- Tormenta! – gritou Quilha na sequência.

Para a surpresa de Saga, o chão da arena começou a distorcer-se, formando uma grande ondulação de terra. Ficou desorientado e deteve-se na tentativa de recobrar o equilíbrio.

- Há! – sorriu em galhofa o cavaleiro de prata. Baixou os braços com as mãos espalmadas.

Uma gigantesca figura surgiu sobre Saga. Mesmo com o desorientador balanço do chão, conseguiu reconhecer a imagem da parte inferior de um navio.

- Essa é a quilha do famoso Argo, irmão. Defenda-se, se puder.

Com uma enorme pressão, o amontoado de cosmo aproximava-se rapidamente. Saga estava, de fato, refém de uma tormenta, que impedia qualquer movimentação evasiva. Sem uma base segura, não poderia arriscar um contra-ataque.

- O jogo virou – falou Aiolos, discretamente.

"Como vai escapar dessa?", pensou Sagitário, tendendo a torcer pelo cavaleiro de Erídano.

Saga praguejou:

"Infelizmente serei obrigado a copiá-lo".

- Outra Dimensão.

A quilha do imenso navio cósmico chocou-se contra a tormenta de terra.

Kanon percebeu o movimento, mas ainda estava atrelado à execução da técnica. Sabia que esse era o ponto fraco do golpe.

Saga surgiu às suas costas.

- Satã Imperial!

Um facho de luz escarlate atravessou o crânio desprotegido.

Imediatamente a técnica de Quilha se dissolveu.

- Você está sob o meu comando – disse Saga, calmamente. – Ordeno que se renda.

O rapaz tremia. Escorria abundante suor de suas têmporas. Para aquele ardiloso ataque não havia possibilidade de resistência.

Com os olhos hipervascularizados, Kanon ergueu o braço direito, tentando inutilmente resistir ao comando.

- E-Eu me rendo. – gaguejou.

Caiu de joelhos arfante. O efeito imperativo passou assim que a ordem foi cumprida.

- Isso! – Draco dava pulos de celebração. – Dá-lhe, Saga!

O público aplaudiu efusivamente.

Shion aguardou a comoção, sem interrompê-la dessa vez.

Passada a agitação, O Grande Mestre fez o anúncio solene:

- O combate foi válido. Eis o santo dourado de Gêmeos, Saga!

Mais aplausos.

Saga olhou de soslaio para o irmão, dirigindo-lhe um discreto sorriso escarnecedor.

A ideia da promoção de Saga era insuportável a Kanon, que por anos dedicou-se a judiar da posição inferior do irmão como cavaleiro de bronze.

- Mestre! Exijo uma reavaliação do combate.

A surpresa foi unânime.

- Que ultraje! – falou Mu, que raramente se exaltava.

Cresceu um forte burburinho na arquibancada.

- Sob que pretexto contrarias meu arbítrio? – indagou Shion.

- Senhor, fui vítima de uma técnica de possessão. O resultado da luta está comprometido.

Os comentários do público ganharam volume.

- Saiba, jovem, que tal movimento é considerado imobilização. Além disso, serviu para evidenciar a perícia de Saga na manipulação do cosmo, um atributo indispensável ao mais alto escalão de Atena.

Kanon rangeu os dentes.

"Finalmente revelou-se", pensou Shion, e continuou:

- Ao contrário de Saga, tu não mostraste nenhuma técnica de Gêmeos.

- Mas eu...

- Aquilo não era o Outra Dimensão, Kanon. Era algo muito próximo, mas diferente.

O rapaz abaixou a cabeça, num aparente gesto de rendição.

- Há! Há! Há! – começou a gargalhar desvairadamente. – Isso mesmo, velhote. Era outra coisa.

Uma cosmoenergia maligna ascendeu de Kanon.

- Triângulo de Ouro!

Para o espanto geral, Quilha liberou uma sucessão de triângulos dourados na direção do Mestre.

Aiolos interpôs-se.

- Trovão Atômico!

- Não vai adiantar, tolo! – respondeu com deboche.

O plasma elétrico desapareceu por entre os triângulos.

Mu e Laila esboçaram um movimento, mas o ataque de Kanon se dissipou abruptamente.

- Saga! – sorriu Laila.

O cavaleiro impediu o atentado com um simples golpe na nuca do irmão.

Desse modo, Saga ascendeu ao patamar de santo de Gêmeos. Sua primeira missão no novo posto foi encarcerar o traidor Kanon na prisão do cabo Sunion.

Ele e o irmão cumpriram, sem saber, os desígnios de seu pai divino, desencadeando os eventos que levaram à perversão do Santuário de Atena e ao despertar do deus dos oceanos.

FIM

Saint Seiya: Ascensão de SagaWhere stories live. Discover now