De Volta à Cidade do Medo

Prólogo 14 de janeiro de 2011.

Prólogo

14 de janeiro de 2011.

Era uma noite especial na vida de Fred e Larissa. Os dois estavam a caminho do baile de formatura da jovem. O salão de festas, cheio de amigos e familiares, todos sorridentes, admirando a beleza escultural da jovem modelo loira de dezessete anos. Fred se sentia imensamente feliz. Estava ao lado de seu único e verdadeiro amor, cercado de amigos e sem muitas coisas com o que se preocupar. Naquela noite, ao adentrar no salão de festas do Gran são João, acompanhado por Larissa e seu estonteante vestido roxo, chegou à conclusão de que tinha a vida perfeita.

Mas a vida tem o péssimo hábito de se tronar pesadelo quando menos se espera.

Já eram duas e meia da manhã. Havia poucas pessoas agora no salão. Muitas mesas já haviam sido guardadas, Fred estava um pouco alterado, havia bebido além da conta. Larissa se aproximou da mesa e disse que precisavam conversar.

Ela havia chegado à conclusão de que ainda era muito nova para namorar. Sua carreira de modelo estava começando a decolar e agora ela entraria numa faculdade. Estava cheia de planos e nesses planos, a última coisa que queria era se amarrar emocionalmente a alguém.

Fred começou a discutir em voz alta. Larissa disse que era melhor irem embora, porque Fred estava bêbado. Ele disse que não estava. Sentou-se por alguns minutos em silêncio e decidiu que era mesmo melhor ir embora.

Entraram no carro de Fred, um Astra preto e partiram. Larissa não disse uma palavra, sentou-se no banco do passageiro e fechou os olhos entrando em um sono tranquilo.

No meio do caminho, Fred sentiu os olhos pesados, talvez pelo excesso de vinho, talvez por ser madrugada. As lembranças começaram a invadir seus pensamentos, lembranças de coisas tão recentes e ao mesmo tempo tão distantes. A última tarde no parque, os encontros secretos na entrada do colégio anos atrás. Coisas simples, mas que agora faziam toda a diferença.

Ele olhou para Larissa dormindo tranquila ao seu lado. Ela parecia um anjo, os cabelos loiros com suas mechas de luzes caídas sobre os ombros, o rosto tão lívido como uma manhã ensolarada de domingo. Fred conhecia cada detalhe daquele rosto, mesmo assim, poderia passar horas e horas apenas o observando. Mas aquele não era o local, nem o momento para fazer isso.

Quando Fred se deu conta, os pneus direitos do Astra já haviam saído fora da pista, o carro entrou em um pequeno declive. Fred tentou consertar o erro puxando o volante na tentativa de fazer o carro voltar à pista, foi aí que a curva para a esquerda apareceu à sua frente.

Fred perdeu o controle do carro. Ele capotou quatro vezes, bateu em três árvores e depois caiu em um córrego. Ele estava usando o cinto de segurança. Só teve alguns arranhões pelo corpo. Mas Larissa não gostava de usar cinto, achava desconfortável. Na primeira batida, seu corpo foi arremessado contra o vidro dianteiro, na segunda, três costelas fraturadas, na terceira, sua clavícula e seu maxilar sofreram fraturas múltiplas. E na queda, Larissa, a jovem modelo de dezessete anos, não resistiu e faleceu.