Demagogia

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A barriga de Miriam já estava enorme. Carlos teve poucas melhoras em seus movimentos, mas seus livros já estavam no forno para serem publicados. O editor gostou deles e fechou um contrato que permitiria ficar em casa por um tempo sem se preocupar com dinheiro, inclusive pagar a maior parte da dívida que tinha com Tomé.

- Tem certeza, amor? Não quero você pegando peso e passeando pra lá e pra cá.

- Eu preciso me movimentar, Tomé. A barriga pesa, mas eu sou forte.

- Parece que foi ontem que descobrimos que você estava grávida... O tempo passou bem rápido.

- Eu não aguentava mais tanto enjoo.

- Não vai buscar Leo?

- Ele pediu para vir sozinho hoje.

- E por quê?

- Acho que tem a ver com uma tal Larissa lá da escola.

- Quer dizer que ele mudou de ideia e agora essas coisas não são mais nojentas?

- Deixa o menino.

- Eu fico preocupado com ele.

- Se quiser dou uma olhada da esquina sem eles perceberem.

- Melhor não. Se ele te ver vai reclamar até a hora de dormir.

- E dona Clara?

- Disse que já está tudo pronto para viagem, mas que só vai depois que vir essa criança nascer.

- Preciso falar pra ela que está tudo bem e que ela pode ir.

- Deixe-a ter esse gostinho, Miriam. Se você não sabe, Matias e ela não tinham filhos. Esse bebê para ela é como uma neta.

- É que me lembro o quanto ela estava feliz quando falava de ir morar com a irmã.

- Falta pouco também pra pequena Helena nascer. Depois disso, na hora que ela achar melhor ela irá.

- Enfim chegou em casa, mocinho.

- Oi para você também. Oi, Tomé.

- E aí, Leo. Como foi?

- Foi o quê?

- Não se faça de sonso. Com a menina.

- Prefiro não comentar. Vou pro meu quarto.

- Não vai comer?

- Agora não.

Ele jogou a mochila num canto do quarto, deitou na cama e ficou olhando para teto.

- Como é difícil esse negócio, acho que vou ficar com os quadrinhos.

Tomé bateu na porta e entrou.

- Que conversar?

- Não sei. O que você sabe sobre meninas?

- Pergunta difícil. O que quer saber?

- Tem essa menina lá do colégio. Ela é nova, mas gostei muito dela. Hoje eu peguei na mão dela quando viemos embora.

- Nossa, você é rápido.

- Quando eu peguei na mão dela me deu um negócio na barriga e fiquei muito nervoso.

- Isso porque você gosta dela. Isso é o que acontece quando seu corpo responde. Não se preocupe muito, apenas deixe acontecer.

- Mas o que eu faço? E se ela não gostar de mim?

- Ela deixou você pegar na mão dela. Se não gostasse não o faria.

As escolhas de cada umOnde as histórias ganham vida. Descobre agora