- Isso é piada? - Eles começaram a resmungar pelos cantos. - Eu sei que a senhora adora isso de orar, mas nossa vida está em perigo agora.

Eles continuaram o resmungo, então eu tentei fechar meus olhos por um instante. Eu não conseguia ver nenhuma saída a não ser essa. Só Deus pode nos ajudar agora, mais ninguém.

- Vamos fazer isso. Se a prof. está dizendo, é porque é nossa única chance. - Catarina se pronunciou já pegando em minhas mãos.

Alguns suspiros. Reviraram os olhos. Reclamaram. Porém estávamos ali depois de alguns minutos, orando. Pedindo a Deus em voz baixa que nos livrasse, se fosse da vontade Dele.

- Levantem-se agora! - Me assustei com a porta voando para o chão.

As crianças, correram para o fundo da sala e se ajuntaram. Observei que alguns ainda estavam de mãos dadas e outros ainda murmuravam algo que parecia ser uma oração.

Apenas continuei segurando, bem firme, as mãos dos dois alunos ao meu lado apesar de um deles tentar se desprender, eu ainda o apertei e enfim ele desistiu de sair. Quando olhei novamente, percebi que alguns alunos ainda estavam de joelhos comigo, sem se mover um musculo.

- Não está me ouvindo falar? - O homem, que tinha alguns fios ruivos e sardas no seu rosto se aproximou com sua enorme arma apontada no meu rosto.

Meu coração só sabia bater cada vez mais rápido. Um acesso de medo fez eu deixar as mãos dos alunos escaparem das minhas, mas eles permaneceram parados juntos comigo.

- Eu ouvi bem. Não estou surda. - Respondi, inclinando minha cabeça para o lado para desviar sua arma de mim.

Bufei. Meu olhar tinha que ser firme, eu não podia ter nenhum tipo de demonstração de medo, eu não podia recuar. Eu precisava passar o máximo de segurança para aquelas pequenas pessoas que estavam apenas começando suas vidas.

- Porque fez eles orarem? Agora terei que matar todos. - O moreno que estava na porta inclina sua cabeça para fitar as crianças no fundo e já prepara sua arma. - E eu ainda tinha impressão que aqui teria alguma salvação. - O moreno continuou.

- Tem salvação aqui, para todos eles. E para mim também. Eu não vou negar a Jesus só porque tem uma arma de fogo na minha cara. - Falei com o tom de voz debochado. - Vocês são os únicos que irão saber como é o inferno e os que habitam lá. - Trinquei os dentes, falando o mais baixo possível, apenas para o ruivo com sua arma em cima de mim, poder ouvir.

- Porque está falando assim comigo? - Ele agarra meu queixo e me dá uma bofetada.

Isso doeu, claro que sim, mas depois da primeira bofetada, as que vem depois são como um arranhão e não como um espinho cravado em seu peito.

- Você é uma vadia. Isso sim. - Ele continuou segurando meu queixo e, um arrepio na espinha me tomou, quando ele começou a me devorar com seu olhar de cima a baixo. - Nós poderíamos nos divertir com ela antes, não acha?

- Eu acho que você deve acabar com isso logo. Antes que as sirenes comecem a vir. - O moreno, porta, rosna.

Não. Eles não podem fazer mal a essas crianças. Por favor, meu Deus, salve-nos agora. Salve-os. Que a vida deles seja poupada e a minha seja tomada em troca.

- Tanto faz. É só levantar o vestido dela e abrir meu zíper. - Eu continuei imóvel, tentando, com todas as minhas forças, não demonstrar um pingo de medo. - Você não vai se negar?

Apesar de parecer forte, naquele momento eu estava tremendo, mas eu sei que o meu Redentor está comigo. Ele jamais me abandonou nos momentos que eu mais precisei, não seria agora que isso aconteceria, pois, minha confiança está totalmente Nele.

O preço de amar a CristoWhere stories live. Discover now