Capítulo 6

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CAPÍTULO 6— CECÍLIA

Quando a gente se casa, acha que é para a vida inteira, ninguém está preparado para uma separação. Ninguém está preparado para ser traído e principalmente magoado. Mas nós aprendemos, sofremos, choramos e seguimos a vida. E é isso o que pretendo fazer.

Com o sapato na mão entro na casa que até poucas horas atrás eu chamava de lar. Como a vida da voltas, em poucas horas tudo mudou.

Um novo mundo me foi apresentado. Cheio de luxúria e por mais medo que tenha, eu quero fazer parte dele.

— Isso são horas de uma senhora casada chegar em casa? — Humberto diz me fazendo o procurar com os olhos.

— Humberto — digo respirando fundo.

Pensei que essa noite não dormiria em casa, estaria com a sua família perfeita. Ele está sentado na poltrona, com um copo de whisky na mão, ainda está com a camisa do smoking que usava na festa.

— Quem mais seria? Você não respondeu a minha pergunta, onde estava?

— Eu deveria estar ao lado do meu marido no coquetel de inauguração de mais uma filial da sua rede de hotéis — caminho até ele com a cabeça erguida e a voz firme, não posso me rebaixar. — Eu até fui, passei o dia me arrumando para ficar linda, escolhi vestido, joias, tudo para fazer uma surpresa e agradar o meu digníssimo marido. — Paro a sua frente, coloco a mão na cintura e continuo: — Eu fui ao seu encontro, mas bem na hora que ia chamar por ele, uma criança, um menino, o chama de pai e o mais surpreendente é que ele responde. E além disso, para fechar com chave de ouro, o vejo com outra mulher o tocando intimamente e o chamando de querido.

— Então era verdade, era você na festa. Um dos meus homens me avisou de sua presença, a procurei, mas não te encontrei. — Se levanta e vai até o bar.

— Saí dali, não queria ser a megera que estragaria a família perfeita.

— Cecília, seja compreensiva. Eu precisava de um filho, de um herdeiro. Você é perfeita, boa esposa e companheira, o seu único defeito foi em não me dar filhos.

— O quê? — indago surpresas por suas palavras.

— Aquela era a mãe do Caio e ele é meu filho. Ela é uma secretária que tive um caso, ela acabou engravidando e resolvendo o nosso problema.

— Nosso problema? — As suas palavras me embrulham os estômago.

— Você é seca igual uma árvore velha, esse é o seu único defeito. Eu precisava de filhos e você não me dava nenhum.

— Humberto, ter um filho sempre foi o meu sonho, você sabe disso. Fiz de tudo para ter um filho seu. — Os meus olhos começam a arder, mas me recuso a chorar na sua frente.

— Não aguentava mais todo mês ter que escutar a ladainha que não tinha sido daquela vez, nem os tratamentos resolveram. Por isso tirei essa ideia da sua cabeça e paguei para Luiza gerar um filho meu.

— Pagou?

— Já tinha um caso com ele, foi mais fácil do que ter que procurar uma mulher qualquer. No mês seguinte ela estava grávida e você estava com a ideia absurda de adotar um bastardinho enquanto o meu herdeiro já estava a caminho — estufa o peito com orgulho.

— Sabe aquela história aqui se faz aqui se paga? Acabo de perceber que é a mais pura verdade. — Começo a rir da sua cara.

— Agora que sabe, vou trazer o meu filho para morar nessa casa, é direito dele e você vai cuidar do Caio. — Se aproxima de mim. — Queria adotar um bastardo qualquer? Então cuide do meu filho sangue azul.

DESCOBERTA DO PRAZER - Degustação Donde viven las historias. Descúbrelo ahora