Capítulo 5

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— Estes são os rapazes que escolho como meus companheiros e protetores. — Falei de forma decidida e imponente, elevando minha voz para ser ouvida.

"Mas quem é o rapaz de capuz"?

"Quem é seu companheiro"?

"Qual o nome dele"?

"Mostre seu rosto"!

Os gritos eram diversos e alguns pareciam raivosos. Entendo que queiram ver o rosto de quem poderia ser seu futuro príncipe, mas como poderia deixar que isso acontecesse? Ele corria um enorme perigo nesse momento e apenas agora havia notado isso. Fui negligente ao deixar que esse plano fosse adiante, sendo que as coisas saíram um pouco do controle. Devia ter pensado nisso antes. 

Expliquei a todos sobre as falsas cicatrizes como se fossem reais e algumas das pessoas se calaram. Ainda havia revoltosos e não lhes tiro a razão, mas precisava arrumar uma maneira de fazê-los aceitar as circunstâncias como eram, ou seja, aceitar que um deles poderia ser o futuro príncipe, sem conhecer sua verdadeira identidade. 

Tentei ainda mais fervorosamente convencê-los, por meio de palavras e sentimentos, o porquê de não querer mostrar seu rosto. Cheguei ao extremo de fazer uma declaração e assumir publicamente que o amava de qualquer maneira e queria apenas protegê-lo de insultos e injúrias que poderiam ocorrer caso mostrasse seu rosto. 

Mais pessoas se calaram, algumas chegaram a aplaudir e outras até a chorar, mas ainda havia um pequeno grupo insatisfeito com o que estava se passando. Ária e Ivan chamaram a Guarda Real, que ficou incumbida de dispersar aquelas criaturas, as quais faziam bagunça e desordem no momento. Ária também convocou a mim e aos meus protetores para uma sala de reuniões no fim do corredor, à direita do salão.

Tinha uma mesa grande e cadeiras circundando toda a sua volta, também havia estantes com livros diversos e, sobre a mesa, muitos papeis e canetas tinteiro. Assim que nos sentamos, Ária me encarou com uma expressão séria e pediu para que Zein retirasse o capuz e a máscara. Ao ver que hesitava, voltou a me olhar séria e perguntou pausadamente:

— Quem é ele?

Cada palavra foi como uma facada em meu peito, devia minha vida a ela e mesmo assim estava lhe escondendo um enorme segredo.

— Vamos conversar em particular. — Pedi, lançando um olhar significativo a Ethan e ao Mestre das Sombras. Ária assentiu e os dois rapazes se retiraram da sala. Seguiu-se um silêncio horrível, que fazia o ar parecer mais pesado e rarefeito. Suspirei.

— E então?

— Ária... — senti as lágrimas, mas me forcei a reprimi-las. Seria forte e decidida, agiria como uma princesa de verdade. Ou pelo menos tentaria. — É o Mestre das Sombras.

Ao contrário do que pensei, Ária não ficou tão surpresa, não perdeu a cabeça e saiu gritando para que o prendessem. Não. Notei que ficou um pouco mais pálida, talvez pelo choque, mas reagiu bem à notícia. Como não fazia ou falava nada, vi a necessidade de continuar me explicando.

— Ária, sei o que deve estar pensando, mas ele merece outra chance como quaisquer das criaturas que fugiram conosco. Sei que seus poderes e seu descontrole são perigosos, mas já os controla melhor e pretendo ajudá-lo a ter controle total. Não era justo abandoná-lo! Foi quem me ajudou a salvar o Ethan quando nos deixaram para trás! Arriscou a própria vida para salvar a minha e a de uma pessoa que nem sequer gostava. Fora que sem ele jamais estaríamos aqui! Vocês precisavam de um vampiro poderoso e cedeu seu poder para completar o feitiço e nos trazer para cá, mesmo sabendo que aquelas criaturas o matariam se descobrissem sua verdadeira identidade. Ajudou também no feitiço de proteção! Ajudou a reconstruir a vila! O castelo...! — Fui obrigada a parar de falar, porque as lágrimas já não me permitiam continuar. Não era essa a atitude que imaginei ter. — Ele ainda quer mudar.... Ele não é mau....

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