Capítulo 4 - parte 2

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Insânia. Demência. Sinônimos da palavra insanidade. De uma pessoa que não tem sensatez.

Eu estava escondida dentro do meu guarda-roupa. Encolhida no canto, através de todas as roupas novas que vick havia me ajudando a comprar.

Naquele momento eu estava feliz. Mas poucas horas depois que cheguei em casa, meu estado de ânimo diminuiu e a tristeza me abateu. 

Eu estava sentada no sofá. E ouvir a voz da minha mãe. Tive medo. Ela se aproximou de mim. Gritei para que ela se afastasse. Subir as escadas correndo até encontrar o guarda roupa como meu lugar secreto.

Na verdade, não era tão secreto assim. Podia sentir a respiração pesada de Elisa do outro lado. Ela estava me dando o tempo necessário. Sabia que também iria permanecer no meu quarto até o tempo necessário.

Bufei e sair calmamente do meu esconderijo. Ela estava deitada na cama, lendo um livro. Quando me viu, deixou o livro de lado e sorriu para mim. Ela bateu ao seu lado na cama, para que me juntasse a ela.

Meus braços estavam em volta do meu corpo. Andei vagarosamente, desconfiada. Olhei para todos os lados em busca de perigo. Deitei ao seu lado. Ela me acomodou, colocando minha cabeça em seu braço direito, enquanto me abraçava com o outro.

-- Deus vai te curar querida -- sussurrou -- Você pode começar a orar agora. Ele vai te ouvir como todas as vezes.

Eu fechei os olhos e balbuciava para Jesus. Mas minha mente estava confusa, e todas as vezes que não conseguia pensar claramente, tentava minimizar minhas palavras em algo que eu compreendesse e fosse significativo.

--Jesus Cristo. Amém! -- falei isso várias  de vezes. Até que não me restasse mais  força e meus olhos se fecharem.

" Ele me olhava com raiva. Após descobrir que eu havia ido ao jardim da frente. A empregada contava tudo para ele. Mas foi apenas dois minutos, somente desejava sentir o sol no meu rosto e  respirar o ar puro. Ele pegou o meu cabelo, e gritava palavras maldosas para mim. Sentir sua mão pesada no meu rosto. Eu não gritava, apenas lágrimas escorriam na minha face. Se eu gritasse era pior. Estávamos na cozinha, me levou para o quarto pelos cabelos. Meu marido era o próprio diabo. Eu usava um vestido preto colado. Parecia uma prostituta. Meus lábios eram preenchidos por um  batom vermelho. Havia me vestido conforme tinha ordenado. Era sempre assim, eu não tinha escolha, não tinha nada. Ele me levou para a cama, e retirou minha roupa. Eu era violada, usada, ferida, até que ele estivesse satisfeito, e decidisse que já tinha tido sido castigada o suficiente."

Pulei da cama assustada. Elisa despertou no mesmo momento.

-- preciso ir embora daqui. Ele vem me buscar. Não deixe mamãe dizer onde estou -- falei a ela desorientada.

-- eu não vou querida. Está tudo bem. Ele não pode te machucar -- disse docemente. Seus olhos estavam vermelhos, mas sabia que não iria chorar. Elisa nunca chorava na minha frente.

Virei de costas para ela. E sair correndo do quarto. Desci a escada sem rumo até a porta de casa. O vento roçou no meu rosto, havia perigo em todos os lugares, eu sentia. Elisa gritava meu nome. Abracei meu corpo e sair correndo pela rua.

Precisava entrar a paz.
Cadê você paz?

Eu corrir até que minhas pernas não aguentasse mais. Parei no meio da rua, engolir em seco por não reconhecer onde eu estava. Mas sentia o perigo. Caminhei lentamente pela rua, até que me deparei com uma pequena praça. Olhei para os meus pés que sagraram e ardiam. Sentei no balanço, me movendo lentamente nele até que aumentei o ritmo. Sentia o vento bater no meu rosto.  Era libertador. Sorrir sentindo-me leve. Eu me sentia livre, poderia sair, caminhar e correr pelo mundo. A cada embalada que dava no balanço, eu gargalhava. Era trilha sonora na minha vida.  Eu almejava que fosse assim.

Passei horas sentada, sendo livre e feliz. Os primeiros raios de sol me trouxeram novamente a realidade. Sair do balanço, olhando atentamente para o lugar que eu havia passado a noite. Reconheci a praça que ficava a dez quarteirões de casa. Caminhei pelas ruas, cansada, as pessoas já começavam a circular. Passei pelo lado de uma senhora e ela me olhou curiosa devido ao meu estado.
Ignorei o restantes dos olhares e dobrei na rua de casa.

Assim que cheguei na frete. Parei. Elisa estava sentada na varanda, Pedro do seu lado. A porta se abriu e minha mãe e vick saíram cabisbaixas.

Mamãe me viu de longe. Ela falou meu nome e os olhares de todos se voltaram para mim. Olhei para baixo e caminhei para casa. Eu só queria dormir, talvez eu não sonhasse dessa vez. Passei por eles, sem os encarar e entrei.

-- Andy eu estava tão preocupada. Nos andamos a noite toda atrás de você -- falou Elisa chorando.

Virei-me para ela. Lhe dando um olhar ferido.

-- eu não tive a intenção…. me desculpe.

-- eu sei querida… mas eu fiquei com tanta medo de te perder -- suas lágrimas caíam. Ela caminhou em minha direção e me abraçou.

-- eu só preciso descansar -- sussurrei. Ela balançou a cabeça confirmando e se afastou. Olhei de canto de olho e Pedro me observava. Será que ele não compreendia que eu era um problema sem solução? -- você está aqui -- disse a ele.

Pedro sorriu para mim e seu olhar se iluminou. Sentir seus dedos  levemente na minha face. Meus olhos se encheram de lágrimas.

-- é claro que sim -- enunciou. Sentir seus braços ao redor do meu corpo me apertando, como se tivesse com medo que eu escapasse novamente.

-- eu não  consigo fechar os olhos -- confessei somente para ele, falando no seu ouvido -- me ajuda por favor.

-- minha querida Andy… o que fizeram com você? -- ele falou beijando meu cabelo.

Ele se distanciou de mim, para que pudesse me observar. Pegou minha mão me levando para o sofá da sala. Percebi que havia somente nós dois ali. Elisa, Vick e mamãe desapareceram para a cozinha.

-- eu não consigo fazer isso. Não consigo lhe dar com essa vida. Eu odeio meus altos e baixos, os inúmeros remédios que tomo todo maldito dia. Não consigo fazer nada Deus! -- chorei enquanto olhava nos seus olhos. Pedro me escutava pacientemente.

-- você está tentando fazer tudo com sua própria força Andy -- falou em seguida, lembrado-me suavemente -- o que você tem que fazer é adora-lo em meio a tudo o que está enfrentando e o Senhor fará o resto. Ele cura.

Ele se encostou no sofá. E me puxou para ele. Coloquei minha cabeça no seu peito forte. Sentir seus dedos no meu cabelo.

-- descanse Andy. Você está segura agora.

Suspirei suavemente e fechei os olhos. Naquele momento eu compreendia o significado da palavra paz. Eu precisava das outras pessoas para tentar me curar. Sozinha eu não conseguiria.




























    

Através da Sua Oração  (Degustação)Where stories live. Discover now