Trepando em árvores.

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Acordei com cheiro de café e torta de maçã. A senhora Ewkoski não era tão insensível como eu havia pensado. Ela me ofereceu o café da manhã de graça, o que foi extremamente acolhedor de sua parte.

Um pouco depois de comer, você apareceu na porta da pousada me arrancando suspiros. Fomos até a livraria, onde sua mãe lia o jornal de forma preocupada.

- O que foi mãe?

Ela me olhou, sorriu e desejou um bom dia, depois o rosto acolhedor se desfez em uma carranca.

- Estão vendendo casacos com a pele dos pobres lobos selvagens da mata aqui na saída da cidade! A caça é ilegal, mas o prefeito está arrecadando tanto que nem se importa!

- A senhora não havia denunciado?

- Sim, 7 vezes! Esses imbecis!

Aquilo doeu meu coração. Eu era uma protetora dos animais, ativista ávida. Participava de protestos, cuidava de animais em algumas cidades que visitava, principalmente aquelas em que haviam muitos animais ameaçados de extinção. 

- Eu sei como resolver isso.

Sua mãe me olhou com esperança.

- Como, querida?

- Não se preocupe. Já fiz isso milhares de vezes.

Ela se alegrou no mesmo instante, assim como você. Usamos o seu carro e fomos até a loja onde os casacos estavam sendo vendidos.

- Está fechada. Vamos voltar.

- Assim é muito mais fácil.

Você me olhou torto, com medo do que eu poderia fazer. Pedi para que me levasse até o supermercado, mesmo desconfiado, você o fez.

No carrinho, um spray preto e tinta vermelha. Com tudo em mãos, voltamos para a loja.

- Não mesmo! Isso tem cara de vandalismo.

- Não irei vandalizar. Isso é um presente.

- Presente?

Arrombei a porta de entrada e entrei com calma.

- Presente para a mãe natureza. -Eu ri.

Você ficou vermelho e me encarava com raiva.

- Eu não posso fazer isso! Você está louca?!

- Oh não, você arrombou uma loja comigo, cúmplice.

Você revirou os olhos, cheio de raiva.

- Pare de ser idiota, já fiz isso inúmeras vezes. É tudo pelos animais.

Você bufou e deu de ombros. Fechamos a porta. Te dei o spray preto e disse para escrever na parede principal "Matar animais também é assassinato!"

- Isso é sério? Que frase cliché.

- O que foi? Tem ideia melhor Shakespeare? 

Você riu, nunca descobri se foi por ironia ou porque se entregou aos meus encantos (prefiro a segunda alternativa).

Abri a lata de tinta e despejei nas duas araras com os casacos de pele.

- Mas que merda Karma!

Você deixou o spray cair no chão. Eu comecei a rir da sua cara de espanto. De repente, ouvimos passos e gritos vindos da porta de trás do balcão. Uma mulher loira usando óculos de Sol, comendo um sanduíche, saiu de lá gritando:

- O que estão fazendo?! Seus vândalos! Isso é crime! Hippies imundos!

Não teve como conter, começamos a rir ao mesmo tempo. Saímos da loja correndo, eu não sabia para onde ir, mas você disse:

Cartas de OutonoKde žijí příběhy. Začni objevovat