Prelúdio: eu estava trabalhando ainda no projeto de distribuição de livros De Mão em Mão, porém agora no terminal Parque Dom Pedro (anteriormente eu havia ficado no terminal da Lapa), quando escrevi este poema. Na época eu estava lendo clássicos como Lima Barreto e Mário de Andrade, mas sinceramente não recordo de onde me surgiu a inspiração para o tema (incesto), mas em grande parte foi por causa do início das rimas terminadas em "ã" - você deve estar se perguntando, "mas o que isso tem a ver?", mas o fato é que sim, às vezes eu me deixo conduzir pelas rimas e, conforme as palavras surgem, eu adoto a temática a partir de algum ponto.
Sangue do sangue - 2012
Amanda Reznor
O pã cantando a peã¹
e uma língua acerba
a passear em mim
Cerro as pupilas-irmãs
em uma pose ameba -
e nunca digo sim!
Aduba a tua barregã²
que duramente enverga
as coxas carmesim
desnuda a pequena romã,
cultivando a gleba³ -
teu falso jardim.
Minha figura anã
é a triste manceba
no teu camarim
Reserva-me no teu afã
como a uma rara erva,
um precioso gim;
tão logo vem Aldebarã,
está o corpo de adega
amassando os meus rins
- Linda és como a tua mamã!
repete a tua prega,
num inferno sem fim...
Só velha descubro-me sã,
quando a cova me entrega
os teus pontos, enfim!
Peã¹: espécie de hino grego.
Barregã²: concubina.
Aldebarã³: estrela da manhã.
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Inflexões - Coletânea de 111 Poemas Noturnos de Amanda Reznor
PoetrySoturnos, surgirão ocasionalmente [de repente] - presentes amenos, quando menos se esperar Talvez tenham gosto de gente [algo urgente] - que nem mais o forte detergente irá lavar Entregue-se à insurgente frente [livremente] - do ca...