CAPÍTULO 23: MINHA MORTE

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Parecia que eu estava em um plano completamente diferente ao qual eu vivia, tudo estava completamente distorcido e eu não entendia nada, eu estava completamente confusa. A última coisa de que me lembrava era ver Julia arrancar o coração de Betty como se não fosse nada, em seguida ela veio em minha direção com um sorriso fatal no rosto e eu não vi mais nada.

Agora estava acordada olhando em volta, o cenário era pura tristeza; Thomas estava caído ao lado do corpo sem vida de Betty, chorando tanto que até soluçava, seu terno estava manchado de sangue por ter abraçado o corpo da mulher sem vida e com marcas das lagrimas que escorriam sem dó ou vergonha, alguém que não reconheci de imediato segurava uma criança no colo que não parava de chorar.

Ao meu lado no chão estava o Neythan, tão perdido quanto uma criancinha, seu cabelo estava desgrenhado e sua feição era pura amargura, estava tão desconsolado que estava doendo em mim vê-lo daquele jeito, ele estava arrasado, parecia que alguém tinha arrancado seu coração ao invés do meu. Ele estava tão arrasado que pensei que iria chorar ali mesmo, e olha que eu nunca o tinha visto chorar, mas ele manteve sua expressão, mas uma vez guardou seus sentimentos para si e se fechou, não antes de gritar, não antes de gritar tão alto que até mesmo que não estava no recinto deveria ter escutado.

Ele levantou-se cambaleando quando Lionel entrou no local olhando em volta e parou completamente chocado quando me viu ali no chão, sem vida e sem coração, assim como minha amiga Betty. Pensei que ele iria vomitar pela expressão que fez, mas apenas virou o rosto como se doesse ver aquilo.

Eu levantei mão para tocar o Neythan.

— Eii, calma. Eu estou aqui, Neythan. Eu estou bem! — Falei correndo e parando frente à ele, ele ergueu a cabeça parecendo olhar no fundo dos meus olhos e, andou, ele simplesmente passou por mim deixando somente seu perfume que me deixou quase embriagada e de coração partido, se é que eu poderia dizer isso agora, já que nem tinha um.

Ele simplesmente passou por mim como se eu fosse... Como se...

Como se eu fosse um fantasma.

Eu corri pelo corredor.

Não! Eu não estava morta, não era real tudo isso, não mesmo.

Parei quando o vi, ele estava com a testa encostada na parede, batendo o punho nela sem parar, quando ele pareceu cambalear e andou, no corredor havia uma cômoda que suportava um vasinho de flor, ele segurou o móvel como se não fosse nada e o arremessou com força e ódio, o objeto atingiu a parede espatifando-se enquanto boa parte parecia estar queimado.

— Olha pra mim, Neythan! Eu estou aqui — Falei desesperada — Eu estou aqui! — Gritei

Gritei tanto que pensei que ficaria sem voz. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo, mas se pensasse só um pouquinho diria que estava morta. Ninguém conseguia me ver, nem Thomas, nem Lionel, nem o Neythan e muito menos as pessoas que corriam pelo corredor passando por mim como se eu fosse só ar.

Eu era um fantasma.

Eu estava morta e agora meu espirito estava aqui. Era isso. Era a única explicação plausível para tudo.

Não!

Não era pra ter acabado assim. Não era.

Continuei seguindo pelo corredor, boa parte do hotel estava pegando fogo, Julia e Caius tinham sumido e ambulância e policiais cercavam o lugar, Loren, Lionel e Thomas davam depoimentos à alguns policiais, assim como Lucian e Lucianna que estavam em um canto.

Corri até cada um deles acenando para ver se alguém me via, mas nada acontecia, nada mesmo. E foi ai que comecei a ficar desesperada, e se eu ficasse assim? E se eu ficasse nesse estado para sempre?

TOQUE DE SEDUÇÃO 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora