Nossas rimas

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  Você mexeu comigo. 

Não sei se foi o cheiro do pescoço ou o sorriso. 

Não sei se fico na minha ou me arrisco. 

Não sei se foi o cabelo ou a cor do batom. 

Mas nessa noite, para te conquistar, eu decidi usar meu dom. 

Você quer o mundo e eu só tenho lápis e papel na mão. 

Mas, quer saber? 

Talvez rimando eu ache o rumo do seu coração. 

Você parece não ter pressa de chegar. 

Eu imagino quando é que essa distância entre nós vai acabar. 

Antes de você agora já faz muito tempo. 

Eu costumava andar por aí colecionando beijos. 

E assim batia de porta em porta tentando achar o seu endereço. 

Eu costumava andar por aí tentando preencher o meu vazio. 

Foi quando você chegou e espantou o frio. 

O seu sorriso fez algo aqui dentro mudar. 

Eu segurei a sua mão e, pela primeira vez, não quis mais soltar. 

Eu estou gostando dessa brincadeira da gente ir se descobrindo. 

Que sorte a minha, com tanta gente idiota por aí, ter esbarrado contigo pelo caminho.

 Você gosta de ler, eu gosto de escrever.

 Você gosta de Charlie Brown, eu tenho todos os CDs. 

Você entende de vinhos, eu estou disposto a aprender. 

Torcemos para times rivais, mas isso não tem nada a ver.

 Eu vou rimando, você vai sorrindo.

 Eu vou rabiscando e vou te seduzindo. 

Escrevendo pra você estou me sentindo um MC. 

Letra após letra eu vou tentando te fazer feliz. 

Coloquei o som do Projota no último volume que é para me inspirar. 

Botei no repeat aquele rap da Tribo da Periferia que você me ensinou a gostar.

 Acho que um Natiruts agora também cairia bem. 

Não tem jeito, em toda canção romântica, na minha mente você vem. 

Não espere que eu escreva nada do nível Caetano Veloso. 

Esse aqui é só meu jeito de me sentir menos medroso. 

A rima é pobre, mas a intenção é nobre. 

Talvez pareça um pouco brega, mas quem nunca amou e ficou bobo, que atire a primeira pedra. 

Estava aqui pensando... 

Bem que você podia vir aqui pra casa hoje.

 Deixa esse povo invejoso falar. 

Prometo que depois dessa noite você sempre vai querer voltar. 

Já comprei aquela essência de narguilé que te deixa maluca. 

Fico imaginando eu te beijando dos pés até a nuca. 

Estou pensando na gente de conchinha assistindo um filme.

 Mas talvez eu já tenha tirado a sua roupa antes que o trailer termine.

 Diz pra mim que gostou desse poema? 

Se quiser marcar as amigas e dizer que é todo seu não tem problema. 

Abre aí o WhatsApp aí que eu vou te recitar ele por mensagem de voz. 

Talvez eu gagueje ou fale um pouco veloz.

 Quem sabe goste do meu sotaque ou do meu jeito de dizer. 

Talvez eu fique inseguro ou sei lá o que pode acontecer.

 Só quero que saiba que, essa noite, era pra você que eu precisava escrever.


Rafael Magalhães  

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