die there if you want

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"morra lá se você quiser"

Levantei da calçada após falar com Aaliyah e entrei novamente naquela maldita casa. Não consigo acreditar que Kiara vai fazer, finalmente, todas essas dores simplesmente sumirem. Não sei como, mas ela irá fazer.

Antes de passar pela porta, já conseguia ouvir a voz do meu pai em tom alto e firme e garrafas estraçalhando ao colidirem com o chão.

O pior eram os ecos. Cada palavra, cada caco de vidro, era ouvido e repetido pela minha mente centenas e centenas de vezes. Estranhamente esses ecos e vozes só paravam com as pílulas.

Mas se Kiara diz que não devo tomar, não tomarei.

— SEU DESGRAÇADO, ACHA QUE EU ESTOU COM DINHEIRO SOBRANDO? VAI FECHAR AQUELA MERDA. — meu pai, já alterado pelo álcool, gritava a centímetros de mim. Deixou um forte tapa em meu rosto após me repreender por eu ter deixado a torneira da banheira ligada, assim como Kiara pediu.

Mesmo com a bochecha avermelhada e latejando de dor, eu o encarava nos olhos, não tendo expressão alguma das duas partes. A diferença é que nos meus continham lágrimas de raiva, já nos dele, um belo par de um escuro vazio.

— Pare de frescura, quantos anos tem para ficar chorando por ai? — apontou o dedo para mim, se aproximando. — EU MANDEI PARAR. — empurrou meu corpo contra a parede, segurando meu pescoço e deixando-me a alguns centímetros do chão.

As lágrimas pararam estantaneamente de descer. Eu não queria obedece-lo, mas o medo tomou conta de mim.

— Ainda bem que entendeu, não esqueça que você me deve respeito, infelizmente, eu sou seu pai. — soltou meu pescoço dando-me espaço para respirar. Tentei compassar minha respiração e erguer meu corpo fraco.

— Sabe Manuel, você já deixou de ser meu pai a muito tempo. — o confronto quando ele se senta, pegando outra cerveja. — Agora você é apenas um morto que bebe o dia todo, assedia a filha e agride o filho. — cuspo em poucas palavras tudo que gostaria de ter o dito em anos.

— Cala a boca moleque. — sua raiva parecia estar voltando, o que só me deu mais vontade de falar. — Isso tudo é pela morte da mamãe? Você não percebe que está nos matando pouco a pouco? — ele veio de volta em minha direção e me jogou com mais força na parede, deixando um soco do outro lado do meu rosto.

— NÃO FALE MAIS DELA, VÁ PARA SEU QUARTO E MORRA LÁ SE VOCÊ QUISER, MAS NÃO VOLTE AQUI. — apontou para as escadas.

Um dia todos pagarão pelo que fazem, independente de qualquer coisa.

me segue aqui no wattpad :) tenho outras obras que talvez possam te agradar.

over and out,
brubsz

LOST MY SOUL ↯ mendesWhere stories live. Discover now