8. A Codificação Espírita

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Em mensagem datada de dezembro de 1867, o Espírito São Luiz, referindo-se ao livro que estava prestes a surgir, assim se expressa: Esta obra vem a propósito, no sentido de que a Doutrina está hoje bem firmada do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que tome doravante, tem raízes muito profundas no coração dos adeptos, para que ninguém possa temer se desvie ela de sua rota. O Espiritismo atualmente entra numa nova fase. Ao atributo de Consolador alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas eternas; a ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes. (...) A questão de origem que se liga à Gênese é para todos apaixonante. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em conseqüência, interessar a todos os espíritos sérios. Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde (...). É que, com (...) o seu livro A Gênese, o Codificador abria uma brecha seriíssima em vastos domínios da Ciência, sem deixar, por isso, de penetrar em ínvios terrenos antes reservados à Teologia ou à Filosofia (...).

No que se refere à importância e oportunidade da obra, duas mensagens – endereçadas a Kardec pelos Espíritos que o secundaram na sua elaboração – merecem destaque. A primeira, datada de setembro de 1867, diz o seguinte: Pessoalmente, estou satisfeito com o trabalho (de elaboração de A Gênese), mas a minha opinião pouco vale, a par da satisfação daqueles a quem ela transformará. O que, sobretudo me alegra são as consequências que se produzirá sobre as massas, tanto no espaço quanto na Terra. A segunda, com data de julho de 1868, afirma: Está apenas em começo a impulsão que A Gênese produziu e muitos elementos, abalados por ela, se colocarão, dentro em pouco, sob a tua bandeira. Outras obras sérias também aparecerão, para acabar de esclarecer o juízo humano sobre a nova doutrina.

Conforme foi previsto nessas mensagens, muitos ficaram realmente abalados pelos novos estudos e, como conseqüência, surgiram importantes pesquisas, livros, tratados, marcas da fase nova na qual entrara o Espiritismo, de acordo com a afirmativa do Espírito São Luis (...) o Espiritismo, entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que se abrirá mais tarde (...) cada coisa deve vir a seu tempo.

Existe uma concordância de princípios nas obras da Codificação Espírita, de forma que, em O Livro dos Espíritos – a primeira obra básica publicada – há um núcleo central e conceitos espíritas que compreende as partes primeira e segunda (até o capítulo VI), e que tratam, respectivamente, “Das causas primárias” e do “mundo espírita”. A parte segunda, do capítulo VI ao XI, constitui a fonte de O Livro dos Médiuns. A parte terceira (“Das leis Morais”), origina o Evangelho Segundo o Espiritismo. A parte quarta (“Das Esperanças e Consolações”) fornece subsídios para o livro O Céu e o Inferno. A Gênese, por sua vez, tem como fonte as partes primeira (capítulos II, III e IV), segunda (capítulos IX, X e XI) e terceira (capítulos IV e V). A Introdução e os Prolegômenos de O Livro dos Espíritos originou a obra O Que é o Espiritismo. Esta obra, na verdade, não faz parte do chamado Pentateuco kardequiano. Foi citada para indicar a sua origem.

Essa concordância revela a unidade doutrinária do Espiritismo, conforme registra Deolindo Amorim, em seus Cadernos Doutrinários. Diz este eminente pensador espírita que O Livro dos Espíritos é a coluna central do Espiritismo, não só porque foi a primeira obra a ser publicada, mas porque nele estão inseridos os ensinos básicos da Doutrina. Todos os demais livros da Codificação contêm o desdobramento desses ensinos, constituindo com O Livro dos Espíritos um corpo de doutrina, em que todas as partes se ajustam de forma harmônica e interdependente. Assinala ainda o mencionado autor que, possuindo a Doutrina Espírita três aspectos fundamentais – científico, filosófico e religioso -, não poderiam ser esses estudados ou desenvolvidos de modo unilateral, sob pena de se quebrar a referida unidade doutrinária. Do mesmo modo, seria inconveniente fazer um estudo exclusivo de O Livro dos Espíritos, ou de O Evangelho Segundo o Espiritismo, e assim por diante, porque, estando todas as obras da Codificação interligadas, perder-se-ia a visão de conjunto, indispensável à sua compreensão. Ressalta, por fim, que a força da Doutrina Espírita está, justamente, na segurança de sua unidade.

Concluindo com Emmanuel, pode-se dizer que (...) os princípios codificados por Allan Kardec abrem uma nova era para o espírito humano, compelindo-o à auscultação de si mesmo, no reajuste dos caminhos traçados por Jesus ao verdadeiro progresso da alma, e explicam que o Espiritismo, por isso mesmo, é o disciplinador de nossa liberdade, não apenas para que tenhamos na Terra uma vida social dignificante, mas também para que tenhamos, no campo do espírito, uma vida individual harmoniosa, devidamente ajustada aos impositivos da Vida Universal Perfeita, consoante as normas de Eterna Justiça, elaboradas pelo supremo equilíbrio das Leis de Deus.

São essas as anotações que fizemos acerca da Codificação Espírita.

Somente para resumir, anotamos aqui que outras obras também podem ser inclusas como Obras da Codificação, por serem, também, de grande utilidade para o ensino da Doutrina. São elas:

1.                   O Que é o Espiritismo.

2.                   O Livro dos Espíritos.

3.                   O Livro dos Médiuns.

4.                   O Evangelho Segundo o Espiritismo.

5.                   O Céu e o Inferno.

6.                   A Gênese.

7.                   Obras Póstumas.

8.                   Revista Espírita.

Todos esses livros fazem parte do contexto da Doutrina e devem ser lidos e estudados por todos os Espíritas.

Em um capítulo mais adiante, vamos trazer para o leitor um planejamento de leitura e estudo das obras básicas e complementares, seguindo sempre uma ordem lógica.

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