Capítulo Onze

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Andamos cerca de duas horas até acharmos um córrego cristalino. Descansamos por um tempo, mas não baixamos a guarda. Os barulhos que nos cercam são intensos e constantes.

A floresta inteira parece se agitar com os estranhos, as copas das árvores balançam com o vento como se sussurrassem umas às outras para espalharem a notícia sobre nós. Tudo é tão estranho e surreal. Até parece que estamos em um lugar nunca antes descoberto por ninguém. Intocado e completamente isolado da sociedade humana. Como se fosse um mundo novo saído direto dos filmes.

Durante nossa trajetória topamos com uma árvore que lembrava muito a amoreira, e seus frutos se assemelhavam aos da espécie, porém diferenciam por serem bem maiores. Do tamanho de cachos de uvas e exalarem um fedor nada agradável. Ninguém quis arriscar provar a fruta.

Também vimos alguns insetos como borboletas com asas transparentes. Pareciam tão finas e frágeis como papel mas se camuflavam perfeitamente ao ambiente por causa de suas asas de vidro. Vi um besouro tamanho de uma mão agarrado em uma árvore de tronco grosso. Ele era esverdeado e suas patas asquerosas lembravam duas pinças. Tudo ao nosso redor parecia ser ameaçador e estávamos loucos para sair do alcance da parte mais densa e fechada da mata e encontrar o céu aberto. Em seguida, continuamos nossa jornada descendo uma espécie de vale e finalmente nos livramos das árvores gigantescas e achamos uma área extensa mais aberta em que o sol voltou a incidir sobre nossas cabeças e corpos suados.

    — Esse lugar parece bom. Deveríamos parar aqui pra comer. Eu tô morto de fome.— fala Morrison.

    — Sinto falta da praia. Acho que mudei de ideia. Vamos voltar?— Ellen diz

    — Ótima ideia— concorda Alex, ele empurra o óculos que escorrega, para parte mais superior do nariz.

    — Já estamos andando há horas. Não vai dar tempo de voltar antes do anoitecer.— Jake rebate. Ele abre duas latas da gororoba que comemos durante toda a semana e entrega uma para Ellen e outra para mim. Dou um gole na papa gosmenta e salgada.

    — Isso se conseguimos voltar. Não sei vocês, mas eu não lembro do caminho de volta. Todas as árvores parecem iguais pra mim.— acrescento

    — Deveríamos ter marcado os troncos quando passávamos por eles. Assim saberíamos por onde passamos e teríamos um ponto de referencia.— Alex diz

    — É verdade. Como não pensamos nisso antes? Que mancada. — bufa Morrison

    — Não deve ser difícil voltar. É só seguir o lado onde o sol se põe. Ou seja no oeste. Foi de lá que nós viemos.— Jake aponta para a direção e depois pega a lata oferecida por Ellen.

    Cansados decidimos parar ali mesmo para acamparmos. A tarde abafada passa rápida . Nos apressamos em montar um acampamento o quanto antes. Jake e Morrison montam armadilhas para pegar seja lá o que for nosso jantar enquanto o resto de nós ficamos montando as fogueiras. Mosquitos começam a sair com o avanço da noite e passam a nos incomodarem incessantemente. Com a fogueira acessa o fluxo diminui, mas ainda assim frequentemente nos pegamos estapeando das picadas dos insetos.

    — É isso que eu chamo de verdadeiro inferno. Nada na terra pode ser pior que isso.— Ellen reclama, massageando os pés cheio de bolhas — caramba, meus pés estão me matando. Será que alguma dessas folhas deve prestar pra melhorar isso aqui?

    — Eu Não sei. Não conheço nada sobre plantas.— respondo

    — Quando Jake e Morrison vão voltar com alguma coisa pra gente comer?

    — Não sei. Eles saíram já faz um tempo. Devem voltar logo.
    — Será que algum bicho vai atacar a gente durante a noite? E se aquela cobra da árvore nos seguiu até aqui?— ela se questiona, começando a me irritar com suas perguntas idiotas.

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