Capítulo 3 - A contagem regressiva

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Depois que conheci Ana, minhas paixões haviam mudado de lugar, confesso que esqueci um pouco vovô Vitor e a teoria do cofre mágico, na verdade, nem me lembrava mais porque motivo comecei a trabalhar como guia do Museu do Café. A paixão enlouquece a gente, um tal de coração apertado, e pela primeira vez na vida, experimentava esse sentimento tão abstrato e endoidecedor. Eu era considerado nerd pelos amigos, a adolescência inteira passei mais preocupado com os acontecimentos históricos do que com as paixonites do colégio. Não queria saber de meninas naquela época e meus amigos tiravam muito sarro por eu ser B.V. até os 17 anos (fazer o quê?). Enfim, Ana mostrou um sentimento que eu não havia provado em toda a minha vida e eu não pensava em mais nada, nem nos acontecimentos históricos... Mas, voltando ao eclipse lunar, depois de meses, foquei novamente na história de meu avô, decidi me preparar para este dia, daria um jeito de depois da visita noturna ficar no Museu e entrar no cofre à meia-noite, como dizia no manual do cientista Amoroso, comecei a contagem regressiva, pois faltava apenas 7 dias...

Preparei tudo, estava levando comigo o almanaque de 1929, uma lupa, uma cópia dos manuscritos do cientista Amoroso, uns contos de réis da coleção de moedas antigas de mamãe e vestia um terno da época (que era do meu avô) para que pudesse ser confundido com um corretor da Bolsa do Café. Sim, caro leitor, estava confiante de que ia dar certo este passeio no cofre mágico, imaginaria o dia 29 de setembro de 1929, dia em que meu avô conheceu seu amigo Edison, tentaria pegar novos dados com ele, quem sabe, se o conhecesse. Lógico, meu querido leitor, que eu não poderia perder a oportunidade de ver meu avô, uma vez mais, com a minha idade (19 anos), e, aproveitaria para conhecer uma pessoa que já havia partido quando eu nasci, vovó Leornilda, que por sinal, será muito importante para desvendar a história do cofre mágico... Você se perguntou alguma vez, querido leitor, porque estaria levando a lupa? A resposta é simples, sempre quis ser Sherlock Holmes.

Logo chegou o dia 25 e eu estava trabalhando na visita noturna do Museu. Naquele dia, explicava os pontos históricos para os visitantes de forma decorada, pois queria mesmo é que chegasse a hora de fechar o Museu para eu entrar naquele cofre mágico...

As horas se passaram bem devagar, mas quando bateu 21h no relógio, tratei de despistar Ana dizendo que mamãe havia me ligado e precisava ir rápido para casa. Ana consentiu e disse para eu ir logo, pois poderia ser algo grave. Então comecei com meu plano de ação... bati o cartão do ponto e fui embora pela porta principal, dei a volta no quarteirão, pois havia deixado a porta lateral aberta para conseguir entrar pelos fundos do Museu. E assim aconteceu, entrei, peguei meu "kit de viagem", parei em frente ao cofre, respirei fundo, já era quase 22h e entrei no cofre, fechando aquela porta grossa e maciça com a ajuda de umas rodinhas que havia confeccionado durante esses dias de planejamento, deu certo, agora era só colocar o terno e esperar a meia-noite.

Cochilei por um instante, acho que delirei, pois achei que estava conversando com um astronauta que tinha uma luneta do futuro no umbigo, quando ia ver o que tinha na luneta, acordei e ouvi barulhos vindos de fora do cofre, eram dois homens conversando, falavam sobre tomar café antes que abrissem a Bolsa. Meu Deus! Pensei. Falavam da Bolsa, isso quer dizer que eu havia conseguido!? O problema é que eu havia planejado entrar no cofre, mas não planejei a saída, pois quando me dei conta, uma fresta de luz se abriu dentro do cofre e pude ver que estava em cima de sacos de dinheiro. A fresta foi crescendo, era alguém abrindo o cofre...

Isaac Thomas e o Cofre MágicoWhere stories live. Discover now