- Olá, Carlos, como está hoje?
- O de sempre.
- Hoje eu não vou ficar com você depois do horário.
- Hum... Acho que alguém arrumou uma namorada.
- Que nada. Preciso passar na casa da dona Clara, esposa do Sr. Matias. Ela disse que tem algumas coisas que gostaria de doar e eu vou ajudar.
- Se é uma boa coisa, fico contente que você está ajudando.
- E eu sei que é só simbolismo, mas vou aproveitar e levar umas flores no túmulo de minha irmã.
- Queria poder fazer isso, pedir perdão a ela por não ter dado a atenção que ela merecia.
- Em qual cemitério ela foi enterrada?
- Não se preocupe com isso, Tomé, ela foi enterrada em outro estado.
- Tudo bem. Te vejo amanhã, vou continuar minha ronda.
Tomé se foi e Carlos se pôs a escrever. Vinha fazendo isso já havia algum tempo sem parar. Começou escrevendo o que sentia e o que havia acontecido em sua vida até ali. Agora escrevia romances em que incluía um pouco de suas experiências.
- Dona Clara, esses livros, se a senhora não se importar, gostaria de ficar com alguns.
- Escolha os que quiser, Tomé. Matias ficaria feliz em vê-lo se interessando por eles.
Um baú com vários livros estava aberto em um canto do quarto enquanto Tomé, sentado à sua frente, olhava um por um. Ele viu que havia alguns romances espíritas e separou também alguns para Carlos ler.
- Muito obrigado pela sua ajuda, Tomé, você é um anjo por dar atenção para uma velha chata como eu.
- Não fale assim, dona Clara. Matias brigaria comigo se eu permitisse que a senhora falasse dessa forma.
- Sinto falta dele.
- Eu também, seu marido era uma pessoa muito especial.
- Agora que conseguimos desfazer de tudo, vou te deixar com suas coisas.
- É sempre um prazer lhe ajudar.
- Também me agrada sua companhia, Tomé, mas está na hora de você fazer suas coisas. Você não tem namorada?
- A senhora é a segunda pessoa que toca nesse assunto de namorada hoje. Pareço tão solteirão assim?
- Na verdade, sim.
Eles riram e se abraçaram.
- Fique com Deus, dona Clara. Ah, já ia me esquecendo. No sábado eu estarei de folga e gostaria de levar a senhora para jantar.
- Mas por que isso? Não acha que estou um pouco velha para você? – Ela deu uma piscadela e ele ficou sem graça.
- Não é isso, é que a senhora sempre me tratou bem e ainda hoje faz comida para mim. Só gostaria de retribuir um pouco.
- Eu estava brincando, Tomé. Fique tranquilo, tenho você como um filho que nunca tive e você já me ajuda muito. Vou procurar uma pessoa para me ajudar com as coisas de casa, assim te dou uma folga.
- Então sábado, lá para as dezenove horas, venho te buscar.
- Está combinado.
Tomé foi embora. Ainda ia visitar o túmulo de sua irmã. No caminho comprou umas flores de uma banquinha que já estava fechando, pegou o ônibus e desceu bem próximo do cemitério.
ESTÁ A LER
As escolhas de cada um
SpiritualOlho por olho, dente por dente. Foi assim que Carlos tomou uma das escolhas mais difícies de sua vida. Quando os preceitos são relevantes, a esfera divina que assiste os encarnados trabalha para que todo a programação siga de acordo. Porem as vezes...