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Pedro Henrique

Eu não queria mostrar que sou venerável a ela, não queria mesmo

Eu tento ser forte, tento fazer de tudo para que as pessoas me vejam como um cara forte, um cara capaz de liderar e matar o primeiro que tentar fazer mal a alguém bom

Mas eu tenho minhas recaídas, elas não são tão frequentes, porém são muito fortes quando vem, eu me controlo ao máximo pra não machucar ninguém, porque toda vez que eu machuco alguém, eu me sinto um monstro, não quero ser um monstro

Essa data mexe tanto comigo...

Flashback

- não, você não vai! - minha mãe chorou de raiva

- ah cala a boca! - meu pai bateu no rosto dela

- bate em mim, você é um covarde! - gritei bravo

- Pedro, fica quieto por favor! - minha mãe brigou tentando me defender

- se você é homem vem aqui e me bate! - gritei com raiva

- muleque filho da puta! - ele gritou com raiva e veio pra cima de mim

A gente rolou no chão se batendo enquanto minha mãe gritava desesperada e meu irmão tentava separar

Os tiros começaram a ecoar pelo morro, meu pai me arremessou na parede e nesse momento entraram na minha casa atirando

A gente se abaixou e um dos tiros pegou no João, gritei de raiva e vi uns caras batendo no meu pai

- vai morrer na nossa mão! - um dos caras agarrou ele pela camisa e como ele não tava muito são eles arrastaram ele morro abaixo, atiraram duas vezes nele e jogaram ele no carro cantando vitória

Flashback

Eu não ia atrás dele, senti uma dor enorme, por ele ser meu pai, o meu pai, aquele que brincava comigo quando eu era criança, que me apresentava os caras que hoje são os meus maiores aliados, ele era meu tudo

Ele tinha seus problemas e não vou dizer que nos dávamos bem, não, a gente brigava muito, a gente brigava porquê a gente não pensava igual, ele queria poder, eu queria igualdade

Eu preferi ajudar o meu irmão, mas sinto até hoje a dor de não ter ido atrás, meu irmão se culpava as vezes, mas ele não é o culpado, claro que não

A última coisa que fiz foi falar que meu pai era um covarde, e eu sinto o peso das palavras até hoje

- Tá pensando em que? - Thaylla alisou meus cabelos

- Nada não - falei e ela continuou mexendo no meu cabelo

Como alguém consegue mexer tanto comigo assim?

- Ouviu alguma coisa do que eu disse? - ela perguntou e eu sorri

- Não - fui sincero e ouvi sua risada gostosa

- Priscila me mandou mensagem perguntando se a gente vai pra casa na fazenda da Flávia amanhã cedo - disse

- Você quer ir? - perguntei

- Pra mim tanto faz - ela respondeu

- A gente vai - respondi

- Beleza - disse digitando algo no celular

Ficamos um bom tempo calados, talvez por não ter nada pra dizer ou talvez por não saber o que dizer

- Acho melhor eu ir, tenho que arrumar as coisas pra amanhã - falou

- Tem certeza que quer ir, fica aqui em casa - falei olhando pra ela

- Eu tenho que arrumar as minhas coisas pra amanhã, não vai dar mesmo - falou

Me sentei no sofá

- Beleza, eu te levo - falei me levantando e pegando a chave da moto

Passei o braço em volta dos seus ombros e a gente saiu de casa, subi na moto e ela subiu logo em seguida

Desci o morro devagar porque não queria que ela fosse embora, queria ficar com ela a noite inteira, parei na porta da casa dela

- Valeu por me trazer - falou me entregando o capacete

- Não queria te trazer - fui sincero de novo e ela riu

- Boa noite Pedro - sorriu

- Eu ganho beijinho de despedida? - ela riu e se aproximou me beijando com calma

Não queria que aquilo acabasse nunca, falta de ar do caralho

- Amanhã eu venho te buscar - falei

- Tá bom, até amanhã então - acenou abrindo a porta

- Até - coloquei o capacete e acelerei morro acima

Naipe de Patroa Where stories live. Discover now