SORVETE

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ANA

Quase não me dei conta de onde estava quando acordei com Luna na minha frente e nos braços de Vitória. Ontem quando cheguei aqui, a intenção era realmente buscar Luna e levá-la em casa pra ficar um pouco comigo, mas nem tudo sai como planejado. Graças! Tudo aconteceu muito melhor do que o esperado. Eu jurava que iria evitar Vi até onde desse, mas foi impossível.

Eu queria acreditar nela, e realmente acreditava. Não acho justo comigo e nem com ela jogar tudo que sentimos fora. E eu a quero, eu preciso dela todos os dias e, como Luna diz, agora somos uma família. E somos a melhor família que eu poderia ter.

A pequena acordou, coçou os olhos e olhou pra mim sorrindo, eu retribuí.

— Bom dia, mãe. — Ela falou com a voz rouca e sonolenta, típica de quem acabou de acordar. Ela me chamando de mãe fez meu coração acelerar e quase pular pra fora, era a coisa mais linda do mundo.

— Bom dia, princesa. — Falei baixo, Vi ainda estava dormindo. A olhamos e ela provavelmente não estava nada perto de acordar. — Eu acho que a gente deveria ir buscar nosso café. — Sugeri.

— Eu quero. — Disse se sentando na cama. — Mas vamos acordar a mamãe?

— A gente traz pra ela.

— Tá bom! — Ela desceu da cama e foi correndo pro seu quarto. Me virei pra Vitória ainda sem tirar o braço dela da minha cintura e fiquei olhando como ela fica linda até dormindo. É realmente o amor da minha vida.

Tirei o braço dela da minha cintura com cuidado pra não acordá-la e ela se virou pro outro lado. Levantei da cama e me encontrei com Luna no corredor saindo do seu quarto.

— Pronta?

— Sim!

— Então vamos.

Saímos do apartamento e entramos no meu carro.

— Primeiro preciso ir pra casa, ainda não tenho escova de dente na sua casa.

— Mamãe vai ficar louca quando acordar e não encontrar a gente lá.

— Vamos apostar que quando a gente chegar ela ainda vai estar dormindo?

— Se ela estiver acordada, eu quero um sorvete.

— Combinado! — Demos um aperto de mãos e eu dei partida no carro. Minha casa não era longe da delas, mas o trânsito do centro de São Paulo definitivamente não ajudava em nada. Eu provavelmente perderia minha aposta com Luna.

Chegando no prédio, subimos até meu apartamento e ela esperou na sala enquanto subi pro banheiro. Repeti minha rotina matinal diária e voltei pra onde ela estava assistindo desenho.

— Agora podemos ir. — Falei quando cheguei no fim da escada e ela imediatamente se levantou do sofá. Fomos até a cafeteria de sempre, que fica exatamente no meio do caminho. A pequena obviamente pediu seu chocolate quente e eu peguei café pra mim e Vitória. Não demoramos muito até estar no prédio delas de novo e Luna não via a hora de saber se ganharia seu sorvete ou não.

Entramos e demos de cara com Vitória saindo do quarto com o cabelo todo bagunçado e uma cara de quem tinha dormido muito. Ri da cena e Luna dava pulinhos rindo.

— O que tá acontecendo? — Ela coçou os olhos e nos encarou sem entender nada.

— Ganhei meu sorvete! — Ela gritou.

— Eu perdi. — Fiz biquinho pra ela, a fazendo rir mais ainda.

— Alguém pode me explicar? — Ela cruzou os braços.

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