Eyes

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Você já parou pra pensar o quão insignificantes podem ser certas coisas? Como por exemplo aqueles sentimentos negativos que você descontou por aí, pra quê descarregar um sentimento que vai voltar? Mesmo que fique sobrecarregado dentro de você não seria melhor pensar nas coisas a qual você geralmente vai desoprimir suas frustrações? Em como elas se sentiriam vendo você as tratando daquela forma sem nenhuma razão. A realidade é que todas essas coisas, sentimentos de outros indivíduos são inúteis para você. Os humanos são todos egoístas que pensam nos próprios narizes, no próprio bem estar apenas. Aquilo que lhes é estranho, aquilo que lhes é distante é um mero detalhe que deve ser ignorado e descartado já que ele apenas estraga o ambiente. Nós somos monstros impiedosos, somos hipócritas quando algo não nos convém ou está naquela margem de normalidade à qual somos acostumados e mesmo que tu digas que não é assim pare e pense naquele famigerado dia que você comparou certa pessoa com outra, mesmo que internamente, naquele dia que julgou um hábito de alguém por não ser algo que você considera normal. Sim, todo mundo já fez isso, mas eu te digo, meu caro, esses são apenas meros detalhes nem perto do que há dentro de nós. Falando em detalhes e egoísmo isso me lembra o quão centrado em nós mesmos ficamos, deixe-me dizer algo: para o mundo somos todos detalhes, somos todos micro, somos poeira.
O universo é enorme, é vasto, é misterioso e encantador existem tantas coisas por aí que podem ser muito mais extraordinárias do que uma mera poeira cósmica centrada em si mesma... Você apenas existe, eu apenas existo de que adianta tentar ser tudo se é um nada no final das contas? O egoísmo é o centro da raça humano e este estava totalmente, ligado com Jung Hoseok que apenas pensava em si e em acabar com aquela maldita curiosidade lhe rondando quando naquela quarta-feira a tarde, resolveu retirar-se de seu dormitório e ir até o pátio do internato.

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Jung sempre se perguntava a respeito daquele garoto baixinho que ia para o mesmo banco do pátio todas as tardes, ele nunca deixava de ir. Mesmo que caísse a mais forte das tempestades, a presença do menor naquele pátio era algo que jamais faltava e o mais engraçado de tudo para Jung era que aquele hábito do garoto parecia ser milimetricamente calculado, já que ele chegava sempre às 18:00 em ponto olhando para a mesma calçada acinzentada e mórbida que fica atrás das malditas grades do internato, com a mesma expressão facial vidrada exclusivamente para aquele ponto e seu olhar totalmente vago. Tudo ocorria exatamente da mesma forma, por todos os sete dias da semana, e quando o relógio marcava 19:20 ele apenas se levantava do banco e com passos pesados e lentos retornava ao seu dormitório onde permanecia trancado durante as outras 22 horas e 80 minutos.
Ninguém nunca trocou uma palavra com ele, mas todos especulavam.
Min Yoongi era uma espécie de "Lenda urbana" naquele lugar. A todo momento uma nova história onde o loiro do banco era sempre o protagonista malvado e misterioso, surgia no internato, mas que fique bem claro que havia sempre um assassinato nessas histórias.

O fato principal aqui é que Jung Hoseok, o garoto sorridente do segundo ano que apesar do simpatismo dificilmente se aproximava concretamente de alguém, se viu preso em uma rede de dúvidas e ouso dizer, especulações a respeito do baixinho misterioso. O que o moreno mais desejava era uma pontinha de coragem para falar com Min, ele queria cessar as perguntas constantes na sua cabeça, queria parar de apenas observá-lo através do vidro turvo daquela empoeirada e velha janela marrom, ele o observa desde que chegou no internato já que Min vinha praticando seu pequeno ritual do banco antes mesmo que os pais de Hoseok o jogassem naquela prisão.
E foi naquela quarta-feira sob as nuvens (aparentemente) carregadas, com a coloração variando do cinza claro para um tom mais escuro, que o moreno se deu conta que estava no meio do pátio olhando fixamente para olhando as costas do temido Min Yoongi.

"Disseram-me que ele matou a própria mãe."

"Ele assassinou a irmã e logo depois tentou suicídio."

"O pai dele tentou matá-lo quando ele era pequeno, ele tem trauma."

Mesmo com todas as histórias sem cabimento algum ecoando pela cabeça de Hoseok, ele não hesitou em aproximar-se do temido Yoongi e sentar discretamente ao seu lado naquele banco de madeira desgastado e sujo como a maior parte dos locais do internato. O rapaz sorridente suava frio, repousou a mão direita na coxa correspondente onde passou a mover os dedos de maneira inquieta, prendeu o ar nos pulmões por algum tempo e soltou-o lentamente olhando com o canto dos olhos para a figura de olhar vazio que encontrava-se ao seu lado.
O garoto finalmente notou-o lá, Jung percebeu assim que viu o mesmo virar-se em sua direção com a testa ligeiramente franzida e um olhar que transbordava reprovação.

─ O que quer aqui? Vá embora. ─ O moreno ouviu o loiro cuspir as palavras da forma mais repulsiva que já vira.

─ Ah olá para você também, está um belo dia para observar o lado de fora desse inferno, não é mesmo? ─ Hoseok respondeu em um tom variantemente sarcástico e cômico.

─ Isso é algum tipo de piada, alguma brincadeira de aposta? Pois se for não me meta nas sua tolices, e apenas saia daqui de uma vez. ─ Yoongi foi ríspido o suficiente para fazer com que Jung inclinasse a cabeça para o lado e observasse atentamente a feição irritado do loiro. ─ Pare de me encarar.

─ Não é uma aposta, até mesmo porque nem amigos para isso eu tenho. Aliás que tal se formos amigos?

─ Não quero amigos, quero que me deixe em paz. ─ O menor olhou Hoseok uma última vez e voltou sua atenção para as grades novamente.

─ Já te deixei em paz por mais de um ano, então acho que seu tirar ela um instante de você não faz mal.

─ Quando você vai se tocar que eu não quero que fique aqui? ─ Era certo que Min Yoongi estava ficando sem paciência com Jung enchendo seus ouvidos ali, e o moreno sabia muito bem que ele apreciava a solidão, no entanto, continuou ali com a curiosidade a mil.

─ Eu quero ficar aqui também, te fazer companhia, você parece sozinho todos os dias.

─ Não fale como se você se importasse comigo, eu sei muito bem que quer se aproximar de mim para saber o que me leva a ficar aqui, não é? ─ O maior congelou ao ouvir tais palavras já que era exatamente o que ele queria, mesmo assim suspirou profundamente, estirou-se de forma desajeitada no banco olhou para o céu nublado e disse:
─ Sendo sincero, essa era exatamente minha intenção, mas agora estou disposto a tentar construir uma amizade contigo e sinto dizer-lhe que não vou parar até conseguir. ─ O garoto sorridente lançou-lhe um de seus bonitos sorrisos encarando o loiro da forma mais simpática que pôde.

O que Jung Hoseok não imaginava era que o odioso coração de Min Yoongi tornou-se um caos total, muitos sentimentos ruins misturados, e ainda, o loiro costumava afastar as pessoas, ele era a solidão, e havia se acostumado com ela. Afinal as pessoas não permaneciam com ele por bastante tempo, e portanto, ele passou a se isolar ainda mais na tentativa de afastar todos de uma só vez e amenizar suas dores. Ele queria com todas as forças do seu ser fazer aquela dor forte dentro dele parar, mas mal sabia que quanto mais ele tentava, mais aquilo o corroía lentamente por dentro. E infelizmente, o baixinho misterioso estava fadado a continuar caindo naquele buraco escuro e sem fim que só ele sabe denominar o que é.

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Olá galero, *foge das pedras*
então, estou testando um novo método de escrita e queria deixar registrado aqui o quão orgulhosa estou por ter deixado o primeiro capítulo da forma que eu queria, essa é uma nova fanfic e tenho certeza que vou adorar desenvolvê-la.
Sobre Moonlight Dream, não se preocupem logo eu posto um novo capítulo e aviso que ela está na reta final. É isso, kisses ♡

Empty Eyes || Myg + JhsOnde histórias criam vida. Descubra agora