Capítulo 9 - O código e a despedida

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- Está em código binário, li num livro sobre futuras invenções da humanidade, uma moça chamada Ada, condessa de Lovelace (lembrei do nome da mulher, querido leitor), trabalhou algo parecido com a teoria da Máquina Analítica de Babbage, enfim... vamos logo decifrar esse bilhete. O que diz aqui é "o retorno começa onde o tempo se mede e tem o animal rei como guardião, a cápsula está fechada, mas está a vista de todos. O tempo está ao lado de Deus."

Enquanto minha vó falava, eu ficava admirando sua inteligência e pensando como ela conhece o código binário, será que havia tido contato com algum computador? "Não, não acho possível." Pensei.

Ficamos tentando pensar em algum lugar possível, mas não conseguíamos achar, vovó achava que tinha alguma relação com algum relógio já que falava tanto sobre tempo. Mas não conseguia imaginar onde ele poderia estar. Foi quando me deu um estalo, lembrei das minhas visitas guiadas no Museu do Café e do passeio de bondinho que havia feito inúmeras vezes, só podia ser o relógio da estação ferroviária, os leões o protegem e ao lado da igreja do Valongo, ou seja, ao lado de Deus. Eu não queria dizer a eles qual era o lugar, achei melhor me despedir e ir embora para não mudar algum fato importante no tempo.

- Vitor e Leornilda, eu vou indo embora, imagino que seja um lugar, mas não tenho certeza, de qualquer forma preciso seguir em frente sozinho agora, tudo bem?

Eles estavam se olhando apaixonados, estavam encantados um pelo outro, e eu já sabia no que isso ia dar no futuro, caro leitor... enfim, Vitor me deu mais algum dinheiro, os meus réis haviam acabado, me desejou sorte, me abraçou forte como se soubesse de alguma coisa, disse ainda que não ia saber o fim da história, mas que acreditava nela. "Eu sei", pensei. Leornilda me deu o papel em que colocou a decifração do código, coloquei no bolso e parti antes que virasse o dia. Ela pediu pra tirar uma foto, fomos até a sala onde estava aquelas câmeras bem pré-históricas, na hora do clique eu coloquei a mão no rosto, tive medo de ser reconhecido, coisa de momento. Fui saindo com pressa, os dois ficaram ali, parados em frente a escadaria da casa, esperando até que nossos olhos não pudessem mais se achar. Uma lágrima caiu do meu rosto, mas não tinha tempo mais, logo era noite e eu precisava chegar ao relógio. Peguei o bonde de volta para o centro da cidade.

Isaac Thomas e o Cofre MágicoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora