10. O Centro Espírita e o seu papel na sociedade.

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O Centro Espírita, além do seu papel como núcleo de estudo e prática do Espiritismo, em seu tríplice aspecto: religioso, científico e filosófico, é também uma instituição de grande responsabilidade social. São grandes as atividades assistenciais que muitas casas espíritas realizam, levando benefícios para muitas comunidades carentes. Os exemplos são inúmeros e não seria o caso aqui de citá-los.

            Para uma melhor definição do que seja o Centro Espírita, vamos nos valer da obra: O Centro Espírita, de Herculano Pires. Vejamos o que ele nos diz a respeito:

O Centro Espírita... é, para usarmos a expressão espírita de Victor Hugo: point d’opotique do movimento doutrinátorio,ou seja, o seu ponto visual de convergência. Podemos figurá-lo como um espelho côncavo em que todas as atividades doutrinárias se refletem e se unem, projetando-se conjugadas no plano social geral, espírita e não espírita. Por isso mesmo a sua importância, como síntese natural da dialética espírita, é fundamental para o desenvolvimento seguro da Doutrina e suas práticas. Kardec avaliou a sua importância significativa no plano da divulgação e da orientação dos Grupos, explicando ser preferível a existência de vários Centros pequenos e modestos numa cidade ou num bairro, à existência de um único Centro grande e suntuoso.

Um Centro Espírita pequeno e modesto – como na maioria o são – atrai as pessoas realmente interessadas no conhecimento doutrinátario, cria um ambiente de fraternidade ativa em que as discriminações sociais e culturais desaparecem no entrelaçamento de todos os seus componentes, considerados como colaboradores necessários de uma obra única e concreta. O ideal é o Centro funcionar em sede própria, para maior e mais livre desenvolvimento de seus trabalhos, mas enquanto isso não for possível, pode funcionar com eficiência numa sala cedida ou alugada, numa garagem vazia ou mesmo numa dependência de casa familiar. As objeções contra isso só podem valer quando se trate de casas em que existam motivos impeditivos materiais ou morais.

Muitos Centros Espíritas surgiram do desenvolvimento de grupos familiais, desligando-se mais tarde da residência em que formara. A alegação de que a casa fica infestada ou coisas semelhantes é contraditada pela experiência. Um trabalho de amor ao próximo, feito com sinceridade e intenções elevadas, conta com a proteção dos Espíritos benevolentes e a própria defesa de suas boas intenções.. Os Centros oriundos de grupos familiares mostram-se mais coesos e mais abertos conservando e seiva fraterna de sua origem. É esse o clima de que necessitam os trabalhos doutrinários.

Organizado o Centro, com uma denominação simples e afetiva, com o nome de um Espírito amigo ou de uma figura espírita abnegada, de pessoa já desencarnada, preparados, aprovados em assembleia geral e registrados os estatutos, sua função e significação estão definidas como estudo e prática da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço assistencial aos espíritos sofredores e às pessoas perturbadas, sempre segundo o Codificação de Allan Kardec. Sem Kardec não há Espiritismo, há apenas mediunismo desorientado, formas do sincretismo religioso afro-brasileiro, confusões determinadas por teorias pessoais de pretensos mestres. Dirigentes, auxiliares e frequentadores de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade, bom-senso, respeito à Doutrina e condições culturais superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas pretensiosas, livros mediúnicos ou não de conteúdo mistificador, cheios de absurdos ridículos - seja o autor quem for – não têm nenhum valor para um verdadeiro Centro Espírita.

 Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação aos princípios kardecianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos espíritos protetores e guias de médiuns e trabalhos decorre da integração dos mesmos na orientação de Kardec. O Centro que se esquece disso cai fatalmente em situações negativas, adotando práticas antiespíritas e enveredando pelo caminho da traição a Kardec e ao Espírito da verdade. As consequências dessa falência são altamente prejudiciais todo movimento espírita. Não se trata de nenhum problema sobrenatural, mas simplesmente de falta de vigilância – principalmente contra o orgulho e a vaidade, que levam muitas pessoas que querem parecer mais do que outras. Isso acontece também em todos os campos da atividade humana, nos quais encontramos cientistas pretensiosos e sistemáticos, negociantes fraudulentos, médicos apegados às suas ideias próprias. A pretensão humana não tem limites e cada indivíduo pretensioso está sempre assessorado por entidades mistificadoras.

Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora