044 SANGUE DO SANGUE

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Prelúdio: eu estava trabalhando ainda no projeto de distribuição de livros De Mão em Mão, porém agora no terminal Parque Dom Pedro (anteriormente eu havia ficado no terminal da Lapa), quando escrevi este poema

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Prelúdio: eu estava trabalhando ainda no projeto de distribuição de livros De Mão em Mão, porém agora no terminal Parque Dom Pedro (anteriormente eu havia ficado no terminal da Lapa), quando escrevi este poema. Na época eu estava lendo clássicos como Lima Barreto e Mário de Andrade, mas sinceramente não recordo de onde me surgiu a inspiração para o tema (incesto), mas em grande parte foi por causa do início das rimas terminadas em "ã" - você deve estar se perguntando, "mas o que isso tem a ver?", mas o fato é que sim, às vezes eu me deixo conduzir pelas rimas e, conforme as palavras surgem, eu adoto a temática a partir de algum ponto.


Sangue do sangue - 2012

Amanda Reznor


O pã cantando a peã¹

e uma língua acerba

a passear em mim


Cerro as pupilas-irmãs

em uma pose ameba -

e nunca digo sim!


Aduba a tua barregã²

que duramente enverga

as coxas carmesim


desnuda a pequena romã,

cultivando a gleba³ -

teu falso jardim.


Minha figura anã

é a triste manceba

no teu camarim


Reserva-me no teu afã

como a uma rara erva,

um precioso gim;


tão logo vem Aldebarã,

está o corpo de adega

amassando os meus rins


- Linda és como a tua mamã!

repete a tua prega,

num inferno sem fim...


Só velha descubro-me sã,

quando a cova me entrega

os teus pontos, enfim!


Peã¹: espécie de hino grego.

Barregã²: concubina.

Aldebarã³: estrela da manhã.

Inflexões - Coletânea de 111 Poemas Noturnos de Amanda ReznorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora