Capítulo 22 (R) *

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Gabriella Narrando

Eu queria correr, queria muito correr pra longe da mira do seus olhares raivosos e do Cadáver. Assim que ele se vira pra falar algo com os caras que estavam com ele, vejo uma oportunidade de correr e é o que faço, tento o máximo forçar minhas pernas a caminharem o mais rápido possível mas era como seu tivesse perdido o controle delas e elas estiverem três vezes mais pesadas.

Ele havia matado um homem friamente, sem remorso, sem pressa ou ansiedade.. Ele simplesmente programou tudo calculadamente e tirou a vida de alguém a sangue frio, e o pior foi que eu presenciei tudo e não pensei que pudesse me sentir dessa forma tão.. é horrível.

Meu celular que havia caído no chão começa a vibrar, mesmo com a película rachada consigo enxergar a foto de Giovanna embaçada.

Engulo um seco olhando na direção dele, está cada vez mais próximo, eu não conseguia ficar calma com a sua aproximação após a cena que vi.

Meu corpo pesa e mover os braços se tornava algo difícil após o choque. É horrível sentir o medo cada vez maior ao tê-lo se aproximando de mim.

- O que tu tá fazendo aqui porra? - Sua voz saí baixa mas ao mesmo tempo ruidosamente assustadora, engulo em seco sentindo o ar me faltar quando ele pega no meu braço com rudeza - Tu vai pra casa agora, anda, não falei pra tu ir direto pra casa porra? - Não conseguia formular um raciocínio, estava em choque. -Anda, Gabriella! - Ele esbraveja, fecho meus olhos com força demorando para os abrir novamente - Tô de brincadeira com você não caralho, anda.

- Como.. como pôde?

- Gabriella, não em testa caralho.

- Você executou o cara em plena praça porra, como você..

- Como eu pude fazer isso, como eu fiz isso não é da tua conta caralho! Tu não sabe de nada, Gabriella, se isso aqui que tu viu vazar tu pode ter certeza que a próxima a virar cadáver é você!

Dou um passo pra trás decepcionada, como eu pude ver um pingo de humanidade nesse cara antes? Não existe, ele simplesmente é esse cara sujo que se disfarça de homem bom, assim como Lorenzo foi um dia.

- Você não é nem um pouco diferente do Lorenzo, Nem. Tenho pena dos dois, mais de mim por ter me envolvido com alguém tão parecido. - Murmuro sem vontade, percebo que isso o enfurece e não fico pra presenciar outro esporro.

Assim que me viro encontro Marcinho se aproximando, ele tem meu celular que caiu no chão em mãos e me oferece um olhar confortador, aceito seu conforto e me aproximo dele que me aguarda no meio fio.

- Tu deveria tá em casa ruivinha, tu gosta mesmo de tirar o Nem do sério.

- Acabei me atrasando um pouco, não foi proposital muito menos intencional, mas foi necessário pra eu conhecer esse lado que ele esconde. - Começamos a andar, ele começa a me acompanhar até em casa.

- Que lado? - Ele semicerra os olhos - Esse lado dele sempre esteve aí ruiva, a diferença é que ele só mostra pra quem tem o pior dele. Tu já viveu com caras assim, não se faz de desentendida não que tu sabe muito bem que as paradas acontecem desse jeito na favela.

Não, eu não sabia.

Convivi durante anos com o Lorenzo mas nunca chegou ao meu ouvido que ele deu aval pra matar ninguém, acredito que nem tivesse uma posição que permita que ele faça isso.

Tentação Perigosa (No Telegram)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora