something great; larry

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Louis estava chateado.

Tivera um péssimo dia na aula: descobriu que havia tirado uma nota horrível, e ainda estava morrendo de cansaço. Como bônus, perdera seu fone de ouvido em algum lugar da sala, e então agora rezava para que alguém o encontrasse --ou não, dependendo da pessoa.

Olhou em seu relógio quando seu ônibus chegara e viu que ainda eram 23h06, e que teria que esperar mais de dez minutos até que saísse. Bufou ao se jogar em algum dos bancos do ônibus e se esticou até aonde suas pernas deixavam.

Virou-se para a janela para observar as pessoas, já que sem música não lhe restavam muitas opções, e deparou-se com poucas caminhando ainda pelo local.

Percebera que algumas pessoas corriam atrás de seus ônibus, outras andavam lentamente, e havia ainda aquelas que estavam acompanhadas. Ficou se perguntando sobre de onde cada pessoa estaria voltando, se do trabalho ou da aula --igual ele, se as pessoas estavam indo para casa dos pais, dos companheiros, ou de amigos, e ficou preso nesse pensamento por um pequeno tempo.

Louis e sua mania de se distrair facilmente. Logo estava fazendo uma análise psicológica das pessoas apenas vendo-as andar por um terminal de ônibus. Estava prestando atenção em todos os movimentos, até que alguma coisa chamou sua atenção.

Do outro lado do terminal --no caso, do outro lado de onde seu ônibus estava parado, também havia outro ônibus, e Louis não pode deixar de notar a presença de um menino sentado na direção contrária a que ele estava.

O menino parecia estar se divertindo lendo alguma coisa, talvez um livro, que Louis não conseguia enxergar, e isso fez com que a visão do rapaz ficasse presa naquela cena. O garoto aparentava ter quase a mesma idade de Louis, tinha uma pele pálida, cabelos castanhos cacheados, e Louis pensou que ele parecia ser realmente bonito --pelo menos de perfil. Ele parecia ser um dos tipos de garoto que não gostavam de chamar a atenção, ou não sabiam que chamavam, mesmo sendo realmente interessantes.

Quando viu seu rosto, Louis teve certeza de que o mais jovem era atraente, pois conseguira ver que o rapaz tinha olhos claros, e as bochechas rosadas.

Foi assim que percebeu que o menino havia parado de ler e havia virado em sua direção, e agora estava o "encarando". Louis virou sua cabeça rapidamente em direção ao seu colo, e começou a balançar a cabeça negativamente. Odiava ser pego reparando nas pessoas, principalmente se estivesse tão perdido nos pensamentos e não soubesse há quanto tempo havia sido descoberto.

Respirou fundo. Será que pediria desculpas? Porém, desculpas por ter feito o quê? Não era crime reparar nas pessoas, certo?

Virou-se em direção à janela novamente e ficou surpreso ao perceber que o menino não estava olhando mais. Surpreso e agradecido.

Ficou esperando até que o rapaz retornasse a olhar para ele, e quando o mesmo o fez, Louis ficou surpreso de encontrá-lo meio corado, com uma cara de envergonhado. Tentou dar um sorriso compreensivo para o garoto de cabelos cacheados, que respondeu com um sorriso muito parecido.

Louis ergueu os ombros, como se quisesse 'dizer' que não sabia o que havia acontecido --e para que o menino não pensasse que Louis faria ou falaria algo de mal sobre ele, e involuntariamente fez algo parecido com um beiço, pois era assim que costumava fazer com seus amigos.

O moço apenas riu da atitude de Louis, mostrando um belo par de covinhas, e bom, se o motorista não estivesse fechando as portas do ônibus e começando a acelerar, Louis teria dado uma corrida pra fora do ônibus para agarrar o menino.

Antes que o ônibus saísse de seu campo de visão, porém, Louis conseguiu acenar em despedida para o garoto, que timidamente fez o mesmo, e então o motorista seguiu caminho em direção à saída do terminal.