Capítulo 7

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CAPÍTULO 7 — CECÍLIA

Chegamos a Prudente depois do almoço, como não tenho prática em dirigir acabei gastando mais tempo que o necessário no trajeto. Consegui achar um hotel simples e aconchegante para que eu e Marta pudéssemos nos acomodar até conseguir um lugar fixo para morar.

Tomo um banho e me sento na cama, estou cansada.

— Deite. Você precisa descansar.

— Marta, você sabia? Sabia que ele era infiel.

— Sabia menina, sempre soube — diz de cabeça baixa. — Quando a sua sogra era viva ele escondia melhor os casos, mas depois da sua morte ele não fazia questão. Tentei te avisar, mas Humberto descobriu e ameaçou me demitir, eu não podia ficar longe de você. Por isso me calei e fui dando pistas para você descobrir.

— E eu nunca descobri — digo envergonhada. — Como fui idiota de não perceber o que estava acontecendo?!

— Você não é idiota. Você é pura menina, tentou ser a melhor esposa possível. Ele não merecia você, queria apenas exibir uma bela mulher, você era tão grata a ele que não o cobrava, então ele não tinha que se preocupar com você.

— Uma esposa troféu.

— O ouvi ao telefone falando que o filho tinha que estar presente na inauguração do hotel, por isso insisti para você ir, disse para fazer surpresa, se tivesse avisado a ele que iria, Humberto teria arrumado um jeito de esconder o menino ou daria alguma desculpa para você não ir.

— Por que fez tudo isso, Marta?

— Posso não ser a sua mãe, menina Cecília, mas sinto como se fosse. Sabe que Deus não me deu o dom de ser mãe, eu só tenho você. Quero te ver feliz, você tinha conforto naquela casa, mas faltava o principal. Faltava o amor. Meu velho não me deu um filho, mas me deu amor. Você merece ser amada, é uma boa menina. Dinheiro não é tudo na vida, você estava apenas vegetando dentro daquela casa — diz depositando um beijo em meu rosto. — Deite, durma um pouco e descanse, quando acordar vai saber qual decisão tomar.

— Obrigada.

Deito na cama, os meus olhos se fecham e durmo rapidamente. Quando acordo o sol já se pôs, é noite.

Levanto-me da cama e vejo um lanche, que provavelmente Marta deu um jeito de conseguir. A procuro pelo quarto e vejo a porta do banheiro fechada, tudo indica que está tomando banho.

Sento-me próximo a janela e faço o meu lanche. Então me lembro do cartão que Maria me passou, pego o seu número e ligo. Maria me atende, como já tinha me falado se propôs a me ajudar, disse que amanhã cedo vem até o hotel.

Eu e Marta ficamos assistindo TV e fazendo planos para o futuro até a hora que o sono chegou e dormimos. No outro dia acordamos cedo, descemos para tomar café da manhã e ficamos esperando Maria chegar.

Não me assusta em saber que Marta e Maria se conheciam, afinal fomos vizinhas. Diferente de mim, Marta não foi proibida de conversar com a vizinha e pelo visto ambas possuem um carinho enorme uma pela outra.

— E agora o que pretende fazer? — Maria pergunta.

— Preciso vender as minhas joias, trocar de carro e com esse dinheiro conseguir um lugar para morar com a Marta, também preciso de um emprego.

— Posso arrumar algumas faxinas e ajudar.

— Não Marta. Eu não quero você trabalhando. Já trabalhou muito, agora eu quero cuidar de você.

DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação Where stories live. Discover now