas para que eu olhasse o mapa, e foi aí que notei algo de errado. Aquele não era o mapa, eu não acredito que peguei o mapa errado! Não pode ser! Essa minha mania de não analisar as coisas antes de pegá-las.

E agora? Com que cara contarei isso há Baekhyun? Ele, com toda certeza do mundo, irá me estrangular, depois me esquartejar e nem se dará o trabalho de enterrar os pedaços que restaram de mim.

– Na verdade... eu acho que me confundi e acabei trocan... – e ele me interrompeu.

– O que?! Você trocou os mapas?! Eu não acredito, Chanyeol! Nem pra isso você serve?! – ele gritou, e bateu a mão sobre o tronco da árvore ao lado – Como se minha vida já não estivesse ruim o bastante!

Por incrível que pareça, Byun era a única pessoa que me fazia sorrir da forma mais sincera possível. Mas também era o único capaz arrancar as lágrimas mais vazias. Só que, mesmo sem querer, ninguém conseguia fazer eu me sentir tão inútil como Baekhyun. Mas eu sei, sei que essas não são as intenções dele, é só que eu sou muito burro e muitas das vezes eu me esqueço de algo, e... eu posso ser de tudo, menos inútil!

Os pingos de chuva começavam a cair, e meu hyung não fazia nada menos do que puxar os cabelos fortemente, o que causaria uma dor intensa no couro cabeludo mais tarde. Isso não é justo, ele ficar se machucando por minha culpa.

– Me desculpe... – falei baixo.

– Tudo bem, nós iremos voltar antes que essa chuva engrosse, venha – disse Byun, pegando em meu braço pronto para me puxar.

E quando nos viramos para trás, puf... cadê a trilha? Com os olhos arregalados, nos entre-olhanos assustados. Poderíamos até perguntar "cadê a trilha?" mas quem sabe? Seria uma pergunta muito fútil.

Então a chuva engrossou, piorando ainda mais nossa situação. Escutei apenas uma chamado de Baek, me dizendo para pegar o mapa depressa. Aí que está o verdadeiro problema, onde eu coloquei o mapa? Procurei por todo lugar. É só deixei de me praguejar mentalmente quando o encontrei jogado sobre o chão, todo molhado.

O peguei no mesmo momento, feliz demais por não ter o perdido. Mas meu sorriso se desfez na mesma hora em que o abri, e franzi o cenho totalmente confuso e assutado com o que estava escrito ali.

– O que foi, Chanyeol? – perguntou Baekhyun, ao me ver paralisado – Me dê isso!

Tomou o mapa de minhas mãos, e sua boca se abriu automaticamente com o que ali estava. Ele me olhou amendrontado, e pela primeira vez eu vi o medo pairar em seu olhar de um modo que nunca havia visto antes.

E ali, naquele mapa, agora todo branco, estava escrito à sangue fresco:

“Bem vindos ao jogo na qual a morte é desejada por todos, não importa as circunstâncias. E não se esqueça: para tudo há um propósito”

Welcome to Black Forest

black forest | chanbaekWhere stories live. Discover now