Capítulo 3

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    -Acho que não deveria ter se envolvido neste caso, mana. - Disse Taylor sua irmã.

Estavam deitadas no piso de madeira grossa da varanda dos fundos da casa de Lauren. 

Algo que sempre faziam pra conversar em particular. Deitavam-se ali, lado a lado enquanto conversavam e sentiam a brisa refrescante que vinha das árvores e do pequeno lago que passava próximo a casa.

A hispânica ficou em silêncio apenas ouvindo a irmã depois de ter-lhe contado tudo sobre o caso Camila.

      -Justo agora que conseguiu realizar praticamente o sonho da família toda, e principalmente o seu. Sabemos o quanto batalhou por isso. Não há como voltar atrás?

Lauren virou-se para a irmã e ficou séria:

      -Não vou desistir Sabe! Vou vencer este caso. Sei que vou. - Disse ela pouco convencida do que dizia. Algo que não passou despercebido pela irmã mais jovem.

     -Está com medo mana. Vejo nos seus olhos, desista! Converse com o Dr. Simon, ele entenderá e...

      -Ouça Tay, estou com medo sim, ou melhor, estou apavorada, mas não sou mulher de desistir. Vou vencer este caso.

     -Ok. Mas posso te fazer uma pergunta? - Agora Taylor sentou-se e a encarou.

     -Claro, diga.

    -Acredita na inocência dessa moça?

O silêncio pairou por alguns momentos. Mas então ela respondeu:

     -Se é inocente ou não ainda não tenho certeza, mais ela será inocentada.

Sua obstinação a havia levado ao caso mais importante de sua vida, e nem ao menos ela tinha certeza da inocência de sua cliente.
Isto foi o que mais ela ouviu de seu marido. Justin chamou-a até mesmo de estúpida. Foi à primeira vez em que ela o viu tratá-la mal. Brigaram por várias horas:

      -Pensei que fosse uma mulher inteligente, Lauren. Mas esta é a maior estupidez que já vi uma advogada cometer. Vou te dizer uma coisa garota. Se perder este caso, sua vida estará arruinada. Caminho sem volta.

      -Ainda bem que posso contar com o apoio moral de meu marido! - Ironizou ela, estava a ponto de explodir de tanta raiva. Já lhe bastava ouvir durante a tarde toda daquele dia sua irmã dizendo-lhe o quanto cometera um erro. Não iria suportar insultos de seu próprio marido.

Então ela se levantou da poltrona branca do centro da sala de estar e foi pra cozinha. Era tarde da noite e ainda não havia comido nada. Talvez se envolvendo na cozinha acalmasse seus nervos.
Jus ficou no barzinho que se situava na extremidade esquerda da sala. Já era a terceira dose de wisque que ele ingeria.
Lauren ouvia o tilintar do gelo em seu copo, e sua irritação só fazia aumentar, sabia que aquela noite seria longa.

Preparou macarrão ao alho e óleo. Serviu-se de uma taça de vinho e comeu sozinha. Justin já havia se retirado para o quarto para seu alívio.

No outro dia...

      -Bom dia Doutora - Cumprimentou Louis, um de seus estagiários assim que ela entrou no escritório. Louis Tomlinson também chamado de Lou, era um recém-formado tinha 22 anos e muita vontade de aprender. Ela não conversava muito com ele, apenas o incumbia de suas tarefas, e nada mais, tudo o que ela sabia sobre o jovem rapaz era sua idade e que era gay.

       -Bom dia Lou. - Disse ela sem ao menos olhá-lo. Continuou caminhando pelo espaço em que havia muitas divisórias de pequenos boxs onde se encontravam vários outros estagiários trabalhando euforicamente. E logo adiante havia as salas dos advogados, a de Lauren era a segunda sala.

Louis a acompanhou até sua sala. E assim que esta foi fechada ela foi logo falando:

      -Tenho um caso novo e muito importante. Quero que o pegue e o leia mil vezes, depois volte a minha sala.

Ele então pegou as diversas pastas que a hispânica lhe estendera e se retirou rapidamente. Lauren sentou-se levando as mãos a cabeça, tentava ordenar os pensamentos, o que deveria fazer naquele dia.

Estava dirigindo em direção ao presídio. Não iria investigar nada sem antes conversar muito com Camila. E desta vez elas iriam conversar. Por bem ou por mal.

     -Como é que é? - Perguntou o diretor do presídio diante do pedido de Jauregui. Um senhor de meia idade, negro alto e ainda mantinha uma beleza jovial, num rosto simpático.

     -Isso mesmo. Quero conversar a sós com minha cliente numa cela isolada.

    -Tem noção do que está me pedindo doutora? Sabe de que essa moça está sendo acusada? Ela matou uma pessoa e é uma mulher muito agressiva neste presídio.

    -Sei de tudo isto Sr. Will. Sei de sua preocupação com minha segurança. Mas entenda, por favor, preciso trabalhar com essa moça, e para isto preciso conversar com ela.

       -Não sei Doutora essa moça é imprevisível ela...

      -Eu assumo total responsabilidade. Quer que eu assine algo?

     -Ok. Tudo bem. Mas deixarei dois guardas do lado de fora atentos a tudo, a qualquer ruído diferente ou voz alterada eles entram.

     -Claro. Concordo com o Senhor Faça seu trabalho e apenas me deixe fazer o meu.

O poder de persuasão de Lauren era incomum. Precisava ter essa conversa com Camila. Sua carreira dependia de ganhar este caso.

Em Nome da VerdadeWhere stories live. Discover now