8. A Codificação Espírita

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Terminado o trabalho de construção da coluna central da Codificação Espírita – O Livro dos Espíritos -, era chegado o momento de estudar e expor aos homens os aspectos experimentais implícitos na Doutrina dos Espíritos (...), sobretudo no que diz respeito à prática da mediunidade, o mais importante desses aspectos, por ser o instrumento de comunicação entre os dois mundos. A propósito de que nos diz Pedro Barbosa: A mediunidade (...) é a fonte primordial dos ensinamentos da Doutrina, e suas tarefas constituem, hoje sem dúvida, importante contribuição dos espíritas, que a elas se dedicam, à consolidação da fé raciocinada e ao retorno, à normalidade, das condições psíquicas alteradas daqueles que, enleados nas tramas da obsessão disfarçada e tenaz, procuram, agoniados, os centros espíritas, ou são a eles encaminhados. A comunicação entre os dois mundos, o corporal, material ou visível e o incorpóreo, imaterial ou invisível, é uma premissa básica do Espiritismo, que seria apenas um espiritualismo irreal e duvidoso, se a negasse ou a repudiasse. Essa comunicação, disciplinada e orientada para suas verdadeiras finalidades, pode ser conseguida e mantida, desde que apliquemos à técnica de sua realização os ensinamentos de Allan Kardec contidos em O Livro dos Médiuns.

Esses ensinamentos de Kardec são verdadeiramente preciosos, porque vão muito além do ensino da técnica de comunicação com os Espíritos. É que, ao tratar o assunto “prática mediúnica”, ele chama a atenção dos que com esta se ocupam, mostrando-lhes que: Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta ciência e feliz nos sentimos de haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que à leitura desta obra devem muitos o terem logrado evitá-los. Natural é, entre os que se ocupam com o Espiritismo, o desejo de poderem pôr-se em comunicação com os Espíritos. Esta obra se destina a lhes achanar o caminho, levando-os a tirar proveito dos nossos longos e laboriosos estudos, porquanto muito falsa ideia formaria aquele que pensasse bastar, para se considerar perito nesta matéria, saber colocar os dedos sobre uma mesa, a fim de fazê-la mover-se, ou segurar um lápis, a fim de escrever. Enganar-se-ia igualmente quem supusesse encontrar nesta obra uma receita universal e infalível para formar médiuns. Se bem cada um traga em si o gérmen das qualidades necessárias para se tornar médium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ninguém é dado conseguir se verifiquem à vontade. Muitos estudiosos do Espiritismo – encarnados ou desencarnados – têm-se manifestado quanto à importância e atualidade desta obra. Eis as impressões de um deles: Mais de cem anos depois de publicado, O Livro dos Médiuns é ainda o roteiro seguro para médiuns e dirigentes de sessões práticas, e os doutrinadores encontram em suas páginas abundantes ensinamentos, preciosos e seguros, que a todos habilitam à nobre tarefa de comunicação com os Espíritos, sem os perigos da improvisação, das crendices e do empirismo rotineiro, fruto do comodismo e da fuga ao estudo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo. Este livro – com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida – foi publicado em abril de 1864, com o título: Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo. A partir da 2ª edição, em 1865, surge com o novo nome – O Evangelho Segundo o Espiritismo. Contém ele um índice de referências bíblicas; o prefácio, que se constitui de uma mensagem assinada pelo Espírito da Verdade e que, de acordo com a nota de rodapé colocada pela editora (FEB), resume a um tempo o caráter do Espiritismo e a finalidade desta obra (...). A introdução contém quatro itens e o corpo da obra vinte e oito capítulos.

Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse Código Divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas. (...) Para os homens, em particular, constitui aquele Código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. É, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura (...). Assim argumentando, o Codificador justifica a escolha do ensino moral do Cristo para a elaboração do livro, constituindo-se, então, os princípios da moral evangélica em objeto exclusivo desta obra.

Primeiros Passos na Doutrina Espírita - Volume IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora