NOSSO FLASHBACK

711 22 0
                                    


Vez ou outra a vontade bate outra vez.

Quando a gente se encontra em um lugar inesperado e você está usando uma roupa do jeito que eu gosto, ou quando pego o celular de madrugada e percebo que não adiantou nada apagar seu nome da agenda porque sei digitá-lo mesmo sem olhar pro teclado.

E aí te abraço e percebo que ainda usa o mesmo perfume.

O novo corte de cabelo realça seu sorriso e o vestido curto revela que voltou para academia.

Então vamos conversando e aí me lembro porque me encantei da primeira vez.

Aquele olhar, aquela voz, nosso humor parecido.

Relembramos nossa viagem de praia e o dia que me declarei dentro do metrô.

Pergunto da sua família e me dou conto de quantas pessoas queridas eu tive que me afastar depois que terminamos.

Nesse meio tempo a bebida faz efeito, isso tudo se mistura e fazemos de conta que esquecemos.

Esquecemos as brigas, as decepções e as mágoas.

Esquecemos das inúmeras vezes que chegamos à conclusão que não dava mais para continuar.

A gente esquece e se entrega, e o seu corpo é meu mais uma vez.

O silicone é novo, mas os prazeres são antigos, e eu sei muito bem por onde começar.

 Nossos corpos se encaixam e por algumas horas a nossa chama volta a queimar.

E aquece.

E esquenta.

E pega fogo.

Uma mistura irresistível de mágoa, desejo e saudade.

Depois dormimos entrelaçados como tantas outras vezes.

Eu deslizando a mão pelo seu corpo que não me pertence mais.

Você deitada no meu peito ouvindo um coração que não bate mais por você.

E logo a luz do Sol invade a janela anunciando a chegada da verdade.

A realidade que aquela noite foi só um desafogo.

E no fundo já aprendemos que aquilo não é um recomeço.

E por isso engulo a frase na hora do último abraço e te vejo entrar na porta que antigamente eu tinha a chave.

E pensar que um dia te imaginei saindo por aquela porta com suas malas para viver comigo.

Não vai acontecer.

É só mais uma chave das tantas que perdi.

Volto para minha vida me perguntando se aquilo que fizemos foi certo, como se esse tipo de acontecimento pudesse ser planejado.

Mas agora é melhor colocar a culpa na bebida e jurar que isso nunca mais vai acontecer.

Talvez em breve um de nós encontre outro caminho e tudo isso fique no passado.

Na verdade eu só consigo chegar a duas conclusões sobre nós dois: A gente nunca vai dar certo.

Eu sempre vou te amar.

Rafael Magalhães

Precisava Escrever ✏️💭 Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt