Capítulo 05

35K 3.1K 341
                                    

Naquela noite, Maria sonhou que corria em meio às árvores do castelo, desesperada. Era noite, havia muita neblina impedindo sua visão, e algo a seguia, ele queria matá-la, ela sabia demais. De repente, Maria tropeçou e caiu em sua salvação, braços fortes a seguraram e ela não viu mais a neblina, não sentiu mais frio, nem medo. O calor daqueles braços era tudo que ela precisava, ali ela estava segura. Acordou se sentindo bem melhor e resolveu voltar a trabalhar.

Passou na biblioteca para cumprimentar Jessica e se dirigiu ao seu lugar favorito naquela cidadezinha, o assombroso castelo. Ver o castelo depois de tantos dias deu a Maria uma paz e alegria que há muito não sentia. Só para conferir, ela abriu a caixinha do correio e tateou, mas não havia nenhum papel, na certa o dono do castelo não esperava que ela voltasse naquele dia. Foi até o portão com medo de que ele também não tivesse deixado o portão aberto, não esperando por ela, mas estava aberto. Ao chegar perto de seu jardim favorito, outra surpresa, as flores estavam molhadas, o que significava que alguém estava aguando as plantinhas. Maria se sentiu tão feliz, que como não ouviu nenhum movimento no castelo, trabalhou grande parte do dia cantando. Na hora de ir embora, pensou em agradecer as flores lindas que recebera, elas realmente estavam faltando no jardim. Era um grande progresso que o estranho tivesse aguado as plantas e ainda tirado flores do jardim para mandar para ela. Ela pegou seu bloco de notas, sua caneta e escreveu:

"Obrigada pelas flores lindas e pelo cartão, e também por aguar minhas plantinhas. Não sei por que não pode assinar seu nome, acredite, não sou detetive ou alguém que possa te prejudicar de alguma maneira. Obrigada principalmente por salvar minha vida, mesmo estando eu bisbilhotando sua casa, você foi amável e corajoso. Muito obrigada."

Quando chegou em casa, Marta e Lucena estavam tomando café na sala, com cara de poucos amigos.

— Olá. Aconteceu alguma coisa?

— Não aconteceu nada — disse a tia disfarçando.

Maria resolveu deixar para lá e foi tomar seu banho. Ao sair, deparou-se com Lucena sentada em sua cama encarando seu jarro de flores.

— Posso falar com você um instante, Maria?

— Claro, dona Lucena. — Maria sentou-se ao lado da mulher na cama.

— Marta me disse que você passa o dia inteiro fora, que está trabalhando — ela falava sem tirar os olhos das flores. — Não quero ser bisbilhoteira, mas gostaria de saber, onde você está trabalhando?

Maria gaguejou.

— Não é um trabalho formal dona Lucena, é uma bobeira, só cuido de umas plantas.

— Sim, e onde ficam essas plantas?

Maria respirou fundo.

— Desculpa dona Lucena, sei que a senhora não faz por mal, mas está sendo realmente bisbilhoteira.

Marta, que Maria não tinha visto, mas estava à porta ouvindo a conversa, começou a gritar que ela era mal educada e grossa, mas Lucena a interrompeu.

— Tudo bem, desculpa pela curiosidade, Maria, eu fui amiga da sua mãe quando éramos crianças, por anos ela foi como uma irmã para mim. E agora me sinto na obrigação de proteger você. Se não quer me dizer onde está trabalhando eu posso descobrir sozinha.

Maria se desculpou sem graça.

— Eu, estou... Trabalhando... Na horta... Com o Moisés. Eu o ajudo.

Marta abriu um sorriso satisfeito, enquanto Lucena olhou das flores para Maria e para as flores de novo.

— Que lindas flores, Maria! Nunca vi dessas na floricultura da cidade, onde conseguiu?

O assassino - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora