Capítulo 1- Cecília

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Parte 1


CAPÍTULO 1 — CECÍLIA

Depois de muito relutar resolvi seguir o conselho de Marta e fazer uma surpresa ao meu marido. Hoje é um dia grandioso e como sua esposa, quero estar presente e ver o seu sucesso. Por isso passei o dia no salão me arrumando. Quero estar linda para ele.

— Como estou? — pergunto dando uma volta para Marta me ver.

Estou com um vestido longo de alças finas na cor preta. Um conjunto de colar de ruby e brincos completa o meu look. O colar foi presente de Humberto, ele gosta que eu sempre use joias quando estou ao seu lado.

Humberto Avelar, o meu marido, tem uma rede de Hotéis e acaba de inaugurar mais um hotel na cidade de Prudente, cerca de cem quilômetros de distância da nossa pequena cidade, Promissão.

Nunca vou a esses coquetéis, mas dessa vez Marta me convenceu a fazer uma surpresa para o meu marido. Então aqui estou eu pronta para ir ao seu encontro.

— Está linda, menina.

— Não está vulgar? — Dou uma volta e me olho mais uma vez no espelho.

Tenho medo de me mostrar demais e fazer o meu marido passar vergonha com a minha roupa. Tenho que ser exemplo, Humberto tem um nome a zelar.

— Que nada menina, está deslumbrante — diz com um brilho no olhar. — Não se preocupe.

— Estou com medo.

— Não precisar ter medo, o senhor Humberto vai gostar da surpresa.

Mesmo Marta afirmando que ele vai gostar, ainda me sinto um pouco insegura, Humberto não é adepto a surpresas, gosta que eu fale o que pretendo fazer o deixando a par de tudo o que acontece em minha vida. Hoje fiz diferente, ele não sabe da surpresa, fiquei uma semana me preparando para o dia de hoje. Sei que fiz errado em esconder do meu marido, mas como Marta disse: foi necessário, senão a surpresa não teria nenhuma graça.

— Marta, não acha estranho eu como esposa do Humberto nunca ser convidada para esses coquetéis da empresa? Ele só me leva quando é alguma coisa aqui na cidade, se for algo fora nunca me leva. Não estou reclamando, mas é estranho.

Sempre tive essa dúvida, mas tenho medo de perguntar para ele e ser recriminada.

— Infelizmente, minha menina, não posso achar nada. Sou uma mera funcionária.

Caminho até Marta e seguro as suas mãos.

— Você sabe que não é uma mera funcionária. Você é tudo que eu tenho, foi à única pessoa que me estendeu a mão depois que meus pais faleceram. Você é como uma mãe para mim. Passamos por muitas dificuldades até eu ir trabalhar na empresa de Humberto e nos casarmos. Você só está trabalhando de governanta nessa casa porque assim deseja. Se dependesse de mim você ficaria o dia inteiro do meu lado sem fazer nada. Eu te amo.

— Eu sei, minha menina. Considero você como uma filha. Agora chega de conversa, menina Cecília. Vamos, Alonso está te esperando para te levar até Prudente, ele tem o endereço do hotel onde está acontecendo à festa.

— Sempre tão amável comigo Marta, sempre me chamando de menina. Nem parece que sou uma cavala de trinta e um anos de idade.

— Para mim, você sempre será uma menina. A minha menina Cecília.

— Quase nunca vou a Prudente, morro de medo de me perder naquela cidade enorme, sou a legítima pessoa do interior — digo apreensiva.

— Não precisa ter medo, já avisei ao Alonso para te esperar até o fim da festa, que só é para vir embora quando te ver com o Senhor Humberto dentro do carro. Caso contrário, é para te esperar.

DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação Where stories live. Discover now